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quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

NEWTON NEVES



         


Jucey Santana

       Newton de Carvalho Neves nasceu em Codó no dia 14 de fevereiro de 1896, e faleceu no dia 16 de março de 1975. Filho de Raimundo Coriolano Ferreira Neves, pecuarista, comerciante e político e de Amélia Dejanira de Carvalho Cantanhede Neves.

Seu pai determinou que ele fosse o padre da família. Quando ele completou  nove anos o encaminhou ao internato  Ateneu Piauiense, em Teresina; de lá foi para um Seminário em Fortaleza e  em  1917  para o Seminário Santo Antônio em São Luís (MA), onde se ordenou  em dezembro de 1918.
O Padre Newton Neves

Iniciou sua missão pastoral como capelão da Escola de Catequistas e Casa dos Expostos da Paróquia de São Pantaleão.  Foi vigário das paróquias de São João Batista; Itapecuru Mirim, Araioses e Tutoia. 

Em Itapecuru Mirim viveu o maior conflito pessoal de sua vida. Apaixonou-se pela jovem Guilhermina Nogueira da Cruz (Sinhá). E, para não trair seus votos sacerdotais, pediu ao seu confessor a transferência da paróquia, sendo encaminhado para Tutóia em 1923. Se se sentindo dividido entre o amor à sua igreja e à itapecuruense e pressionado pela família desta, retornou a Itapecuru Mirim em 1924, e em outubro de 1925 casou-se com jovem Gulhermina. Foi expulso da igreja, perseguido e excomungado.

Sofreu muito com o preconceito da população e a  rejeição por parte da Igreja tendo de suportar problemas de todas as ordens,  principalmente  financeiro. Graças a alguns comerciantes, especialmente os libaneses, com visão menos radical sobre a questão religiosa, os quais encaminharam seus filhos para estudar com o padre Newton. 

O Professor Newton Neves

Iniciou sua escola na casa do sogro Bento Nogueira da Cruz (no local onde atualmente é a residência do médico Miguel Lauande). Em 1925 fundou o teatro São José, e em 2 de abril  de 1926, fundou o  Instituto Rio Branco, (no local da Igreja Assembleia de Deus na Av. Gomes de Sousa). O Instituto  se tornou a maior referência educacional na região.   Em 1935 mudou-se para São Luís, transferindo a direção do  Instituto ao professor e jornalista João da Silva Rodrigues. Na Capital, fundou no mesmo ano o Instituto São José, internato e externato,  que dirigiu até 1942. 

Em São Luís, lecionou nos seguintes colégios: Arimatéa Cisne, Ateneu Teixeira Mendes, Instituto Rosa Castro, Centro Caixeiral, Academia do Comercio, Colégio de São Luís, Instituto Alves Cardoso e Liceu Maranhense. Foi professor das seguintes disciplinas: português, matemática, francês, literatura,  história, geografia, latim e filosofia. 

De 1942 a 1943 foi nomeado prefeito de São José dos Matões pelo interventor, Dr. Paulo Ramos.  Retornou a Capital para assumir a Diretoria do Serviço de Economia Agrícola onde ficou até 1945. E continuou lecionando em São Luís.

             Nomeado diretor de Educação do Estado, teve como   missão  a expansão da rede educacional em todo o Estado. Fundou e organizou muitas escolas da Campanha Nacional de Educandários Gratuitos. Na Capital fundou o Colégio Getúlio Vargas e o Colégio Rio Branco;  em  Colinas o Instituto Paulo Ramos;  em Coroatá o Colégio Viriato Correa, em Itapecuru Mirim o Ginásio João Lisboa; em  Imperatriz o Ginásio Bernardo Sayão, e outros estabelecimentos de ensino em Rosário, Viana  e Dom Pedro. 

 A professora Ariceya Moreira Lima da Silva, diretora da Campanha Nacional de Escolas da ComunidadeCNEC, em seu pronunciamento durante a inauguração do Colégio Getúlio Vargas, no bairro  Lira, citou:

O Professor Newton Neves é um idealista, planta escola movido pela bondade e pela educação, deixando por onde passa, a sombra da cultura para abrigar os jovens do  hoje e do amanhã. Possui uma rara, autêntica e extraordinária   vocação de mestre.      

