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domingo, 31 de maio de 2020

EU VENCI

    *Roberto Franklin
  
Eu venci, sinto-me um novo homem, sinto-me fortalecido na saúde e na fé, fortalecido em poder afirmar a minha vitoria. Contrariando todas as estatísticas posso afirmar que tive força para hoje confirmar minha vitória.

Foram dias tenebrosos dias sem luz, dia para não se distinguir entre a manhã tarde e noite. Dias confinado em um apartamento num corredor que denominei de CORREDOR DA MORTE. Os poucos que conseguiam sair poderiam se considerar vitoriosos.

Foram seis dias intermináveis de internação, doses altas de antibióticos e anticoagulantes, protetor gástricos etc. Os braços já não havia lugar para tanto soro e coleta de exames.

Graças, tudo isso passou e tenho somente que agradecer, as orações as mensagens e principalmente a Deus por nos livrar desse pesadelo.

Hoje tive a graça de depois de tempos de isolamento total , escutar o canto de um pássaro, de poder olhar para o céu e vê o quanto é lindo o azul, e o branco das nuvens. Posso afirmar que o vento da manhã é fantástico, que o silêncio ensurdecedor da madrugada relaxa, que o dia que chega é lindo é fantástico é a pura renovação da vida.

Coisas pequenas, atitudes infantis palavras sem nexos, palavrões, observar coisas em qualquer lugar e da valor, tudo isso da mais sentido à vida, uma criança que chora, um sorriso, atender o celular de um neto justificando que ainda não tinha feito minha gelatina pois estava faltando “ OS INGREDIENTES “ tudo isso é fantástico tudo isso é de Deus.

No sofrimento dei maior valor à vida, pessoas que há muito tempo não falava voltei a falar e a pedi por elas. Acho que as pequenas coisas sempre se tornam grandes depois de pular a fogueira como eu e a Lú pulamos.

Agradecer é o que me resta, agradecer sempre, tornar meus dias melhores, crescer a cada dia perdoar e ser perdoado, sorrir ao contrário de chorar , gritar ao contrário de ficar em silêncio. Engraçado quando internado os médicos sempre me perguntavam o que eu gostaria de ter, sempre pedia desculpas e com todo respeito falava: Dra, a única coisa que me faria feliz agora seria um abraço , seria sentir um corpo junto ao meu, seria olhar nos olhos pedir desculpas, agradecer, sentir o calor sorrir juntos e gritar de tanta felicidade.

Coisas pequenas como um abraço, isso é fantástico, quando puderem sintam um abraço sem más intenções um abraço sincero uma troca de calor, um beijo na face, uma mão carinhosa no rosto, tudo isso pequeno porem se torna grandioso quando se tem carência.

Hoje passaram-se já quarenta e cinco dias, dos quais 6 dias internado, três tomografias de pulmão, a segunda tinha dado imagens que comprometiam cinquenta por cento da área do pulmão com isso tive de me internar. Ontem saiu o resultado da terceira tomografia o resultado não poderia ser melhor das cinquenta por cento da área comprometida restou somente vinte por cento, assim definitivamente fui declarado curado. Agradecido e super feliz.

Aos que mandaram mensagens de apoio aos que pediram em orações por mim , devo somente agradecer e pedir por todos. Aos que tem fé em Deus continuem nesse caminho, aos que tem fé e acreditam em algo que não seria o que acredito, continuem e sejam felizes.
Vida nova!




Roberto Franklin



* Roberto Franklin Falcão da Costa, cirurgião dentista, escritor e poeta, membro efetivo da Academia Ludovicense de Letras – ALL, membro da  AMCL e  Acadêmico correspondente da  ALTA.

sábado, 30 de maio de 2020

QUANDO O SORRISO VOLTAR – DOR DE QUARENTENA

                  



*Arquimedes  Vale

Quando o sorriso voltar,
Largo como o oceano
Com brilho de diamante,
Encherá a boca
De todos os dias.

Quando o sorriso voltar
A flâmula do seu estandarte
Será a liberdade
A banhar de vitórias
Novas lutas da vida.

Quando o sorriso voltar,
Forte como um sismo,
Cairão de paredes mofadas
Painéis com desenhos de esperança
E se espalharão pelo farto
Na messe da paz.

Quando o sorriso voltar
Os sonhos acordarão
E os almejos crescerão
Na multidão da vontade
Que voltará ao círculo geral.

Quando o sorriso voltar,
Com perfume de aurora,
Há de espalhar a amizade
Pelas frestas dos abraços
Que acabarão a saudade.

