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terça-feira, 27 de outubro de 2015

A FESTA DA CRUZ





Por: Jucey Santana
Mais um ano que a família Nogueira se desloca de São Luís para proporcionar aos itapecuruenses da tradicional Festa da Santa Cruz. Cabe-nos o questionamento, até quando teremos esta festa?
A Festa da Santa Cruz é uma das mais antigas e populares do calendário religioso de Itapecuru Mirim, ficando atrás somente do festejo de São Patrício de Kelru.  De origem incerta, com informações a partir do trabalho abnegado de Francisco Antônio Gonçalves que durante mais de 50 anos, fez da Festa da Cruz o maior evento religioso de toda a região.
Em 1862, quando foi nomeado sacristão do padre Francisco José Cabral, (Publicador Maranhense, 10.5.1882), o Alferes da Guarda Nacional, Antônio Francisco de Sousa Gonçalves, assumiu a coordenação como “Mordomo” da Festa da Santa Cruz. Não se tem notícia se a festa teve origem naquela época.
Antônio Francisco Gonçalves mobilizava toda a sociedade para com as “Comissões Organizadoras” das noitadas. A festa durava nove dias, (novenário) e eram feitas as chamadas nos jornais de circulação da época com antecedência de três meses, juntando grandes multidões das redondezas e da capital.
Antônio Francisco Gonçalves, “reconstruiu e arborizou” a capela de Santa Cruz, no largo (Pacotilha, 20.9.1887 e Diário do Maranhão, 23.11.1879) e figurou como encarregado até 1908 (Pacotilha, 20.7.1908).
Em entrevista com octogenários conterrâneos, estes afirmam que “o povo antigo” falava da capela da Cruz, lá para o “o caminho do Pau de Arara”.  Talvez no local do Grupo Gomes de Sousa ou logo depois deste.
A partir de 1910 assumiu a coordenação da Festa os comerciantes Marianno Borges de Lima Castelo Branco e Salustiano Castelo Branco Silva que ficaram à frente dos comissionados por alguns anos assumindo a liderança do festejo, as famílias Sitaro e Bezerra a partir dos anos 20.

O comerciante e político Francisco Garcia Nogueira casado com Hilda Sitaro Bezerra foi mordomo responsável pela Festa da Cruz, por mais de 40 anos, até a sua morte em 1972. Com o falecimento do “velho” Chico Nogueira  a festa entrou em declínio. Por alguns anos  não foi realizada.
Porém os familiares do  Chico Nogueira, retomaram o compromisso com o festejo e  continuam  organizando a festa no mês de outubro. Infelizmente o evento não tem o mesmo brilho de outrora.
Apesar de residirem fora de Itapecuru, cada qual cuidando dos  interesses pessoais, no mês de outubro a antiga  casa da família na praça da Cruz, construção da época da gestão do  prefeito Bernardo Tiago de Matos,  continua abrindo suas portas, quando  se reúnem em Itapecuru para celebrar  a Cruz.
Vale frisar que as festas religiosas de Itapecuru Mirim eram administradas por famílias influentes. A antiga Festa de Santo Antonio, (trezena), era considerada uma das grandes festas da região, tinha por  responsável Antonio Gabriel, filho de escravos, mais conhecido como  Velho Bié. A festa se realizava na antiga capelinha, onde atualmente é a substação da Cemar. Nos anos 40 a 50 a festa  desapareceu. O festejo de São Benedito era de responsabilidade de  Abdalla Buzar Neto e sua família. A Festa do Espírito Santo era realizada por  Raimundo Francisco Veras, a de Nossa Senhora das Dores pelo casal Dominho e Cirene Sitaro e a  de São Vicente de Paulo, pela Confraria dos Vicentinos. Com o desaparecimento das famílias mantenedoras, as festas, gradativamente entraram em declínio.
Seria interessante que a Paróquia de Itapecuru Mirim e a comunidade católica assumisse a responsabilidade da  tradicional Festa da Cruz  para que no futuro não desapareça esse importante marco histórico da secular cidade.

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