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sábado, 28 de julho de 2018

ADESÃO DO MARANHÃO A INDEPENDÊNCIA DO BRASIL


Barão de Itapecuru

   

                 195 anos da Adesão
Jucey Santana

Para melhor entendimento da Adesão do Maranhão à Independência do Brasil faz-se necessário uma pequena abordagem da situação que se encontrava a região na época. 

4.1 Antecedentes

Em 1621 o território brasileiro foi dividido em duas unidades administrativas autônomas: o território do Maranhão com a capital São Luis abrangendo os atuais Estados: Maranhão, Pará, Piaui, Amazonas e Ceará e o Estado do Brasil com capital em Salvador abrangendo as demais regiões (capitanias). Em  1654  passou a ser designado Estado do Maranhão e Grão-Pará, com a capital em São Luis. Em 1718 foi criada a capitania de São José do Piaui, subordinada ao Maranhão. Em 1737 recebeu  nova denominação de Estado do Grão-Pará e Maranhão, sendo a capital  transferida para Santa Maria de Belém do Grão-Pará. A partir de 1772 passou por nova divisão administrativas ficando com  duas unidades: o Estado do Grão-Pará e Rio Negro (atual Estado do Amazonas), com sede em Belém, e o Estado do Maranhão e Piauí, com sede em São Luís.  

Em 1811 Piauí se separou do Maranhão, se tornando Província  independente, com a capital em Oeiras. Em 1815 o Maranhão deixou de ser Estado Colonial e passou a condição de Província Portuguesa. 

4.2 D. Pedro I e a  Independência

Em abril de 1821 a corte  retornou a Portugal depois de 14 anos no Brasil ficando como regente  Dom Pedro, primogênito do Rei Dom João VI.   
 D.Pedro I  já deu  o primeiro sinal de rebeldia as ordens portuguesas no “Dia do Fico” (9.1.1822).  Em 7 de setembro de 1822 foi proclamada a  Independência do Brasil, porém, as províncias do norte  continuaram ligadas a Portugal, por manterem  melhores contatos  políticos e comerciais com Lisboa  do que com o Rio de Janeiro, devido às facilidades da navegação e os interesses que os portugueses tinham de continuar o  domínio daquela   parte  do Brasil. 

Para manter a região como colônia portuguesa  a coroa enviou  armas e munições para o Maranhão e Piauí,  e nomeou o Major João José da Cunha Fidié como Governador das Armas. Em 19 de outubro de 1822, Parnaíba  declarou a adesão a Independência do Brasil.   Ao tomar conhecimento Fidié preparou sua tropa militar que se  encontrava em Oeiras, capital do Piauí,   para conter os independentes de Parnaíba, mas não contava com a estratégia dos habitantes que se esconderam em um povoado vizinho deixando a cidade deserta.   

Enquanto isso em 24 de janeiro de 1823, Piauí foi  declarado independente.  Fidié toma conhecimento da rebeldia da capital e volta para reprimir o movimento separatista, mas,  as tropas lusas chocam-se com as tropas dos piauienses, maranhenses e cearenses na vila de Campo Maior,  às margens do riacho Jenipapo onde ocorre um  sangrento combate que ficou conhecido como a Batalha do Jenipapo. O embate durou cerca de cinco horas, em 13 de março de 1823. Morreram quase 400 combatentes. Fidié saiu vencedor, porém, com escassez de armamentos  e com os  combatentes cansados e doentes,  desistiu de atacar Oeiras, tendo se deslocado para Caxias em busca de apoio e armas.

4.3 Adesão do Maranhão  em Itapecuru Mirim.  

Enquanto isso a Vila de Itapecuru Mirim se tornou um marco histórico, por ter sido o centro político no processo  da  Independência do Maranhão,  local das  últimas ne­gociações e confrontos que culminou com a vitória dos independentes.  

Depois da adesão em todo o Piauí os independentes que lutaram sob o comando do capitão Salvador Cardoso de Oliveira, adentraram ao território maranhense ainda fiel à coroa portuguesa. Em 10 de junho de 1823 usaram como estratégia sitiar o quartel militar da  Vila  de Itapecuru Mirim (Itapucuru) e   sustentaram uma batalha    que durou mais de quatro horas.  

 O sangrento combate aconteceu no largo da igreja de Nossa Senhora do Rosário, entre os independentes tendo à frente Salvador de Oliveira contra os aliados dos portugueses. O Comandante Geral, tenente coronel José Félix Pereira Burgos, fiel aos lusitanos, conseguiu reunir e armar seus comandados juntamente com os moradores, para proteger a Vila, invadida por 1800 homens sendo 1600 a pés e 200 a cavalo. Burgos, temendo um assalto noturno, fez iluminar toda a Vila para melhor defesa.  O confronto  resultou em um saldo de  23 mortos,  21  feridos e  vários prisioneiros. Depois do episódio, em 17 de junho, Burgos foi demitido do Comando Geral por denúncia de ter sido tendencioso à Adesão.  Ao passar-se para a causa dos independentes, o tenente coronel Burgos, (Barão de Itapecuru) levou  consigo nove de seus oficiais e a simpatia  dos habitantes,  conseguindo frear  a ação dos portugueses. (O Conciliador, 18.6.1823). 

Na Casa da Câmara de Itapecuru Mirim,  traçaram as estratégias para assumir o governo na capital, ainda fiel à coroa portuguesa. Em 20 de julho através de uma Câmara Geral, foram eleitos quatro membros para uma Junta Provisória Independente, com os seguintes cidadãos: Padre Pedro Antônio Pereira Pinto do Lago, Antônio Joaquim Lamagnere Galvão, Francisco Gomes da Silva Belfort e Antônio Raimundo Belfort Pereira Burgos, para composição de mais três na capital, o tenente coronel José Felix Pereira Burgos[1]  ficou como Governador das Armas.  Estava então, instalado o novo governo independente, com aclamação a Imperador D. Pedro I e juramento de  fidelidade a Nação Brasileira. Portanto em 20 de julho ficou marcado em Itapecuru Mirim o dia decisivo da Independência do Maranhão. 

4.4 Independência na Capital

Apesar das Vilas do Maranhão já se encontrarem independentes a capital ainda resistia subordinada à Coroa Portuguesa.  No dia 26 de julho fundeou o navio do almirante  Thomas Cochrane contratado por D.  Pedro I para combater os portugueses. No dia seguinte foi recebida à bordo pelo Almirante,  a Junta Governativa eleita em Itapecuru Mirim, quando foi marcada para o dia seguinte o encontro com o Governador  da Província que não ofereceu resistência.  No dia 28 de julho[2] às 10 horas,  no Palácio do Governo, houve o ato solene da Adesão do Maranhão à Independência do Brasil.[3] O ato  encerrou depois de meio dia com a deposição do governador, as salvas ao estilo, a bandeira portuguesa arriada e içada a bandeira brasileira.


[1] Pelos serviços prestados a Coroa Imperial, pela Adesão do Maranhão à Independência do Brasil,  José Felix Pereira Burgos foi agraciado com o título de Barão de Itapecuru (Itapycuru). Também foi presidente da província do Pará em 1830 e ainda ministro da Guerra, passando a ser conhecido como, Senhor Itapucuru.
[2] No Maranhão, a adesão só acontece no dia 28 de julho, na Bahia foi 02 de julho e no Pará, 15 de agosto.
[3] Pela Lei n 11 de 6 de maio de 1835 a Assembleia Provincial declarou feriado estadual o dia 28 de julho


Do livro Sinópse  da História de Itapecuru Mirim (Inédito) de autoria de Jucey Santana

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