Quando o sorriso voltar
Trará o caminho e passos
Largos e seguros,
De pés firmes e suaves,
Ritmados pelo diário,
Direto ao horizonte
Onde se vislumbra o sol.
                25/05/2020

    

        *Arquimedes Viegas Vale,    Médico, professor universitário, articulista e poeta. Presidente da  Sociedade Brasileira de Médicos Escritores (SOBRAMES-MA). Membro fundador da Academia Sambentuense de Letras,  membro fundador da Academia Ludovicense de Letras,  e de várias outras instituições literárias.  Autor do livro Resíduos Cartesianos – Apologia do Abstrato - poesias, e muitos trabalhos científicos. Prêmio “Stella Leonardos” da UBE/RJ para o livro “APOLOGIA DO ABSTRATO” Medalhas Bicentenário da Justiça Militar – Brasil 2008. Newton Bello – Prefeitura de São Bento – 2013.           


sexta-feira, 29 de maio de 2020

O CORONA E O REBANHO


*Ceres Costa Fernandes
     
Imunização de rebanho? Que coisa é essa? Qual rebanho? Bovinos, ovinos ou qualquer outro que seja? Não, trata-se de gente mesmo, população de humanos, considerada, de raso, na sua condição de animal. Essa denominação circula na época de mais uma pandemia que assola o bicho da Terra tão pequeno, a terrível COVID. Teoria, defendida por um grupo que preconiza o fim da pandemia por imunização natural. 

Nessa linha, estima-se que, depois de infectados 60% do “rebanho” (o rebanho brasileiro tem 210 milhões de indivíduos), 126 milhões seria o provável número de infectados para atingir a tal imunidade. Nesse meio tempo os mais velhos, os que têm comorbidade relacionada à COVID, os fracos, integrarão a maioria dos mortos. A taxa de morbidade varia de país para país, de estado para estado. Os sobreviventes ficarão à espera da próxima praga. Seria, então, a velha lei da Seleção Natural de Darwin, a sobrevivência do mais apto?

Pandemias não são nenhuma novidade, nos últimos trezentos anos as mais famosas repetem-se, curiosamente, de cem em cem anos, a saber, 1720, peste negra; 1820, cólera; 1920, influenza; 2020, COVID 19. E, de entremez, as epidemias de varíola, febre amarela, sarampo, ebola e muitas outras.

Mas nada se compara à famosa peste negra ou bubônica do século XIV, causada pelo bacilo Yersinia, oriundo da China, e que chegou à Europa a bordo dos navios mercantes e teve sua porta de entrada em Gênova e Veneza. Varreu um terço da população europeia de 1347 a 1351, cerca de 70 a 150 milhões de vítimas, um número fantástico considerando-se a população mundial de então. 

Em 1353, Giovane Boccaccio, escreve o famoso Decamerão, obra do início do renascimento italiano, que marca a ruptura com a moral medieval e inicia um realismo distanciado da mítica cristã na literatura. Na novela famosa, dez jovens, sete mulheres e três homens, fugindo da peste reinante na cidade de Florença, uma das mais ricas e requintadas de então, refugiam-se em uma propriedade rural e lá, em completo isolamento do mundo exterior, passam os dias a preparar e contar as cem histórias de que consta o livro. As lives de então. A licenciosidade que apimenta a obra não advém do comportamento dos jovens, aliás, corretíssimo, mas das narrativas que apresentam. Narrativas famosas que inspiraram outros livros, filmes e peças teatrais.

Por esta obra, sabemos que há exatos 873 anos já se praticava o isolamento social como medida para evitar o contágio; pinturas da época também mostram pessoas com máscaras com bicos de pássaros e roupas pesadas. No decálogo de medidas contra a Influenza, de 1820, atualíssimo, consta a lavagens de mãos, o isolamento social e a cobertura do rosto com máscaras ou lenços. Ou seja, tudo como dantes no Quartel de Abrantes. As duas correntes, a do solta pra imunizar e a do isola pra preservar, continuam a se digladiar e nós, no meio, perplexos, sem saber se saímos ou ficamos. Antibióticos de última geração, medicamentos milagrosos, higiene de viagem espacial, diminuem, mas não cessam a mortandade.

Creio firmemente que a Terra é chata, paciente, mas reimosa, e que de tempos em tempos sacode os incômodos carrapatos que a poluem e, assim, faz a sua higiene. Depois de um tanto de limpeza de ar e águas, volta a hibernar. Esperemos, pois, a mudança do humor de Geia.


  
  *Ceres Costa Fernandes, licenciada em Letras pela  UFMA, Mestra em Letras – pela Pontifícia Universidade Católica – PUC, RJ, Professora aposentada do Curso de Letras da UFMA;  Membro efetivo da Academia Maranhense de Letras; membro efetivo da Academia Ludovicense de Letras.  Cronista, contista e ensaísta. Da sua vasta produção literária destacamos: Café Literário 2010 – 2014- Memória- São Luís . Edições AML. 2015; O narrador plural na obra de José Saramago. São Luís. Edufma. 2015 3 ed.; Surrealismo & loucura e outrosensaios.São Luís: Editora Uema, 2008; O narrador plural na obra de José Saramago. São Luís: Lithograf, 2003, 2 ed.; O narrador plural na obra de José Saramago. São Luís: Edufma,1990; Apontamentos de literatura medieval – literatura e religião. São Luís:Edições AML, 2000; Último pecado capital & outras histórias- seleta. São Luís: Edigraf, 2001, autora de inúmeras crônicas publicadas em Blogs, jornais e no facebook.     cerescfernandes@gmail.com