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segunda-feira, 4 de julho de 2016

ITAPECURU-MIRIM



Por: Juvenal Nascimento

Dentro do peito guardo a minha Terra,
Assim, como se guarda avaramente,
Insondável tesouro em que se encerra
A mais bela das gemas encontradas
Em meio às urzes – palmilhado ingente –
Nas longas e difíceis caminhadas.

Na história dessa gente abençoada,
Há dramas, alegrias e comédias,
Como, também, há lutas e tragédias,
A comtemplar-se em grande revoada,
Quais andorinhas, alto esvoaçando,
A festejar o tempo perpassando.

No ritmo de vidas esplendentes
Há galardões imensos no arrebol
Dos muitos que passaram; dessas gentes,
Cuja honra tenaz ainda reboa,
Ora como o luzir de uma coroa,
Ora como o fulgir de um lindo sol.

Eis que um jorro de Luz – Luz ofuscante –
Da velha Europa as glórias eternais,
Ultrapassa o fulgor tonitruante.
Foi, com certeza, exuberante cousa,
O gênio, a fama, o brilho, colossais,
Desse Filho ideal – Gomes de Sousa!

Na grandeza, de um astro, de primeira,
Que o jornalismo máximo apregoa,
Existe a voz impávida, altaneira,
Da pena modelar de João Lisboa,
No seu Tímon, que dardejando a luz,
A nossa geração ainda conduz.

Quando devo trazer à Luz rima,
Os louros desse filho, também nato,
Da Terra em que nasci tudo me anima,
A cantar e exaltar talento e veia,
Das Letras Brasileiras – Viriato –
Que eternizou, em glórias, os Correia.

Ergo sublime a taça deste encanto,
A brindar com respeito e devoção,
O talento invulgar de um beletrista;
De um portento cultor – de um estilista –
Dessa Terra: é José Sampaio Simão,
O General, que me inspira este canto.

Todo um sonho de amor e de beleza
Houve sempre por bem enaltecer
O valor deste filho um – Menestrel –
Um doce sabiá do entardecer –
A rimar dessa Gleba a natureza,
Em versos magistrais – Hermes Rangel.

Tudo encanta o viver de minha Terra
Através desses grandes que deixaram
Policromia réstia que conduz
Ao mundo da poesia e ali descerra
Os belos versos que imortalizaram
A poetiza Mariana Luz.

Assim se multiplicam muitos filhos,
A honrar o fulgor de minha Terra.
É aqui Tiago Ribeiro, o professor,
De jovens; esperança que se encerra,
No paladino esforço promissor,
Rompendo a velha guarda dos empecilhos.

No magistério, tantas gerações,
Fluíram certo, um magno esplendor,
E quantas almas, de nobreza e amor,
Tenho a exaltar – e disto não me fujo
Na competência e grandes gerações
Das professoras Santos e Araujo.

Nos pródomos dos grandes vicejaram
Muitas e muitas frondes farfalheiras,
Quando frutos  ótimos sazonaram
No sangue vigoroso dos Nogueiras.
E assim cresceram filhos dedicados,
Aumentando o valor dos já passados.

Dentre os vultos e nomes do alicerce
Desse Itapecuru-Mirim querido,
E de notar-se outro que merece
Engrandecer e honrar com mais um elo
A esse povo jamais, nunca esquecido.
Ei-los quem são: os Bandeira de Melo.

Recordo bem, eu era ainda mocinho,
Quando, em noites saudosas, a cismar,
Ouvia-se um cantor – não eram raros,
Era a voz tão bonita do Daminho,
Erguendo, em honras lindas de luar,
A simpatia e o nome dos Sitaros.

Os derradeiros sons – quanto se ouvira,
Ainda reboam longe, em soledade,
Do mavioso canto!... E foi Zulmira
Fonseca, alegre espirito de escol.
Recordo sempre ... e sempre com saudades...
A voz desse bondoso Rouxinol.

É-me grato cantar a minha Terra,
Revendo a história e a fama desses sóis
Que tantos louros sua vida encerra.
Recordar é viver,  a recordar,
Sinto na alma o esplendor dos arrebóis
De tanta luz em lindo espadanar!

Perdoa, ó minha Gleba, se este canto,
Não corresponde ao tanto que devia;
Se porventura omisso, assim, pequei!
Tudo fiz, com certeza, entretanto,
Para dar-te o melhor que possuía,
De coração rimado o que rimei!

Há de bastar-me como ingente gôzo,
Ver tanta gente que te honrou profundo,
Eternizada nestes versos meus;
Há de ser minha voz, de alguém ditoso,
Ao menos pela sorte, neste mundo,
De ter sido menor dos filhos teus.

Do livro Castália Iluminada  do itapecuruense  Juvenal Nascimento Araújo  (1968). O autor é patrono da cadeira nº, 15 da Academia Itapecuruense de Ciências Letras e Artes.


Um comentário:

  1. Um belo canto de amor à nossa Itapecuru-Mirim e seus imortais. Obrigada Jucey, por desvendar nossos autores conterrâneos para as novas gerações!

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