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quarta-feira, 2 de novembro de 2016

CRÔNICA DE NOVEMBRO – Um Baú Prá Nossa História


SÉRIE CRÔNICAS – ANO III/nº 35/2016
CRÔNICA DE NOVEMBRO – Um Baú Prá Nossa História  

 JOSEMAR SOUSA LIMA

A cidade de Itapecuru Mirim tem sua origem vinculada à ação missionária dos jesuítas da Companhia de Jesus que, já em 1619, ali implantaram a “Aldeia do Itapecuru”, como base de uma futura Aldeia de Paz destinada aos índios “guanarés” e “barbados” que ocupavam a região ribeirinha. Depois veio a povoação, denominada “Arraial da Feira”; posteriormente a fundação da” Freguesia de Nossa Senhora das Dores”, em 1802; a criação Vila de Itapecuru Mirim, em 1818; e, finalmente, a elevação da Vila à categoria de cidade, estabelecida pela Lei n° 919, de 21 de julho de 1870, aprovada pela Assembleia Provincial e sancionada pelo presidente em exercício, José da Silva Maia.

Baseados nos registros escritos, deste as anotações do padre Serafim Leite, dando conta da existência de índios batizados provenientes da Aldeia do Itapecuru, no massacre ocorrido aos jesuítas da Companhia de Jesus, executado pelos índios “barbados”, são 397 anos de história.

Os fatos ocorridos nesse longo caminho estão espalhados pelo mundo, desde os livros manuscritos existentes na Torre do Tombo, em Portugal, até inscrições em uma pedra angular encontrada milagrosamente em um casebre localizado à margem do Rio Itapecuru.

Os nossos jornalistas, escritores e pesquisadores têm procurado jogar luz sobre os fatos e eventos ocorridos nesses quase 400 anos, com uma colaboração significante na área de pesquisa e publicações sobre os fatos, eventos e, principalmente, sobre os seus protagonistas: pessoas que atuaram nas áreas econômica, social, ambiental, cultural, tecnológica e institucional, independente de raça, cor, etnia, geração ou condição econômica.

Como o Rio Itapecuru busca determinada e obstinadamente chegar ao mar, essa avalanche de informações e dados também caminha para o mar do esquecimento de não for pescada no tempo certo e adequadamente armazenada.

Um dos veículos mais eficazes para armazenar esse acervo o longo do tempo, muito antes da internet, tem sido o jornal impresso, mas necessita de um pescador atento e obstinado que, no calor do dia ou no frio da noite, esteja sempre alerta para pescar o assunto e transformá-lo em notícia – o jornalista!

Itapecuru Mirim ao longo do tempo tem sido privilegiado tanto com a existência de periódicos impressos, como “A Gazeta” e “O Trabalhista” que atuaram no período 1935/1952, ambos dirigidos pelo brilhante professor, jornalista e político, João da Silva Rodrigues, como pela existência de jornalistas extremamente dedicados à história local. O próprio professor João da Silva Rodrigues e seu filho Antônio Olívio Rodrigues; Zuzu Coelho Nahuz e, mais recentemente, o jornalista, escritor e pesquisador Benedito Bogéa Buzar, entre outros.  

Nesse rol temos que destacar também a figura do professor João da Cruz da Silveira, cognominado pelos seus alunos, entre eles esse modesto cronista, de “Arquivo Vivo”, pelo volume de informações que detinha sobre a história e as estórias de nossa terra.

Esse destaque dado ao jornal impresso, mesmo aos jornaizinhos produzidos nas escolas - e foram muitos em Itapecuru Mirim pelo menos no meu tempo de estudante – como verdadeiros baús da história itapecuruense e aos seus destacados jornalistas como eficientes pescadores de assuntos e criadores de notícias vem num momento em que celebramos os 25 anos do Jornal de Itapecuru, fundado em 23 de novembro de 1991 pelo jornalista Gonçalo Amador Nonato.

O Jornal de Itapecuru tem conseguido catalisar tudo que foi escrito nesses quase 400 anos de história escrita sobre o nosso município, seja reproduzindo as matérias publicadas pelos jornais do passado ou abrindo espaços generosos para o que é produzido localmente, sejam artigos, crônicas, resenhas, livros, pesquisas, etc., tornando-se, assim, uma fonte indispensável de consulta para pesquisadores, escritores, historiadores, estudantes e todos que buscam informações sobre os a trajetória história ou contemporânea desse importante município maranhense.

É relevante e digno dos maiores louvores a parceria que o Jornal de Itapecuru tem desenvolvido com a Academia Itapecuruense de Ciências, Letras e Artes – AICLA, possibilitando que seus membros possam dispor de um espaço privilegiado para publicação e/ou divulgação de seus trabalhos oriundos das ciências, das letras ou das artes. Destaco como exemplo, os trabalhos desenvolvidos pelos membros da AICLA de trazer à luz a vida e a obra de seus quarenta e dois patronos, figuras memoráveis muitas delas cobertas pela poeira do tempo e que vão pouco a pouco mostrando todo seu brilho.

Nesses 25 anos de existência a figura do jornal se confunde com a de seu criador e muitas das vezes criador e criatura se fundem numa simbiose pela sobrevivência.

O jornalista Gonçalo Amador Nonato merece todos os louvores e reconhecimento dos itapecuruenses pela sua dedicação, persistência e postura ética na condução desse já tradicional veículo de comunicação.

Temos consciência das dificuldades que esse experiente jornalista enfrentou e enfrenta para manter o Jornal de Itapecuru circulando e se aprimorando constantemente e muitas das vezes sendo mal compreendido pelos gestores públicos de plantão que, por ignorância ou má fé, não conseguem entender a importância do jornal para o desenvolvimento cultural do município e até para os movimentos de contracultura, tão importantes nos momentos de crise, ou atentam contra sua imparcialidade, mola mestra de sua sobrevivência.

Aos poucos, entretanto, a sociedade itapecuruense vai apercebendo-se dos relevantes serviços prestados pelo Jornal de Itapecuru e também o papel essencial desempenhado pelo seu fundador no decorrer desse quarto de século. Gonçalo Amador Nonato já é “Cidadão Itapecuruense”, mediante título concedido pela Câmara Municipal de Itapecuru Mirim; recebeu o certificado de “Amigo da Cultura” da Academia Itapecuruense de Ciência, Letras e Artes – AICLA e, em 08 de agosto de 2014, tornou-se Membro Fundador da referida Academia, tendo assento na Cadeira nº 37, patroneada pelo célebre compositor e produtor musical, recém falecido, Raimundo Nonato Buzar.

Nossas felicitações ao jornalista GONÇALO AMADOR NONATO e ao JORNAL DE ITAPECURU por esse quarto de século de serviços prestados ao município e região e que continue a ser o Baú onde Itapecuru Mirim guarda com muito orgulho o seu precioso diário.


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