De 1953 a 1954, a convite do prefeito de São Luís, Eduardo Viana Pereira, foi secretario de Educação do Município, sempre tendo por meta a expansão e melhoria do ensino para,  preparar os jovens para o futuro, dizia o mestre. 

No campo cultural e familiar

            Fez parte da equipe redacional dos jornais, O Globo, O Imparcial e O Combate, escrevendo inúmeras crônicas em defesa da educação, da família, da religião e crítica política. 

            No campo da cultura, além do teatro e literatura  dedicou-se também à música. Era exímio tocador de flauta,  deixando como legado   o livreto de cantos litúrgicos,  Lira Cristã, (1953),  e uma grande quantidade  de peças musicais resgatadas  durante o trabalho de pesquisa  do padre João Mohana que  teve como resultado a publicação do  livro A Grande Música do Maranhão, (1974).  Compôs músicas sacras e populares. Muitas das suas partituras se encontram tombadas no acervo do Arquivo Público do Estado do Maranhão. Deixou um livro inédito, Estudos de Português e Minhas Epístolas.

            Durante toda a sua vida escreveu a Roma, implorando que lhe fosse retirada a excomunhão e a liberação dos votos sacerdotais para enfim receber a bênção sacramental no seu matrimônio.  Somente em 1944 a igreja se manifestou, de forma radical, exigindo que o mesmo se separasse  da esposa, por estar “vivendo em pecado”.  Fiel à orientação dos dogmas eclesiásticos, separou-se da família que voltou para Itapecuru Mirim. Ele escreveu em seu diário: “Eu Newton de Carvalho Neves, em 6 de março de 1944, por motivo de ordem espiritual, me separei de Guilhermina Nogueira Neves”. Este episódio marcou a vida do grande mestre. Talvez por ser tão honesto e íntegro, entrou em grande conflito espiritual. Questionando seus valores morais, familiares e religiosos. 

            Viveu afastado dos familiares durante cinco anos, dedicado exclusivamente ao trabalho, exilado na Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos em São Luís, onde viveu duras penitências, adquirindo uma grave enfermidade, sendo resgatado pela esposa e filhos, a conselho médico. A igreja retirou-lhe a excomunhão, permitindo-lhe o casamento somente em 1965, depois de 40 anos de espera. O consórcio religioso ocorreu  em 21 de outubro de  1965, em São Paulo. 

Teve onze filhos: José Raimundo, José Bento, José Cândido, José Trajano, José Edgard, José Newton, Maria Amélia, Maria Raphinha, Maria Rita, Maria Judith e Maria do Carmo.  Faleceu em 16 de março de 1975.

         O professor Newton Neves fez do ensino e da cultura um sacerdócio, iluminador de mentes. A AICLA reconheceu-lhe os méritos e o imortalizou como patrono da cadeira nº 36.

 Do livro ITAPECURUENSES NOTÁVEIS (2016) pag. 145 de autoria de Jucey Santana

3 comentários:

  1. Ser neta de um homem tão iluminado, generoso, honesto, fiel aos seus princípios é uma honra!
    O melhor de tudo isso é que nós integrantes da família Nogueira Neves absorvemos totalmente a grande mensagem e lição de vida que nossos avós nos transmitiram.
    O amor é o remédio para todos os males! Muito obrigada meu avô. Saudades sempre!!!!! Bjs, Vanessa Elia Neves

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  2. Não tenho face, mas vi a reportagem através da página de meu marido (Antônio Scher), estou muito emocionada, por ter tido um avô tão abençoado, com uma história de vida muito rica, que tem muito a nos ensinar. É uma honra ser neta de NEWTON DE CARVALHO NEVES e GUILHERMINA NOGUEIRA NEVES, minha mãe e meus tios tem muito do que se orgulhar. Muitas saudades dos meus avós, minha mãe, meu pai, irmãos e todos aqueles que já se foram. Rita Scher

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  3. Você sabe se ele teve algum envolvimento com uma jovem em Tutoia e que foi abandonado na lama de um igarapé ?

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