*César Borralho
Há um cheiro que ficou no ar
desde que você se foi.
Comprei pá, sacho e um regador
que não pretendo usar.
Pretendo, ao que me permitas,
conduzir tua lavoura no poente
proporcionando ao árido o fértil,
germinando a poesia das sementes
ainda verdes no jardim do teu olhar.
Em tua boca o outono em ventania é o sorriso
que dobra o xaxim à samambaia, ao movê-la,
assim como um pássaro abraça as estrelas
em todo silêncio que é preciso para dobrar
a gaiola em seu voo ou pensamento.
Lembra-te que, por virtude divina ou maldade,
virá o derradeiro anoitecer (o Jardineiro),
com luvas de primavera e tesoura
que não pretende usar.
Com terra ancestral – negra borracha,
irá desmanchar a mão que escreve,
como o lápis de sol desenha,
com técnica de bonsai, água na neve.
*César Borralho, natural de Codó (MA), 1979, vive em São Luís do Maranhão desde 1979. É professor, mestre em Cultura e Sociedade, especialista em Filosofia da Arte e graduado em Filosofia. Escrever poesia é dar ritmo às imagens que ele cria na eterna luta para que o papel não fique obscuro e nem tão vazio. Poesia é o vento que leva o barco quando barco não há. Nunca aspirou publicar um livro para me tornar poeta, mas se um dia se tornar um poeta, publicará um livro.
Lindo!Toda a sensibilidade traduzida em palavras!
ResponderExcluirObrigado.
ExcluirPerfeito!
ResponderExcluirQueria que fosse. Obrigado.
ExcluirTenho uma pá aqui tb! ❤️
ResponderExcluirMaravilha. 😺
ExcluirSalve poeta... Muiito bom ler tuas palavras...
ResponderExcluirSalve. Gratíssimo.
ExcluirMeus parabéns meu amigo vc é um grande guerreiro
ResponderExcluirSomos todos. Obrigado.
ExcluirSomos todos. Obrigado
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