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quinta-feira, 31 de dezembro de 2020

CENTENÁRIO DO MERCADO PÚBLICO MUNICIPAL DE ITAPECURU MIRIM

    

100 anos  do Mercado Público, 31 de dezembro de 2020.

Jucey Santana

A construção de um mercado público em Itapecuru Mirim, era uma antiga reivindicação da população da cidade, que se ressentia da insalubridade e falta de higiene  pública que reinava na  região, atraindo urubus, ratos e outros habitantes indesejáveis, transmissores de doenças. Abaixo transcrevemos a seguinte denúncia:

“Assim que se vê constantemente infração das posturas municipais, serem abatidas as reses destinadas ao consumo público no meio da rua. São três marchantes efetivos e cada um destes faz seu matadouro e açougue defronte de sua porta, causando, como está reconhecido, grande mal à saúde em razão do mau cheiro que exala, empestando tudo. (Comércio, Lavoura e Indústria, 21.5.1886).


     Basilio Simão já havia tentado eleger-se intendente, em 1915, tendo por  discurso a construção  de um mercado público,  porém foi derrotado pelo cearense, Francisco Ferreira Apoliano.

O libanês resolveu fundar um jornal político em Itapecuru, “O Progresso”, com o jornalista Francisco Cardoso*, para trabalhar em sua campanha eleitoral e saiu vitorioso na campanha de 1918.



Ao tomar posse como Intendente Municipal em 1918,  Basílio Simão resolveu pôr em prática   sua maior promessa de campanha, a construção do mercado público.

O maior entrave deu-se pelo fato do prefeito, de espírito arrojado e temperamental, se indispor de imediato  com as tradicionais famílias políticas de da cidade, os Nogueira da Cruz, os Sitaro e a família Bezerra, grande maioria na Câmara, ficando aliado somente à família Bandeira de Melo. 



A questão da construção do Mercado, foi aprovada com valor ínfimo pela Câmara então o libanês tomou para si o projeto e por conta própria resolveu empreender a obra, sem prestar contas a Câmara Municipal, o que causou um grande conflito entre o executivo, legislativo e a população. 

Segundo depoimentos de antigos itapecuruenses, como Jamil Mubarack e Sebastião Ferreira, os pedreiros de Itapecuru Mirim se recusaram a trabalhar na obra por receio de represálias das famílias “poderosas”, então o gestor tomou a iniciativa de contratar os pedreiros da vizinha cidade de Rosário e todo o material de construção (tijolos e telhas). E ainda diziam que a noite os oposicionistas mandavam derrubar o que havia sido construído durante o dia. 


Depois de muitas pressões, e divergências políticas entre o gestor municipal e a Câmara dos Vereadores,  finalmente em 31 de dezembro de 1920 foi inaugurado o Mercado Público Municipal, na antiga Praça Coronel Nogueira, atual João Lisboa, na área antiga da cidade. (Pacotilha, 3.1.1921). Os seus opositores boicotaram o evento festivo, não deram as “caras” e ainda aconselharam a população a fazer o mesmo.   







 O Mercado passou por várias reformas, desfigurando completamente a antiga fachada. Em, 1962 o mercado passou por importante reforma na gestão do prefeito Abdala Buzar.

          Jornal o Progresso

*Francisco Manoel Cardoso jornalista e advogado, chegou a Itapecuru Mirim, a convite de Basílio Simão para ajudá-lo na campanha eleitoral.  Em 1915 fundou o jornal itapecuruense, O Progresso, fazendo ferrenha oposição aos desafetos do libanês, o grupo político  de Francisco Sitaro, Bento Nogueira da Cruz, Carlos Bezerra e ao músico Sebastião Pinto. O Jornal tinha sede própria e sua tipografia. 

Após a vitória de José Carlos Bezerra, em 1921, contra o candidato apoiado pelo jornal o Progresso e o intendente, que era Catão Bandeira de Melo, os ânimos se acirraram, visto que o  libanês se sentia injustiçado, por ter perdido inclusive no TRE. 

 Em 30 de agosto de 1921 o jornalista sofreu um atentado tendo sido morto covardemente, ficando claro que o alvo seria o temperamental Basílio Simão. Assim foi silenciado o primeiro jornal de Itapecuru Mirim: O Progresso.

Vale registrar uma curiosidade: durante vários meses ficou preso, pelo assassinato do jornalista, o escrivão da polícia Hercílio Patrício Lago, considerado um cidadão honrado, que sempre apregoava sua inocência. Depois disso esteve no confessionário do padre Eliud uma pessoa que confessou seu remorso por ter um inocente pagando por seu crime, o padre o aconselhou a se entregar, mesmo que este alegasse o segredo de confissão, desfazendo a injustiça.   

Depois da ocorrência Basílio Simão mudou-se definitivamente para São Luís (MA).

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