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quinta-feira, 30 de julho de 2020

ALFAMA

 *César Borralho

A solidão é um pássaro
faminto de outro pássaro.

Quando sorrimos,
às vezes a vida nos escapa...
e o tom nos muda,
de cor.

Se na vida há algum mistério
é guardado segredo das coisas
que ao homem velho
se repetem sem exatidão,
sem muita prece,
sem perdão!

Escondido no rosto mais firme da face
todo afeto é movimento de imagem
como na pele a tatuagem que só você vê.

Que lembrança teus olhos te trazem
enquanto todos dizem apenas que é chuva?

A infância é um rio
que nunca se perdeu.

O que o corpo grita?
De que água tua alma é favorita em sede?
Sobre a sombra de qual parede te escondes
e teu suor te desespera?

Pele é alma na camada mais fina do ser,
uma menina correndo descalça na rua.

O corpo é o único moço que sabe o que quer.

Não existe outro tempo, existe o abismo
a fincar sem timidez mais uma cruz.

Com gigantesco poder de atmosfera...
apenas goza em sua órbita a lua
e mesmo cheia ou nua não reluz:
- Afasta de si no céu a escuridão!


*César Borralho, natural de Codó (MA), 1979, porém, vivo em São Luís do Maranhão desde 1979. Sou professor, mestre em Cultura e Sociedade, especialista em Filosofia da Arte e graduado em Filosofia. Escrever poesia é dar ritmo às imagens que ele cria na eterna luta para que o papel não fique obscuro e nem tão vazio. Poesia é o vento que leva o barco quando barco não há. Nunca aspirou publicar um livro para me tornar poeta, mas se um dia se tornar um poeta, publicará um livro.

30 comentários:

  1. César, no teu poema escolheste no refúgio do asilo, falar de uma vida a partir da solidão, do sorriso, dos mistérios, das lembranças, do arfar que clama e nas sobras a esconder os desenganos do tempo. Que refúgio sublime te fez expor os sentimentos em belos versos. Parabéns!

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  2. " que lembrança teus olhos te trazem enquanto todos dizem apenas que é chuva?" Parabéns, César!

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  3. Respostas
    1. Deus me livre de viver dentro de uma lâmpada minha querida prima. Bjs.

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  4. Parabéns Cesar! Linda e sensível.

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  5. Obrigado meu sobrinho. Sei que és sensível às letras, às notas e às batidas do coração.

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  6. Lindo! De uma sensibilidade ímpar!

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  7. Lindo! De uma sensibilidade ímpar!

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  8. Tive a honra de sermos colegas de turma. Nosso poeta, parabéns!!!

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  9. Se a ti foi confiada esta missão que dar à solidão o perdão...quem sou eu para dizer-te em meio a multidão da gratidão que tenho por tua aglomeração vocacional de tocar-me a alma, etc e tal?
    "O corpo é o único moço que sabe o que quer"...

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