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segunda-feira, 25 de fevereiro de 2019

JOSÉ ALBINO CAMPOS FILHO



 

  Padre, professor e empreendedor

Jucey Santana
                            
            O cônego José Albino Campos Filho, conhecido na infância  como Zequinha,  nasceu em 4 de fevereiro de 1922, em  São Vicente de Ferrer, cidade da Baixada Ocidental Maranhense. Filho de José Albino Campos e Maria Sodré Campos. Tinha três irmãos: Geraldo, Maria Emília e Dinorá.

            Cursou até o 4º ano do  primário, na Escola Agrupada de São Vicente de Ferrer, e concluído  no Grupo Escolar Mota Júnior em São Bento (MA), dirigido por frades Capuchinhos.

            Demonstrando inclinação religiosa, seus pais resolveram, em 1935, encaminhá-lo ao  Seminário de Santo Antônio em São Luís, com 13 anos de idade. Concluiu o curso de Humanidade em 1941, o de Filosofia em 1943 e  Teologia em 1944.

            Recebeu a primeira  tonsura no dia 25 de abril de 1944, sendo oficiante Dom Carlos Carmelo de Vasconcelos Mota, então Arcebispo do Maranhão. Em nove de dezembro de 1945 recebeu as  ordens menores do Ostiriato e Leitorato,  das mãos do bispo de Caxias, Dom Luís Gonzaga da Cunha Marelin;  as segundas ordens do  Subdiaconato  foram ministradas  a 11 de setembro de 1947 por Dom Adalberto Acioli Sobral; em 26 de outubro, de Diaconato  e em  11 de novembro do mesmo ano recebeu o ministério  de Presbiterato.

            Ordenou-se no dia 8 de dezembro de 1947 na Catedral Metropolitana, sendo o bispo ordenante Dom Adalberto Acioli Sobral. Foi seu companheiro de seminário e ordenação José Ribamar Carvalho, (reitor da UFMA). Celebrou sua Primeira Missa na Igreja de Santo Antônio, em 9 de dezembro de 1947 e celebrou a "Missa Nova" na Matriz de São Vicente de Ferrer, sua terra natal, a 1º de janeiro de 1948 com a presença de todos os familiares e amigos.

            Em 1948, foi celebrada a 1º provisão de Vigário Coadjuntor da Paróquia de Nossa Senhora da Conceição, no bairro Monte Castelo, em São Luís, depois designaram-no Capelão do Hospital Geral, instituição hospitalar dirigida por  religiosas,  permanecendo  por cinco meses.

          Em seguida, foi transferido para a Catedral Metropolitana como Vigário Cooperador onde trabalhou durante sete meses, até ser removido para a Paróquia de São Vicente de Ferrer, em substituição ao Monsenhor José Bráulio Nunes. De lá foi   para  Itapecuru-Mirím, com  29 anos, em substituição ao padre Alteredo Soeiro, que havia sido transferido. 

            No dia 12 de dezembro de 1950, chegou a Itapecuru-Mirím, recebendo a provisão de Pároco das mãos do arcebispo Dom Bacelar Portela, recepcionado pelo padre Alteredo Soeiro e grande número de paroquianos. 

            Imbuído de entusiasmo e  temperamento extrovertido, conquistou logo de início a cidade e o seu povo. Em Itapecuru Mirim viveu  19 anos, dirigindo como bom Pastor o seu rebanho, desenvolvendo  atividades, não só no campo espiritual, como também,  no âmbito social e educacional. 
       Movimentava-se bem em todas as classes sociais. Foi apaixonado pela educação.  Deixou para Itapecuru Mirim um legado imorredouro de ações concretas e necessárias.

 Hino da Padroeira e Queda da Torre

          Logo que chegou a Itapecuru Mirim, Padre Albino  reorganizou o coro recrutando mais pessoas para o grupo  e introduzindo novos cantos. Encomendou também um novo a Padroeira Nossa Senhora das Dores. Em 15 de setembro de 1956  foi cantado pela primeira vez o hino,  com a letra de Luiz Gonzaga Madureira (vigário-geral Spiritualibus) e a música do Padre Videi (superior da prelazia de Pinheiro). O novo hino substituiu o antigo “Hino de Nossa Senhora das Dores” , de autoria da poetisa  Mariana Luz.

