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quarta-feira, 20 de setembro de 2017

SONETO




         

Vale de Carvalho


Se é triste na prisão negra horrorosa,
Viver-se sempre a sós e abandonado;
E quebrando a solidão, descompassado,
Erguer-se b suspirar de ave saudosa;

Se é triste na mudez da noite umbrosa,
De o rijo bronze ouvir-se o som pesado,
Carpindo a infausta sorte do finado,
De quem breve existência foi ditosa;

Se é triste o turvo mar e céus nublosos
De tempestade ver-se entre os horrores,
Bramidos e clarões soltando irosos;

Mais triste é ver teus olhos sedutores
Baixarem-se, negando-me impiedosos,
Um suave volver, volver de amores.


Da coleção de poemas Parnaso Maranhense,  pag. 146  (1861).
Patrono da cadeira nº 5 de membros correspondentes da AICLA, Raymundo Alexandre Valle de Carvalho, itapecuruense, foi juiz, delegado e poeta – 1831/1859.


Um comentário:

  1. Um belo soneto lírico, em versos decassílabos heroicos, com exceção do 3º do primeiro quarteto.

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