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domingo, 4 de setembro de 2016

BARÃO DE ITAPECURU





Por: Jucey Santana

José Félix Pereira de Burgos, natural de Freguesia de Itapecuru Mirim, nasceu no ano de 1780. Era filho do tenente-coronel José Félix Pereira de Burgos, nascido na cidade do Recife, Capitania de Pernambuco, e de sua mulher Ana Teresa de Jesus Belfort de Burgos, de Itapecuru Mirim, filha de Lourenço Belfort, fundador do Engenho Kelru e de sua segunda mulher Ana Teresa de Jesus Marques Belfort. Neto paterno do capitão do mesmo nome José Félix Pereira de Burgos, e de Francisca Xavier de Jesus Bandeira de Melo, oriunda de um antiquíssimo Morgado da Capitania da Paraíba do Norte.

Ingressou na carreira militar, assentando praça como voluntario em 4 de maio de 1797, no dia 9 do mesmo mês foi reconhecido como Cadete e promovido a Alferes do Regimento de Linha por decreto de 19 de maio de 1798.

Em 8 de fevereiro de 1800, pelo ofício do presidente da província do Maranhão, D. Diogo de Sousa, recebeu licença para ir estudar em Coimbra.  Fez a matrícula em 10 de outubro de 1801 e bacharelou-se em Filosofia e Ciências Matemáticas no ano de 1808. Foi amigo de faculdade de Jose Bonifácio e Andrada e Silva, o Patriarca da Independência.

   Adesão do Maranhão à Independência

Em 21 de outubro de 1813 foi elevado ao posto de Tenente da 4ª Companhia do Regimento da Infantaria de Linha do Maranhão; no mesmo ano, em dezembro recebeu a promoção de Sargento-Mor do Regimento da Infantaria de Milícias da Ribeira de Itapecuru, de onde subiu gradativamente chegando a Governador das Armas na localidade.

O Maranhão na época estava dividido entre duas facções: uma tradicionalista, que no poder apoiavam os lusos conspirando contra a independência e outra que lutava pela adesão do Maranhão ao governo brasileiro.

José Félix Burgos ficou como Comandante Geral da Vila de Itapucuru (nome da Vila na época) até o sítio das tropas dos independentes comandadas por Salvador de Oliveira. O Comandante das Armas foi figura principal nos episódios das ne­gociações no processo de adesão à Independência do Brasil.

A Vila de Itapecuru foi palco de sangrento combate em 10 de junho de 1823, no largo da igreja de Nossa Senhora do Rosário, sendo atacada por tropas que lutavam pela Adesão do Maranhão à Independência contra os aliados dos portugueses. Os combatentes que lutaram no Baixo Parnaíba sitiaram a Vila ainda partidária dos lusos e partiram para a batalha. Era importante a sua conquista pela sua posição estratégica, próxima da capital e o interesse pelo quartel muito bem estruturado e guarnecido.

O Comandante Geral, tenente coronel José Felix Pereira Burgos, fiel aos lusitanos, armou estratégias com seus comandados e moradores que se transformaram em espingardeiros e mosqueteiros para proteger a Vila, invadida por 1800 homens sendo 1600 a pé e 200 a cavalo.  O resultado do assédio foi   um saldo de 16 mortos e quatro feridos e vários prisioneiros, do lado dos independentes, e da Vila morreram sete e dezesseis homens ficaram feridos. Depois do episódio, em 18 de junho, Burgos foi demitido pelo Governo, que entendeu que o militar foi tendencioso à causa dos invasores. José Burgos se aliou aos independentes levando consigo seus oficiais, o patriótico padre José Pinto Teixeira e moradores, freando a ação dos portugueses. (O Conciliador, 18.6.1823).

Nas instalações da Casa da Câmara, traçaram as estratégias para assumir o governo na Capital, ainda fiel à coroa portuguesa. Em 20 de julho através de uma Câmara Geral, foi eleita uma Junta Provisória Independente composta de quatro membros, para se juntar com mais três na capital. O próprio Burgos ficou como Governador das Armas.  Estava, então, instalado o novo Governo independente, com aclamação ao Imperador D. Pedro I e juramento de fidelidade à Nação Brasileira. Depois rumaram para São Luís, onde completariam o processo que foi facilitado com a chegada da frota do Almirante Thomas Cochrane contratado por D.  Pedro I para combater os portugueses, ocorrido em 28 de julho de 1823.
 José Félix lutou ao lado de dois irmãos, o Major Antônio Raimundo Pereira de Burgos e o Tenente Carlos Pereira de Burgos, este falecido na batalha, os quais também se destacaram nas lutas pela independência do Maranhão.

No dia 23 de Agosto de 1834, foi concedido ao Barão de Itapecuru Mirim, pelo prazo de 10 anos, o uso exclusivo do moinho de descascar arroz de sua invenção, (Almanak, Ministerial Império, 1834).

  Foi duas vezes sogro do Barão de Coroatá, Manoel Gomes da Silva Belfort que enviuvando de uma de suas filhas, casou-se com outra.  Casado, em 1ª Núpcias, com sua prima Rita Carneiro Homem de Souto Mayor, filha do Coronel Ayres Carneiro Homem de Souto Mayor e Guilhermina Diniz. Em 2ª Núpcias, com a cunhada, Mariana Carneiro Homem de Souto Mayor.

Distinções
­− Chegou ao posto de General, depois da Adesão do Maranhão à Independência.
− Recebeu o título de Barão com Grandeza de Itapecuru, (Itapucuru), por serviços prestados a Coroa Imperial, nas lutas pela adesão do Maranhão à Independência do Brasil.
− Foi 2 vezes Presidente da Província do Pará de 1825 a 1828 e de 1830 a 1831.
− Foi Ministro de Guerra de 1835 a 1836, na Regência de Diogo Antônio Feijó.
− Recebeu o título de Dignitário da Imperial Ordem do Cruzeiro.
− Recebeu a comenda de Cavaleiro da Imperial Ordem de São Bento de Aviz.
− Recebeu a alcunha de “Senhor Itapucuru”.
Faleceu em 9 de abril de 1854.
                        Do livro Itapecuruenses Notáveis (2016) de autoria de Jucey Santana


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