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sexta-feira, 9 de outubro de 2015

O RIO ESTÁ MORRENDO

Por: Geraldo Lopes

Estou ficando enfraquecido
Eu sinto que vou morrer
Não cometa esta injustiça
A quem tanto ajudou você
Vocês estão me matando
Vocês vão se arrepender

Se no passado fui outro
Por que sabiam apreciar
As coisas da natureza
Perfeita para admirar
Não tenho culpa se és cego
De não poder enxergar

Cada ser uma consciência
Que lhe é particular
Rio abaixo rio acima
Transitaram muita gente
Já ofertei muito peixe
Produzi muito alimento
Meu atestado de óbito
Será de envenenamento

Discursos e mais discursos
Estão a me defender
Alguns com seriedade
Outros só pra aparecer
Enquanto nossas crianças
Não procurarem entender
Minha morte estar chegando
No futuro eu vou morrer.

Minhas veias afluentes
Quase não funcionam, mais.
Meu leito tem muita areia
Quando chove aumenta mais
Destruíram toda mata
E também os animais
Carreando muito lixo
Agrotóxico e tudo mais

Tudo isso provocou
Meu sofrimento cruel
Alguns tiram proveito
Enchendo o bolso com jeito
Projetos e mais projetos
Ficando só no papel

Esse dia vai chegar
De arrependimento e dor
A água que escorria
Vinha lá de Mirador
Escorrendo em cada rosto
Só lágrimas e muita dor

Fui Jardim do Maranhão
As flores todas murcharam
Provocaram um desatino
Na obra do meu divino
Até hoje eu me pergunto
Onde estão os assassinos
Que fizeram este estrago.

Nas margens do meu leito
Foi linda a vegetação
Espécies e mais espécies
Florindo o nosso torrão
Não faltando uma palmeira
Rainha do Maranhão

Bem conhecida do povo
Com nome de babaçu
Não esquecendo arvoreta
Chamada de urucu
Estou falando com orgulho
Do rio Itapecuru

Agradeço ao companheiro
Que nem conterrâneo é
Escreveu com muito amor
Preservando sua fé
Pois já viu rios morrendo
Ele sabe como é.

                          Texto do livro inédito, Inspirações de Poetas itapecuruenses”.

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