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quarta-feira, 9 de março de 2016

SUPREMA DOR



A João Rodrigues


Autora:  Mariana Luz

Não é dor que num gemido
Angustioso, trêmulo, sentido,
A que mais faz sofrer.
Há outro abutre atroz que dilacera,
Que rasga as carnes, qual terrível fera
Na sanha de morder.

A dor que mata lenta e cruciante,
E a existência fere a cada instante
Quais  impiedosos algoz,
É a que ocultamos no mais fundo d’alma
Cobrindo o rosto de aparente calma...
Eis o suplicio atroz.

Terrível provação! Inanimado
O coração exangue, amargurado,
Procura resistir,
Baldado o esforço! Nessa luta imensa,
Em que se mesclam o desespero e a crença
Vai triste sucumbir.

E o mundo passa alegre e rumoroso,
E para uns a vida é eterno gozo
Eterno paraíso.
Sem ver que há dores, sofrimentos fundos
Nascidos nos mistérios mais profundos
E... Ocultos num sorriso
Obs.: João Carlos Pimentel Cantanhede

         Um precioso poema de perfeição formal, com quatro estrofes sextilhas (com seis versos cada), com a mesma estrutura de rimas: AABCCB, ou seja, o primeiro verso rimando com o segundo; o terceiro com o sexto; e o quarto com o quinto.
         Quanto ao gênero literário, embora tardio, eu o classificaria como parnasiano, em consonância com o que ela afirmou: “Prefiro Escola Antiga, porque me parece agradar mais ao coração. Está mais condizente com a minha alma sofredora”

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