Pages

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

TRIBUTO AO POVOADO BURAGI



Por: Tiago de Oliveira

Localizado a aproximadamente 35 km da sede do município de Itapecuru Mirim, seguindo a estrada vicinal que leva ao Povoado Tingidor o viajante ao chegar ao Cemitério conhecido como Campo da Cruz, deixará a mesma e seguirá a direita, após passar pelo Povoado São Sebastião; encontrará encravado em uma bela região de pequenos morros, belas matas e igarapés o Povoado Buragi. Nome proveniente do Tupi-Guarani, que segundo a tradição oral significa: árvore ou pau de embiras (fibras derivadas da casca de árvores, que são utilizadas para fabricação principalmente de cordas e redes).  O buragizeiro é uma espécie típica das matas de transição do norte maranhense. A povoação tem sua origem ainda no período imperial nos primeiros anos do século XIX, tendo como donatário o português Xavier Mendes (não foi possível localizar a sua carta de sesmaria), que deixou muitos descendentes de origem negra na região, por isso é bastante comum o sobrenome “Mendes” no entorno do povoado e até mesmo na sede do Município de Itapecuru Mirim.

Segundo o professor e empresário Domingues Leandro Da C. Mendes, que é filho da povoação em tela, o local foi palco de grandes embates durante a Balaiada e estes embates acabaram por nomear outra, localidade próxima a esta. O Povoado Monte Cristo, que recebeu este nome, porque após o termino de uma batalha os moradores do Buragi encontraram um Crucifixo de Cristo, em um monte ficando analogamente “Monte Cristo”. O mesmo professor dá noticias de um morador da comunidade conhecido como João do Mato, que morreu com mais de cem anos e o interessante é que o adjetivo “Mato” ter-se-ia agregado ao nome João, pelo fato do mesmo ter nascido dentro do mato, ou seja, nasceu de parto natural de maneira quase que selvagem, durante a Revolução da Balaiada.

Veja esta matéria que comprova o fato supracitado – GRAFIA DA ÉPOCA.

[...] Outro officio tambem bem celebre é o que Snr. Major Henriques participa que mandou numa partida de soldados bater os lugares de Buragi, Piranga, Gaiolinha, etc. O resultado desta expedição (diz ele ao Snr. Presidente da Provincia, com a maior sem cerimonia do mundo) foi um rebelde morto, 4 prisioneiros, a aprehenção de 6 espingardas finas etc [...]- Jornal Legalista, em 9 de julho de 1840 -  Página 3.

A comunidade nos seus primórdios era divida entre a área dos brancos e a dos negros, sendo o Tijuco onde residiam os brancos e a zona das Senzalas, onde supostamente existia um sumidouro (poço), que servia para castigar os escravos desobedientes.  A sede do Quilombo, posteriormente passou a ser de propriedade de Apolônio dos Santos Mendes descente de escravos. Até os dias atuais ainda existe na localidade a Fonte da Mata remanescente ao período escravocrata.

Outra notícia publicada em jornais do século XIX revela um pouco da história da comunidade – GRAFIA DA ÉPOCA.

[...] Eduardo Olimpio Machado – Sr. doutor chefe de Policia – tenho presente o seu officio de 12 do corrente. Pelo qual fico na intelligencia de ter sido morto no lugar Buragi do termo do Itapucurú-mirim, Raymundo Mendes, de idade de 14 annos, por um tiro disparado casualmente por seu irmão João Faustino Mendes em uma caçada [...].
Jornal Publicador Maranhense, em 20 de março de 1855 – Página 2.

O lugar encontra-se em declínio populacional, pois muitos moradores migraram para a sede do município, as quase 30 casas abrigam aproximadamente 120 pessoas. Não possui colégio, igreja ou posto médico. Do século XX pode-se ser citado mais uma matéria veiculada em jornais do Estado sobre o povoado em tela – GRAFIA DA ÉPOCA.

 [...] Por ter telegrama particular soubemos haver falecido. domingo ultimo na cidade de Codó o sr. Chafi Buzar, comerciante naquela localidade. O extinto era sírio-libanez vindo para o Brasil em 1914 e contraído matrimonio com a exma. Sra. d. Raimunda Saad Buzar de cujo consorcio teve os seguintes filhos: José de Ribamar Buzar, comerciante em Itapecurú-Mirim e casado com a sra. Mirtes Serra Buzar, Jamil Buzar, comerciante em Buragi, no município de Itapecurú-Mirim [...].
Jornal o Combate, em 26 de abril de 1951 – Página 3.



Nenhum comentário:

Postar um comentário