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quarta-feira, 4 de novembro de 2015

O DESENVOLVIMENTO DA IMPRENSA ESCRITA



No Maranhão também passou por aqui...


Por: Josemar Lima                                                       SÉRIE CRÔNICAS – ANO II/nº 23/2015
Itapecuru Mirim pode se orgulhar, entre outros muitos feitos históricos, de ter dado uma contribuição importante para o nascimento e desenvolvimento da imprensa escrita no Maranhão. José Cândido de Moraes e Silva, itapecuruense, nascido no povoado denominado “Sítio Juçara”, em 21 de setembro de 1807, foi um dos fundadores da primeira tipografia particular do estado do Maranhão que publicava “O Farol”, jornal político e revolucionário cujo primeiro número circulou na capital maranhense em 27 de dezembro de 1827.  É patrono da Cadeira nº 13 da Academia Maranhense de Letras - AML e da Cadeira nº 11 da Academia Itapecuruense de Ciências, Letras e Artes – AICLA, ocupada por outro consagrado jornalista contemporâneo, o também itapecuruense da gema Benedito Bogea Buzar.

José Cândido foi contemporâneo de João Francisco Lisboa, outro itapecuruese incluído no rol dos pilares do jornalismo maranhense, nascido no distrito de Pirapemas, integrante da então freguesia de Itapecuru Mirim, em 22 de março de 1812. João Lisboa foi redator dos jornais maranhenses “O Brasileiro”, “Encho do Norte”, “Crônica Maranhense”, “Publicador Maranhense” e do “Jornal de Timon” que se destacou pela cobertura da Guerra da Balaiada, guerra civil, muito vinculada a Itapecuru Mirim, ocorrida no Maranhão no período de 1838 a 1841.

José Cândido, mesmo com tenra idade, foi o jornalista destemido e crítico feroz dos governadores da Província do Maranhão e, junto com João Lisboa e Magno de Abranches, chefiou um movimento revolucionário no estado do Maranhão, denominado “Setembrada”. Em 8 de agosto de 1828 foi preso por ordem do presidente da Província do Maranhão. Faleceu em São Luis a 18 de novembro de 1832.

Na década de vinte, precisamente no dia 27 de julho de 1918, brotava ai de nossas férteis terras outra figura que se destacaria no jornalismo maranhense, tanto pelo talento como pela sua história de vida; marcada pela luta contra a cegueira, que lhe tirou a luz dos olhos, mas não a capacidade de continuar produzindo matérias jornalísticas de qualidade, como pelo amor e devoção a sua terra natal.

Refiro-me a Raimundo Nonato Coelho Nahuz, ou Zuzu Nahuz, como era popularmente conhecido. Zuzu Nahuz foi redator dos jornais “O Combate” e” A Tarde”, e proprietário do jornal “Correio do Nordeste, sediados na capital maranhense e em todos eles sempre reservou espaço para falar das coisas, fatos e pessoas de Itapecuru Mirim. São mais de cem crônicas e artigos, escritos entre os anos 30 e 60  que o jornalista Benedito Buzar conseguiu recuperar e que estamos nos propondo a organizar  e publicar em 2018, ano que se comemorará o seu primeiro centenário de nascimento.

 Itapecuru Mirim também se destacou pelo jornalismo produzido localmente. No dia 26 de janeiro de 1935, circulava na cidade o primeiro jornal impresso genuinamente itapecuruense. Refiro-me ao jornal “A Gazeta”, de propriedade do jornalista, político e professor João da Silva Rodrigues. “A Gazeta” circulou até 1937 quando, com o advento do Estado Novo de Getúlio Vargas, teve que cerrar as portas.

Voltou, entretanto, em 1946 com a denominação de “O Trabalhista” e circulou até 1952. Consegui no Acervo Virtual da Biblioteca Pública do Estado do Maranhão alguns exemplares de “O Trabalhista” dos anos de 1949/1950/1952 e considero um verdadeiro tesouro.

Descobri, por exemplo, uma crítica de autoria do imortal Antônio Olívio Rodrigues sobre uma peça encenada no Cine Marília no dia 19 de janeiro de 1952, com atores itapecuruenses, denominada “Os Transviados”, composta de três atos, de autoria de Amal Gurgel, onde ele faz elogios e observações sobre o desempenho dos atores, inclusive um deles, senhor Renato Oliveira, cheguei a conhecer e foi meu chefe da Prefeitura Municipal.

Descobri, ainda, a publicação de um capítulo de um livro inédito do Professor Newton Neves, denominado “De Minhas Epístola”, publicado na edição nº 113 do referido jornal, que circulou no dia 18 de fevereiro de 1950.

Como regredimos nas artes cênicas (teatro, música e dança) do dia 19 de janeiro de 1952 para o dia 01 de novembro de 2015, passados apenas sessenta e três anos! Se por obra do divino mestre o Professor Antônio Olívio Rodrigues retornasse a Itapecuru Mirim com a missão de elaborar uma crítica de um evento cultural teria que se contentar em escrever sobre uma banda de forró ou de axé apresentando-se na praça, já que não temos mais nenhum teatro ou cinema com espaço de apresentações, e teria a maior dificuldade de avaliar os atores, pois nenhum deles seria itapecuruense e, no palco, apresentavam desempenho semelhante, apenas um pequeno detalhe para a intérprete das músicas, que de quando em vez rebolava até o chão.

Acredito que esse foi o último jornal impresso de Itapecuru Mirim até o dia 23 de novembro de 1991 quando o publicitário Gonçalo Amador, atual membro da Academia Itapecuruense de Ciências, Letras e Artes – AICLA fundou “O Jornal de Itapecuru”. São vinte e quatro anos informando e contribuindo para o desenvolvimento de toda uma região, inclusive com abertura de espaços importantes para a ciência, para as letras e para as artes.

Abre também espaços apara aprendizes de feiticeiros como o escriba aqui que tem suas crônicas publicadas mensalmente por esse importante veículo de comunicação. E o bondoso confrade Gonçalo Amador ainda agradece!?

Parabéns ao JORNAL DE ITAPECURU e que essa luta pala democratização da informação continue, pois ela é fundamental para a ampliação da cidadania, mas sei que a tarefa não é nada fácil. 

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