           Em 21 de janeiro de 1961 a cidade foi abalada por um temporal que, fez desabar a cúpula da torre da igreja e em consequência ruiu também o coro e parte do teto, trazendo prejuízo e tristeza, escreveu Padre Albino.  Com campanhas comunitárias, adesão de voluntários e ordens religiosas, ele conseguiu além da reconstrução da torre e do coro, fazer uma reforma  total na igreja que foi  pintada a óleo e  forrada, para livrar das andorinhas e morcegos.  Em 1º de janeiro de 1965, na festa de São Benedito, houve a bênção da nova torre da Igreja na presença da população, padres das cidades vizinhas e autoridades convidadas especialmente para o evento . 

       Os  grupos religiosos da época eram: Apostolado da Oração, Confraria de São Vicente de Paulo,  Irmandade de Nossa Senhora das Dores, Zeladoras do Coração de Jesus,  Zeladoras de São José e Associadas Filhas de Maria.

       O sino era um dos meios de comunicação atuante, badalado pelo sineiro e sacristão Clóvis Cordeiro Mendes, amigo e companheiro do Padre Albino, nas diversas desobrigas. O sino anunciava, nascimento, morte, as chamadas das missas, e repicava por ocasião festivas servindo de referência para os hábitos da comunidade.

                                               Escola Paroquial

      Padre Albino reabriu em 1952 a escola iniciada por Padre Alteredo Soeiro de Mesquita  e o professor Natinho Ferraz, em 1º de março de 1947. A escola havia funcionado pouco tempo.        A direção foi entregue  a Teresinha Aragão filha da professora Cotinha Lima. Em 1953 com o casamente de Teresinha com o empresário Benedito Bráulio Mendes assumiu em seu lugar a normalista Maria Galileia Rodrigues filha do prefeito João Rodrigues. O padre e a nova  professora passaram a organizar várias companhas comunitárias para aquisição de carteiras e material didáticos com vistas ao crescimento da escola. Três anos depois a escola já havia se expandido para todos os cômodos da Casa Paroquial. 

            Houve a necessidade de contratar novas professoras e fazer campanhas maiores  com alunos, pais e  grupos religiosos, para construção da sede própria da escola. Recebiam  doações, faziam vendas em barracas, leilões, bailes beneficentes etc. No início de 1957 foi iniciado a construção do prédio  na Avenida Brasil. A Escola Paroquial São Vicente de Paulo foi inaugurada  no final de 1958,  com um programa de educação aprimorado.  

             Pouco tempo depois parte da escola desabou. Fala-se que a estrutura lateral foi construída em cima de um poço antigo, sem o aterramento apropriado, sendo logo reerguida não sofrendo descontinuidade em seu programa.  A festa de entrega de diploma da 1ª turma do antigo primário aconteceu em 15 de novembro de 1960, com nove concludentes.
            No ano de 1960, Padre Albino, foi elevado, por merecimento, à dignidade de Cônego na Catedral Metropolitana.

Irmãs Josefinas

            O  padre Albino intermediou  junto ao arcebispo Metropolitano    Dom José Medeiros Delgado, a vinda das Irmãs Josefinas, para atuar na  administração da Escola Paroquial e nas ações de evangelizadoras de Itapecuru Mirim.

            A fundação e instalação da Casa das Irmãs Josefinas aconteceu em 28 de julho de 1963, com a presença do arcebispo Dom José Medeiros Delgado, que mesmo já transferido  para Fortaleza, esteve no evento. Na solenidade estiveram  presentes a Madre Superiora e fundadora da instituição, Irmã Rosita Paiva; a mestra das noviças, Irmã Maria Luiza Fontenele, padre Hélio Paiva, mais cinco irmãs da congregação, que vieram para ficar em Itapecuru Mirim.

