Pages

segunda-feira, 11 de maio de 2015

PETROBRÁS: A BUSCA DO BODE EXPIATÓRIO



por: Mauro Rêgo
            O escândalo da PETROBRÁS envergonha o Brasil diante da comunidade internacional. Afinal, essa empresa da qual nos orgulhamos, passou a simbolizar, desde a memorável campanha do “Petróleo é Nosso” que precedeu a sua constituição como empresa em 1954, as mais elevadas aspirações do povo e da Nação brasileira. Citada como exemplo de organização, administração e de prosperidade, qualquer coisa que a atinja, atinge a todos nós brasileiros, todos sonhando que nossos filhos tenham capacidade para pertencer ao seu quadro de funcionários.
            Repentinamente surge a notícia de que alguns, aproveitando-se de sua grandeza, passaram a beneficiar-se ilicitamente de seus recursos, amealhados durante mais de 60 anos com trabalho e dignidade. Na minha adolescência,participando da política estudantil,já tinha como slogan a sentença: “O Petróleo é nosso”, numa advertência contra organismos internacionais que queriam apossar-se dessa nossa riqueza que sabíamos existir abundantemente em diferentes áreas do território nacional.
            Depois de criada, a PETROBRÁS tornou-se essa grande empresa que envaidece o nosso País ante a economia mundial, crescendo dia a dia graças a novas descobertas e, principalmente, com a capacidade técnica e administrativa dos milhares de brasileiros que nela trabalham.
            Enquanto o Brasil continuava seu caminho, destacando-se também diante da comunidade internacional em outras atividades econômicas - como a mineração, a siderurgia, a aviação - uma doença crônica minava seu organismo interno, corroendo sua moralidade. Era a corrupção que se alastrava em todos os setores governamentais.
            Sem demorar-me mais nas minhas elucubrações acerca de nosso crescimento, afirmo, com muita magoa, que foi institucionalizada a “propina” como o principal argumento para participar de obras no País. Institucionalizada em todas as esferas públicas, já era comum que isso acontecesse. Formaram-se então verdadeiros “cartéis” de empresas para que as licitações fossem favoráveis aos proponentes desejados.
            Altos funcionários da diretoria da empresa, estabelecidos ali por indicação política e altos detentores de cargos públicos de poder, envergonhando a corporação e o país, passaram a obter favores dos empresários através do uso de ações escusas.
            Agora, pressionada pela mídia que não conseguiu ser calada diante do quadro que se formou e que ocupou as manchetes internacionais, a Presidente da empresa, que declara enfaticamente ser mentirosa a informação de que tinha sido alertada por um de seus diretores e é fortemente apoiada pela Presidente da República, anuncia que está tomando medidas saneadoras.
            E eu fiquei pasmo diante dessas medidas. Quem vai pagar o pato são as empresas, vítimas desses crimes, que foram obrigadas a compactuar com essa indecência, pagando propinas a essas pessoas ”importantes” para obterem vitória nas licitações. Essas empresas tiveram que aumentar os preços nos orçamentos apresentados para poderem participar dos serviços públicos. Elas foram levadas a participar desse esquema para poderem continuar modernizando seus equipamentos e capacitar continuamente seus funcionários, onde investiam quantias talvez inferiores ao necessário para pagamento das propinas.
            Enquanto isso, os corruptos de gravata que enriqueceram a custa dessas práticas e esvaziavam os lucros das empresas, continuam sendo os verdadeiros padrinhos deste país, às vezes voltando ao exercício de cargos públicos que lhes proporcionarão oportunidades de mais enriquecimento. O que se sabe é que há uma verdadeira onda de inovações jurídicas que adiam, impedem e bloqueiam os resultados das investigações.Um ou outro desses maiorais às vezes épunido e, na maioria das vezes, antes que as investigações sejam concluídas já estão soltos por muitas outras decisões jurídicas.
            É assim mesmo! Quando as coisas fogem ao controle dos poderosos, precisa-se de um bode expiatório para enganar o povo.

                                                                                                                                                                                          Mauro Rêgo é pedagogo, membro da

Academia Anajatubense de Letras e da

AcademiaItapecuruense de Ciências, Letrase Artes – AICLA).

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário