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domingo, 19 de maio de 2019

LUIZ DE MELO: quase 4 décadas de pesquisas históricas



  

Luiz de Melo
Jucey Santana

Em 15 de maio corrente  a   Academia Ludovicense de Letras, fez a abertura do projeto “Luzes da Ribalta”, na Academia  Maranhense de Letra, com homenagens aos pesquisadores Luiz de Melo e Jean Marie Collin.

  O projeto tem por objetivo reverenciar pesquisadores, escritores e artistas que prestaram relevante contribuição à cultura maranhense, com a outorga da maior honraria da instituição, a Medalha Maria Firmina dos Reis. À signatária, coube discorrer sobre a vida e obra de Luiz de Melo:
        Luiz Franco de Oliveira Melo, nosso querido Luiz de Melo,   pesquisador e contista maranhense, nasceu em  6 de maio de 1944. Muito cedo enveredou pelo campo da literatura. Ao se tornar  funcionário público, intensificou seu trabalho na literatura depois   abraçou a pesquisa histórica como forma de  sobrevivencia financeira. 

Hoje aos  75 anos, o persistente Luiz de Mello parece carregar um fardo pesado demais diante de sua saúde precária.

Ainda assim, ele não tem repouso e movimenta-se por acervos de bibliotecas da Capital, pesquisando e mantendo, além da obstinação, uma luta constante para que os seus trabalhos sejam publicados.

          A partir de 1961 iniciou sua trajetória literária,  ainda adolescente, começou  a escrever contos e romances. Na ocasião  mostrou seus escritos a duas escritoras: Arlete Nogueira  e Helena Barros Huley. De ambas recebeu incentivo para continuar escrevendo.

Em 1963, publicou seu primeiro conto no jornal do Itapecuruense Zuzu Nahuz,  Correio do Nordeste. Através deste jornal que ele conheceu  a poetisa Venúsia Neiva, os jornalistas Zuzú  e Alfredo Galvão, os poetas José Chagas, Bandeira Tribuzi, Nauro Machado, José Maria Nascimento e outros.

Em 1964, já estava bem ambientado nos meios literários. Lembra Luiz Melo que na época os contistas mais conhecidos eram: Ubiratan Teixeira, Bernardo Tajra, Fernando Moreira, Reginaldo Teles, Jorge Nascimento e Erasmo Dias, que passaram a demostrar interesse e admiração  ao jovem escritor .

Até 1965 Luiz de Melo já havia  escrito oito romances, duas peças teatrais e dezenas de contos. Sem condições financeiras para  publicar seus escritos ia armazenando. Chegou a mostrar a alguns escritores e amigos  mas estes nada puderam fazer para ajuda-lo.

 Infelizmente, em 1966, durante uma crise de alcoolismo, tocou  fogo em quase tudo, romances e peças teatrais viraram cinzas,  o que  lamenta até hoje.

 Foi colaborador de vários jornais nos anos 60 e 70,  como o Correio do Nordeste, Jornal do Dia e o semanário Jornal do Maranhão.
          
A sua primeira pesquisa data de 1965, sobre a obra do comediógrafo Américo Azevedo, irmão de Aluísio e Artur Azevedo. Infelizmente depois de exaustiva pesquisa  as  comédias  caíram no esquecimento,  nada foi publicado.  Uma pena!

Depois de um período desempregado, em 1985, foi contratado pela Secretaria da Fazenda do Estado, por intermédio de  Nascimento Moraes Filho,  para  realizar uma longa pesquisa do período de 1835 a 1981 da  História do Tesouro Público Provincial. O trabalho durou  dois anos e meio, foi gratificante!

Posteriormente surgiram convites de mais duas Secretarias de Estado e de alguns escritores. E assim ele foi sobrevivendo,  pesquisando sem parar. Foram tantas as pesquisas que ele não consegue  relembrar, apesar da sua prodigiosa memória. Como não tinha  emprego, era um pesquisador autônomo, como meio de vida.   
    
Suas pesquisas giram em torno  70% de questões  históricos e 30% de literários. Pesquisou sobre comércio, indústria, navegação fluvial, estabelecimentos bancários, cinemas, fábricas de tecidos, terrenos  e seus primitivos proprietários, inúmeras sesmarias, ruas e outros logradouros públicos,  atividades de fotógrafos, pintores, escultores, desenhistas, e localizou obras como romances, contos, crônicas e poesias de vários autores, dos séculos XIX e XX, enfim, trata-se de uma extensa lista de textos pesquisados em mais de cinco  décadas.   

Sobre os autores maranhenses Luiz de Melo questão de destacar os seguintes com quem teve sempre muito contato e admiração: Nauro Machado, Bandeira Tribuzi, José Chagas, Mário Meireles, Jomar Moraes, Arlete Nogueira da Cruz, Ubiratan Teixeira, Bernardo Almeida, Fernando Braga, Francisco Tribuzi, Josué Montello, José Louzeiro, Carlos Cunha, José Maria Nascimento, Ferreira Gullar, Lucas Baldez, Fernando Moreira, Ceres Costa Fernandes, Domingos Vieira Filho, Nascimento Moraes, Clóvis Ramos, José Fernandes, Lenita de Sá, Manoel Caetano Bandeira de Mello, Wilson Martins, Alberico Carneiro,  Joaquim Haickel, José Sarney, Lucy Teixeira, Laura Amélia Damous, Carlos Gaspar, Alex Brasil, Ivan Sarney, Joaquim Itapary,  Cunha Santos Filho, Lourival Serejo, Waldemiro Viana, Américo Azevedo Neto, Benedito Buzar, Álvaro (Vavá) Melo,  Lino Moreira, Cursino Raposo, José Ribamar Caldeira, Wanda Cristina, João Mohana, Herbert de Jesus Santos, Dagmar Destêrro,  etc, etc.
          
            Durante sua trajetória literária acompanhou com interesse a produção literária do   Maranhão,  afirmando que sempre  esteve aquém do esperado, apesar de grandes talentos, excetuando os  autores que possuíam  recursos próprios, a política editorial do estado era muito  emperrada, porém,  com o advento da AMEI, abraçando a causa do escritor o marasmo no cenário literário aos poucos está aos pouco se dissipando.   

Só relembrando: a única Antologia de Contos Maranhenses, coordenada por Arlete Nogueira da Cruz, em 1972, nunca foi reeditada. Isso é lamentável. Vale registrar que o casal Nauro Machado e Arlete sempre foram seus maiores amigos e incentivadores, o tratando por Melão. 

                        Luiz de Mello é autor dos seguintes livros:

1 - Os Pintores Domingos e Horácio Tribuzi (pesquisa histórica) 1989;
2 - Meridiano Oposto (contos) 1990.
3 - Os terroristas e os outros (conto). (1993).
4 - Os segredos de Guímel (contos) 1996;
5- Primórdios da telefonia em São Luís e Belém (pesquisa)  1999, integrando a série Documentos Maranhenses;
6 - Pintores Maranhenses do Século XIX (pesquisa). (2002);
7 - Cronologia das Artes Plásticas no Maranhão (1842–1930), 2004.

                        Organização de textos: 

1 - O Maranhão Histórico (ensaio), de José Ribeiro do Amaral.  2003. Coleção GEIA de Temas Maranhenses.Vol.1.
2 - Informação sobre a Capitania do Maranhão dada em 1813, de Bernardo José da Gama (Visconde de Goiana) 2013.
3 - Dois Estudos Históricos de Jerônimo de Viveiros – Escorço da História do Açúcar no Maranhão/No tempo das eleições a cacetes. 2016.
4 - Quadros da Vida Maranhense, de Jerônimo de Viveiros (inédito).
5 – Variedades Históricas Maranhenses  (2019).
6 - Páginas de Saudade, crônicas de Crysosthomo de Souza (inédito).
7 - Coisas do Nosso Folclore, artigos de Nonnato Masson (inédito). 

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