        A casa foi adquirida do telegrafista (guarda-fio) Euclides Zoca e doada pela Prefeitura, na gestão de Abdalla Buzar Neto.   

            A bênção da casa foi acompanhada por grande multidão, autoridades e convidados de outros municípios, com a banda musical  executando o Hino da Padroeira Encerrou-se com um almoço na casa paroquial, oferecido por padre  Albino.  

Ginásio Bandeirante

       Com a criação do projeto “Ginásio Bandeirante,” em 1967,   a professora Ana Maria Patello  Saldanha, coordenadora do projeto  informou que Itapecuru Mirim tinha sido contemplado com uma unidade. Como  a Prefeitura Municipal não recepcionou de imediato  o programa, o Padre Albino cadastrou a Escola Paroquial no convênio do Estado, em caráter de urgência  e apresentou toda a documentação em tempo hábil para não perder o beneficio.  Em 14 de março de 1968 sob  intensa chuva, foi oficialmente instalado o Ginásio Bandeirante com 41 alunos matriculados.  O Jornal Pequeno  publicou:

                       Importante iniciativa do governo através da Secretaria da  Educação e Cultura em convenio com a Paróquia Nossa  Senhora das Dores (...). além da presença a professora Ana      Maria e Padre Albino, estiveram  presentes e Dr. Benedito     Bogea Buzar, Doutor Antenógenes médico da  cidade,  Dra Elite Promotora da Comarca, o corpo docente e discente do estabelecimento, benfeitores e amigos, que no final do evento foram   recepcionados com um jantar na Casa               Paroquial. (Jornal Pequeno, 3 de abril de 1968).

            Ele contou com muitos colaboradorescomo, Teresinha Aragão Mendes, que organizou o Ginásio, e teve  um corpo docente de primeira linha: Maria José Valquitã, Nonato Lopes, Ozanan Coelho, Astor Serra, Maria das Dores, Alzir Carvalho, João Silveira e outros. Embora já doente, o padre Albino foi o seu primeiro diretor até a sua morte.   

            Também foram diretores: Padre Benedito, Dr. Fernando Wellington, professor Raimundo Nonato Lopes. Em 1979, o Ginásio Bandeirante  foi transformado em CEMA, outro programa do Governo. Também auxiliou na fundação da Escola de Regentes de Educação por Leonel Amorim em 15 de fevereiro de 1955, e lecionou voluntariamente  música e latim.

Missões Populares e Estrada do Tingidor

                 Das quatro grandes missões, ao estilo antigo em Itapecuru Mirim, duas delas se realizaram a pedido de padre Albino. Em agosto de 1955 os padres da Congregação Redentoristas efetivaram  uma grande cruzada de evangelização, quando colocaram o cruzeiro em frente ao DER,  antigo Morro do Diogo, em 29 de agosto.  Como os missionários desejavam visitar o povoado Tingidor, e o acesso era precário, Padre Albino estimulou os lavradores a abrirem uma estrada de emergência para passar o caminhão das Missões Volantes, cedido por  Geraldo Vasconcelos residente do DER local. 

            Os antigos moradores lembram-se da população rural   de machado, foice e outros instrumentos agrícolas, tendo à frente o padre comandando o trabalho. − A estrada do Tingidor, é uma providencia de grande alcance para a economia do vale do Iguará e Munim, principalmente, para facilitar o escoamento do arroz, com grande demanda na região,  dizia o padre. Aquela estrada foi  usada até no início dos anos 70, quando foi compactada pelo prefeito Miguel Fiquene. 

            Outra Missão foi em 1962  pelos missionários Lazaristas.

Agricultores e Associações  de Classes

            Padre Albino foi um dos fundadores da Cooperativa Industrial e Agrícola,  em   24 de maio de 1953  com  a finalidade  de fazer funcionar a Usina de Álcool de Mandioca e amparar os operários,   agricultores e  pequenos empreendedores com financiamentos. Tendo como presidente    José Alexandre de Oliveira, fazia parte também da sua diretoria: Padre Albino,  Abdala Buzar, João Rodrigues, Orlando Mota, Benedito Bráulio Mendes e Sebastião Bandeira. 

