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quarta-feira, 23 de maio de 2018

CORDEL DA BALAIADA




Jânio Rocha


Aêêêê   Êêôôô     Escute aqui o que eu vou te dizer!
Aêêêê   Êêôôô     O seu nome é Balaiada!

Escuta aí povo daqui
Escuta mesmo minha gente.
Ouça o que eu tenho a dizer
E não fique indiferente!

Vou contar uma história
Que há muito aconteceu.
É da luta de um povo
Que aqui alvoreceu.

Não pense que é brincadeira
Ou um devaneio meu
Muita gente de primeira
Por aqui já padeceu.

Nas terras do Maranhão
Do Ceará e o Piauí
Se envolveram em confusão
O Cabano e o Bem-te-vi.

Em 1.838
Uma guerra aconteceu
Percorrendo mato e rio
Esse povo conheceu.

De Arari para o sertão
Do nordeste brasileiro
Muito gado percorria
Guiado por seu vaqueiro.

Que ironia do destino
A boiada assim descansa
Boi fraquinho vai na frente
E a piranha nele avança.

Vila da Manga é o estopim
Desse bojo desvairado
Raimundo Gomes é o vaqueiro
Seu irmão é libertado.

Ô terra de nêgo...   ô terra de nêgo...
Ô Maranhão...   ô Maranhão...
Quem és tu com essa peleja??
É minha luta, meu irmão!

Negro é forte e tem valor
Negro Cosme me lidera
Um quilombo ele criou
Na Lagoa Amarela.

A trincheira é o portal
Te escondes no riacho
Com os pés de mangueiral
É onde que eu lhe acho.

Uma cena violenta
Uma família ali sofreu
Manoel dos Anjos, o soldado...
Sua filha irrompeu.

Manoel jurou agora então
Sua cabeça bem de pé
Lutar só pela justiça
Meu Balaio agora é!

O movimento ali cresceu
Itapecuru se arrepiou
De Tutóia é que partiu
Uma tropa que passou.

São Bernardo e Chapadinha
Se envolveram no conflito
Em Brejo de Anapurus
Todo mundo tá aflito.

O conflito assim corria
Do Maranhão interior
Da Vila da Manga, Nina Rodrigues,
A Caxias então chegou.

São Luís se preocupou
Um reforço então pediu.
Luís Alves aqui chegou
Lá do Rio ele partiu.

Os rios da região
Foram cercados então
O Itapecuru e o Parnaíba
Preto, Munim e o Iguará.

Muito sangue ali correu
Divisões e traições
Balaiada assim findou
Em meio a tantas omissões.


 
Jânio Rocha

.
Jânio Rocha Ayres Teles é filósofo e pedagogo chapadinhense dedica-se em estudar e promover conhecimentos sobre cultura local e regional,  relacionados ao movimento da Balaiada, ocorrido em parte do Maranhão, Piauí e Ceará no século XIX.  O Projeto Balaiada foi iniciado no ano de 2014 e tem como principal produto a Semana da Balaiada, de 8 a 13 de dezembro. O Projeto abrange mais de 20 municípios maranhenses e trabalha para a projeção do turismo, cultura e arte regional. Em 2015 o professor lançou o livro Filosofia, destinado a estudantes e professores do ensino fundamental e médio.


Do Livro Púcaro Literário I (2017), organizado por Jucey Santana e João CarlosPimentel Cantanhede

quinta-feira, 17 de maio de 2018

SONHA ITAPECURU

  
Edvan Caldas


Sonha, Itapecuru!
Com o teu povo,
em busca de um novo
amanhecer.
Sonha, Itapecuru!
Com tuas crianças,
cantando o amor,
em cada esquina tua.
Sonha, Itapecuru!
Com a paz,
com a esperança,
e com a fé de que
você sempre será
a semente da vida.
Sonha, Itapecuru!
Com o teu passado,
com o teu presente,
com o teu futuro
de brilhar junto
ao sol e nunca perder
o brilho.
Sonhar, Itapecuru!
É como o amor que floresce
e alimenta a vida

Do livro Púcaro Literário I  ( 2017) pag. 28. 
Edvan Caldas é poeta, membro efetivo da Academia Itapecuruense de Ciências, Letras e Artes  - AICLA.

segunda-feira, 14 de maio de 2018

O MEU ESTAR




      

Paulo Figueiredo

Tem um papelão?
Preciso dele
Pra que precisas?
Estender meu corpo
É o meu colchão

E tua casa?
Com sorriso aberto
Eu moro perto
Aqui na rua em qualquer lugar
É o meu contento

E o teu jantar?
Jantar não há
A noite é fria
Barriga vazia
Não há lamento
É o meu contento

E o teu café ao amanhecer?
De onde pão
Se o meu colchão é um papelão

Tua família?
Não tenho não
Eu vim ao mundo
Por emoção de quem me fez, e agora?
Está feito

E não reclamas?
Pra que, ninguém me ouve
Nem quer saber é bem melhor pra que saber
Não ter razão
E não saber
Porque então nos dá a mão...

Do livro,  Meu Estar, de autoria do poeta itapecuruense, Paulo Henrique Figueiredo