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sexta-feira, 19 de junho de 2015

MANOEL COBRA

por: Jucey Santana
As cobras eram assuntos frequentes nas histórias das crianças: as picadas, os perigos e os benzedores. E as jiboias que os comerciantes soltavam nos armazéns para devorarem os ratos.  Eram as cobras-gatos! Existiam cobras que não queriam ser chamadas de velhas, de vovó; outras davam chicotadas com o rabo; tinham as que não gostavam de fogo; outras astutas, que aproveitavam quando a mãe dormia, tiravam o bebê do peito e mamava enquanto enganava a criança que ficava chupando o rabo da cobra. As Sucurijus que engoliam tudo que encontravam cabritos, porcos, gente e até bois.
Tinham as com esporão no rabo; as traiçoeiras, que ficavam à espreita dos incautos viajantes; o abraço mortal das jiboias e tantas histórias que povoavam os nossos sonhos de criança. Quantos pesadelos!
Tratando-se de cobras, vale lembrar que na última metade do século XIX, morava em Itapecuru Mirim, um rico comerciante português, chamado Manoel Caetano Martins, conhecido como “Manoel Cobra”, proprietário de negócios no ramo de importações e exportações, barcos a vapor e criação de gado. (Jornal do Maranhão, 21.12.1893). O português foi um grande benemérito da cidade. Tendo sido incansável no socorro às vítimas da grande enchente do rio Itapecuru no ano de 1895.
Tendo perdido um irmão vitimado por mordedura de serpente, lançou uma campanha para acabar com os répteis peçonhentos da cidade, comprando ao valor de uma “pataca” (moeda) todas as cobras que lhes levassem, vivas ou mortas. Foi um festival de cobras!
O português Manoel não conseguiu seu intento, porém reuniu em suas prateleiras, grande variedade de coloridas cobras engarrafadas no álcool, que segundo eles, serviam de antídoto para as picadas mortais.
O citado português criou e educou o desembargador Itapecuruense Raimundo Públio Bandeira de Melo, encaminhando-o  à Recife e posteriormente ao Rio de Janeiro para conclusão do curso de Direito. Em homenagem ao seu benfeitor, o desembargador batizou o primeiro filho com o   nome de Manoel Caetano.
Convém registrar que Manoel Caetano, (1918-2008) o filho do desembargador itapecuruense, fazendo jus ao referencial de inteligência da família Bandeira de Melo, de Itapecuru Mirim, foi advogado, escritor, poeta e ensaísta, tendo sido ocupante da cadeira número 11 da Academia Maranhense de Letras, patroneada por outro Itapecuruense, João Francisco Lisboa.
Do livro Marianna Luz, vida e obra, e Coisas de Itapecuru Mirim de Jucey Santana


 

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