            Em 28 de dezembro de 1957, foi inaugurado o Coreto da Matriz, doado pelo Dr. Rui Mesquita, diretor do DER.

Principais Festas Religiosas

             As festas religiosas na época do Padre Albino ainda eram de responsabilidade das famílias influentes. A de São Benedito, realizada no final de dezembro tinha como responsável o Sr. Abdala Buzar, que emprestava grande brilhantismo ao festejo. 

             A segunda festa em importância no calendário litúrgico, a Festa da Santa Cruz, em meados de outubro, sob a responsabilidade da família Nogueira, tendo na pessoa de Francisco Nogueira  (Chico Nogueira), o seu maior ícone. 

            A terceira, a Festa do Divino Espírito Santo,  era de responsabilidade de  Raimundo Francisco Veras. 

            A quarta   festa em importância, era de Nossa Senhora das Dores, a Padroeira, ficava a cargo de  Eudâmidas e Cirene Sitaro e outras famílias influentes e finalmente a Festa de São Vicente de Paulo de responsabilidade dos Vicentinos.

            Com o desaparecimento dos seus mantenedores e do padre Albino estas festas entraram em declínio.  
Grandes Acontecimentos

            Grandes eventos marcaram a administração de Padre Albino em Itapecuru Mirim. O golpe militar de 1964 que instalou o regime ditatorial no País e a reforma religiosa.       Com a ditadura militar e a igreja fazendo a opção pelas classes oprimidas surgem novas práticas de evangelização, para estabelecer contatos diretos com os fiéis como, as Comunidades Eclesiais de Base, Comissão de Justiça e Paz, Conselho Indigenista Missionário, Comissão Pastoral da Terra e outras ferramentas para o intercâmbio entre Igreja e o homem do campo,  os “ Sem Terra”. 

            Padre Albino implantou no município  a nova orientação eclesiástica. Criou grupo de pastoral da terra, organizou a Semana Ruralista em Agosto de 1957, com a presença do governador, José Matos Carvalho, comandante do 24 BC, do arcebispo dom José Delgado,  Secretários de Estado e médicos. Com fórum de debates sobre problemas da região como: saúde, educação, transportes, assentamentos, cooperativismo etc. Ao final  houve desfile dos lavradores pelas ruas, ostentando as suas ferramentas de trabalho. 

            Organizou o curso de Líderes Rurais de 15 a 29 de março de 1961. Para jovens de Itapecuru e Vargem Grande, dirigido por técnicos agrícolas de São Luís e outros eventos ruralistas. 

            Outro acontecimento importante na época do padre Albino foi a reforma religiosa, que  alterou a estrutura da igreja,  o Concílio Vaticano II, que mexeu nos dogmas da Igreja com mudanças radicais. Para citar algumas: a missa em latim passou a ser celebrada na língua pátria,  a mudança da postura do celebrante, nos rituais eucarísticos,   passou a ser de frente para os fiéis, também houve mudanças  na aplicação de alguns sacramentos, retirada de ícones entre outras.  

            As modificações implantadas a partir de 7 de março de 1965, trouxeram  à comunidade católica  expectativas e incertezas, quanto ao  rumo da Igreja. O padre conduziu com sabedoria metodológica, passando tranquilidade à população. 

     .                                         Agência do Banco do Brasil

                    Antiga reivindicação da Associação Comercial, Industrial e Agrícola de Itapecuru Mirim, a instalação de uma  agencia  do Banco do Brasil na cidade, teve na pessoa do padre Albino um patrono importante no processo.

            O Banco do Brasil planejava instalar uma agência em  Chapadinha ficando a de Itapecuru Mirim em segundo plano.  O padre, sendo primo do diretor Regional do Banco, Sr. Agenor Fernandes, intermediou trazendo a agencia imediatamente para o município e  intercedendo para que  os gerentes fossem itapecuruenses.  Pleito atendido em 18 de maio de 1964, em acontecimento festivo foi  inaugurada a  agência tendo  Astor Cruz Serra e Wallace Mota designados gerente e sub-gerente, ambos itapecuruenses.  
              
