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quinta-feira, 29 de outubro de 2015

O CAPELOBO EM ITAPECURU-MIRIM



João Carlos Pimentel Cantanhede
Eu estava voltando apressado do CEMA para chegar logo em casa, tirar a farda e ir brincar com os meninos. Eles já estavam quase todos reunidos no canto do Colégio Maria Goreth.
– É verdade! O capelobo tá vindo para Itapecuru! – falava Samuca.
Todos os garotos ouviam a história assustados e apreensivos. Eu parei para ouvir também. Samuca falava com muita convicção que o bicho havia sido visto lá perto do povoado Leite. Em pouco tempo ele chegaria a Itapecuru. Depois de ouvir isso, fui para casa tremendo de medo.
O capelobo, segundo contou o Samuca, é um bicho grande e peludo virado de índio muito velho. Dizem que antigamente quando os índios atingiam certa idade, eles eram mortos pela tribo para não virarem capelobo.
Mas quando algum índio, de uma forma ou outra, consegue escapar desse destino, vira capelobo, monstro peludo comedor de gente. Nada pode matar um capelobo, arma branca, arma de fogo, nada. Parece que a única maneira de vencer o capelobo é surrá-lo com cipó de mororó em noite de lua cheia para ele desvirar.
Nos dias seguintes, eu tive pesadelos com o capelobo. Não quis mais saber de ir jogar bola no campinho... e brincar à noite nas ruas escuras de Itapecuru, nem pensar!
Até que certo dia quando eu estava chegando em casa os meninos me chamaram e perguntaram: – João, por que tu não brinca mais com a gente?
– É com medo do capelobo aparecer! – respondi!
Ao ouvirem a minha resposta, todos caíram na risada.
– Deixa de ser bobo, capelobo não existe. Aquela história foi inventada pelo Samuca pra ti enganar. Ele adora contar lorota!
Lembra quando ele disse que no Japão as pessoas trabalham 25 horas por dia?! – comentou um dos meninos.
– E quando ele disse que o gaúcho, patrão da tia dele, ia comprar uma moto por 120 milhões! Pois é, nós pedimos pra ele inventar uma história pra te enganar, e fingimos que estávamos acreditando também. – falou outro dos meninos.
Eu estava aliviado por não existir capelobo de verdade, mas envergonhado por ter acreditado na lorota do Samuca e virado alvo de chacota de todos os meninos.

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