Outras Informações

            Padre Albino  fez parte do grupo de itapecuruenses  composto por Joaquim Araújo, Feliciano Costa Luis Bandeira que resgatou em 1953  o hino de Itapecuru, de autoria do maestro Sebastião Pinto. Como ficou descontente porque no texto não citava a palavra Itapecuru, o padre criou o seu estribilho “ Terra de amor, Itapecuru” , sem prejuízo da música. (Vr. Sebastião Pinto). 

             Para atender a tantas comunidades, as desobrigas (visitas pastorais  às comunidades rurais),   em lombo de burro, que muitas  vezes duravam semanas sem voltar à Casa Paroquial.  Sobre esses eventos  contam-se muitas histórias pitorescas de situações difíceis que ele vivenciou, como uma viagem,  em época de chuvas ao saltar o riacho Ipiranga, caiu cavalo e cavaleiro na enxurrada, sendo salvo por intervenção de lavradores, e outras situações, enfrentando atoleiros. Ele se sentia à vontade com  os caboclos, gostava das roças. 

             O Padre Albino era considerado quase como um membro de cada família.   Deixou centenas de afilhados e compadres de “alma”. Muitos pequenos itapecuruenses receberam na pia batismal o nome Albino, em sua homenagem.         Ele sempre dizia, “A casa paroquial deve ser a primeira a abrir e a última a fechar, porque é a casa do povo”.

           Quando do translado do seu corpo de São Luís para Itapecuru Mirim, foi decretado feriado local. Houve comoção geral no acolhimento do corpo   que foi  sepultado na Igreja,   com autorização de Dom Mota Albuquerque  por intermédio de Dom Medeiros Delgado, de  Fortaleza (CE).   Faleceu em São  Luís, no dia 24 de Janeiro de 1970.

             A missa do sétimo dia foi concelebrada por três cônegos, amigos: cônego Gerson Nunes Freire,  cônego  José Ribamar Carvalho (amigo de ordenação) e cônego Raimundo Carvalho. (de Vargem Grande).

                        José Albino Campos é patrono da cadeira 17 da Academia Itapecuruense de Ciências, Letras e Artes tendo como  ocupante , Jucey Santos de Santana.

RAIMUNDO CARDOSO



    
       Jornalista e poeta


Jucey Santana

O jornalista, poeta e cronista Raimundo Nonato Cardoso filho de Othon de Carvalho Cardoso e Maria Madalena Cardoso  nasceu em Itapecuru Mirim em 17 de fevereiro de 1921. Foi aluno da professora Mariana Luz e seguiu para São Luís ainda muito moço para complementação dos estudos. 

Depois da conclusão do curso  de Técnico em Comunicação no Rio de Janeiro foi nomeado para o INPS via concurso. Na Capital Federal foi redator dos jornais O Dia e A Notícia. Transferido para São Luís em meados dos anos 40 do século passado passou a atuar como jornalista nod seguintes matutinos:  O Combate, O Imparcial, O Globo  e no Correio do Nordeste, do conterrâneo Zuzu Nahuz.

Como poeta fazia parte do Centro Cultural Gonçalves Dias, entidade que abrigava grandes vultos  maranhenses de projeção literária  e em 1º de setembro de 1976 ingressou no em 1º de setembro de 1976 nos quadros do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão na categoria de Membro Correspondente.

Foi casado com a Senhora Zenóbia Djanira Serejo Cardoso com quem teve os seguintes filhos: Humberto, Marcelo, Bernardo e Maria de Fátima.

O jornalista Benedito Bogea Buzar, que chegou a conhecer o conterrâneo Raimundo Cardoso, confirmou a  inteligência e a relevante atuação do jornalista ao tempo que lamentou que  toda sua produção literária foi perdida.

LUIS BANDEIRA DE MELO

 

                              Professor e Poeta


Jucey Santana
Luis Gonzaga Bandeira de Melo, itapecuruense, filho de Boaventura Catão  Bandeira de Melo e Benedita Francisca Bandeira de Melo, nasceu em 14 de fevereiro de 1915, no Engenho Laranjeira, propriedade dos Bandeira de Melo, atualmente assentamento “Conceição Rosa”,  e  faleceu em 6 de setembro de 1986. 

Estudou no Instituto Rio Branco,  fundado pelo professor Newton Neves, em 1926. Nos anos 40 chegou a ser professor do Instituto, quando o mesmo era dirigido pelo professor João Rodrigues.  Inteligente e dinâmico,  estudou   Noções de Direito, em São Luís, tornando-se excelente  advogado provisionado, atuante nas lides em defesa dos  conterrâneos, tendo se inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil –OAB   Seção do Maranhão,  em 4 de julho de 1970,  com o nº 96 da Ordem, com autorização para exercer a advocacia  nas comarcas de Itapecuru Mirim e Vitória do Mearim e seus respectivos termos. 

            Foi prefeito da cidade de Itapecuru Mirim em 1951, por um período de dois meses e meio quando renunciou porque a  cidade estava passando por um período conturbado na política. (Vr. João Rodrigues).   Nomeado em 1956 ao cargo de  coletor  da Exatoria Estadual da cidade de Cantanhede, onde também foi professor e criou a festa da Cruz, ao molde da festa de Itapecuru Mirim.  Segundo Abraão Teixeira no livro Cantanhede, sua gente e sua história (2002), Luis  Bandeira “realizava a festa da Santa Cruz, na Rua da Cruz, com inicio a 24 de agosto,  e em 1º  de setembro acontecia o encerramento do festejo”.  

Luis Bandeira teve uma importante atuação política e social em Itapecuru Mirim. Foi secretário de Educação de Itapecuru Mirim em 1979, diretor da Escola Mariana Luz, criou a bandeira municipal em 1978, foi co-autor do Hino de Itapecuru Mirim  (Vr. Sebastião Pinto).
Luis Bandeira foi incansável estudioso do Espiritismo, sendo muito influenciado pelo amigo e seguidor da doutrina, Juvenal Nascimento. As reuniões dos seguidores da doutrina de cunho filosófico-religioso eram realizadas nas casas dos médiuns ou simpatizantes. Em 27 de junho de 1976 foi inaugurada a sede própria do Centro Espírita Amor e Caridade, sendo Luis Bandeira presidente. Os outros membros da diretoria foram os seguintes: Sixto Amorim de Sousa, Graciete Cassas e Silva, Maria de Nazaré Coelho, José do Carmo Nogueira e João da Cruz Silveira. Na ocasião foi lançado o livro “Rosália” de autoria de Luis Bandeira, em homenagem  a professora e poetisa Rosália, tia do autor. Sobre o livro, o trovador Juvenal Nascimento assim se manifesta: 

Aglomerado de ensinamentos que vamos encontrar, ao explorar o lastro de intuições aqui registradas e os florescentes esclarecimentos postos a serviço do ser humano, no campo da espiritualide. (...)  mensagem humana e espiritual que meu amigo Luis Gonzaga Bandeira de Melo nos transmite através de seu romance; 

Luis Bandeira foi poeta, escritor,  compositor, cronista e orador fluente. Escreveu várias peças teatrais e inúmeros poemas, tais como: Ser Espírita, Até Breve, Adivinhação, A Humildade, Homenagem as Mães,  Ser Pai, A Criação, e Acusação e Remorso.

Elaborou uma apostilha sobre a História de Itapecuru Mirim, que era aplicada  nas escolas. Também foi colaborador do  jornal Trabalhista,  de João Rodrigues,  nos anos 40. Era  um apaixonado pela sua terra natal.

Casou-se com  Maria José Bezerra, com quem teve 5 filhos. Ficando viúvo, contraiu segundas  núpcias com a senhora Maria Ferreira Bandeira de Melo, com a qual  veio a ter   mais nove filhos, perfazendo um total de 14.

O ilustre itapecuruense teve seu mérito reconhecido, sendo patrono da Cadeira  14 da Academia Itapecuruense de Ciências, Letras e Artes – AICLA