Nina Rodrigues, 59 anos de status de cidade
*Jucey Santana *Iara Quaresma
A Região do Iguará, até receber
o título de cidade em 1962,
teve vários acontecimentos históricos importantes, relacionados com o Estado do
Maranhão e até com o país, que
mostram sua evolução ao longo do tempo, entre uma das mais importantes do
Maranhão, a saber:
- Processo de colonização através
das sesmarias (Sec.
XVIII);
- O Festejo de São
Raimundo de Mulundus;
- Evolução administrativa, instalação da Vila (Sec. XIX);
- Prosperidade da Ribeira do Iguará, com feira de gado e engenhos;
- Instalação de três freguesias,
Sec. XIX;
- Iguará e a Adesão do Maranhão
à Independência do Brasil;
- Iguará e a Guerra da Balaiada;
- Acontecimentos diversos.
Primórdios da ocupação
da região - Século XVIII
O processo de ocupação da antiga povoação do Iguará, atual Nina
Rodrigues, ocorreu ainda na primeira metade do
século dezoito, com as doações das *sesmarias, pelo Rei de Portugal, a
inúmeras famílias portuguesas, que passaram a ocupar as margens do Rio Iguará, anteriormente chamada de Fortaleza
do Iguará, devido à
fertilidade do solo, propício à agricultura, criação de gado e à facilidade do transporte fluvial
pelo Rio Munin,
que tem como afluentes os
seguintes rios: Iguará, Preto e Mocambo.
- O Capitão-mor solicitou ao Rei de Portugal criação do posto de capitão de ordenança na
povoação de Iguará, a Vicente de
Castro Abreu, em16.08.1738;
-
De ordem de Sua Majestade, foi criado o posto de capitão da Companhia de Cavalaria de Iguará, em 07.01.1780;
- Criação do posto de
capitão da Companhia de Cavalaria de Iguará (07.01.1780).
Os primeiros sesmeieros que se estabeleceram na Ribeira, no
século XVIII, tornaram a região próspera, conforme documentos do Arquivo
Público do Estado do Maranhão, que traz informes importantes:
-
Pedido de confirmação de uma seismaria no Iguará por Vicente
de Castro Abreu ao Rei de D. José I (22.03.1754);
-
Confirmação de uma sesmaria a Manoel Andrade (18.08.1789);
- Confirmação de sesmaria a Francisco das Chagas Frazão (17.11.1794);
- Confirmação à Joana Gomes Mousinho (12.04.1796);
-
Confirmação de sesmaria à Rita Vitória
Guilhon (24.05.1896);
- Em 25.05.1830 foi
nomeado um professor da cadeira de Gramática
Latina, para a escola de 1ª letras
da freguesia de Nossa
Senhora das Dores do Iguará;
A região fazia parte do território da Vila de Icatu, e era
banhada pelos rios navegáveis Preto, Munin
e Iguará, passagem obrigatória das boiadas com destino aos municípios de Icatú, Morros,
Parnaíba e posteriormente, à capital.
Ainda no final
do século XVIII,
as terras do Iguará já eram
muito valorizadas, com inúmeros engenhos
de cana de açúcar,
algodão, arroz e extensas áreas
de criação de gado.
Século XIX no Iguará
No início do século XIX, já existia duas grandes
povoações: Fortaleza do Iguará, ou simplesmente Iguará
e a nova povo- ação
denominada Manga, já com dois quarteis: O Regimento de Infantaria de Milícias de Segunda Linha do Iguará
e a Companhia Franca da Cavalaria Miliciana da Ribeira
do Iguará.
Possuidora de rica rede hidrográfica que banhava todo o seu território fertilizando o seu solo como ferramenta do progres-
so, Manga era porto de embarque e desembarque de pessoas e mercadorias. Devido
ao grande fluxo
de passageiros, as passagens
eram reservadas com antecedência nos barcos a
vapor.
No porto de Manga existia um importante feira de gado, com
escambos e leilões dos negociantes e criadores, como atrativos vantajosos e
progresso local.
Vale registrar que a região foi grande produtora de
arroz, conhecido como o “Arroz
do Iguará” mais tarde “Arroz
do Manga”.
Segundo o Jornal da Agricultura Maranhense, do início do século
XIX “A cultura do arroz branco,
constitue a chave de ouro do desenvolvimento da zona do Iguará e por isso
representa a prosperidade do Maranhão”.
Segundo documento do Arquivo Público, em boletim de 18.10.1822,
o senso eleitoral da Freguesia de Nossa Senhora das Dores do Iguará, já contava
com 479 casas, mais que Itapecuru Mirim, que só tinha 367 casas.
Recriado o Regimento
de Infantaria de Milícias do Iguará,
tendo por comandante o tenente Joaquim Mendes Costa, em 8 de fevereiro de 1821.
Na data de 07 de julho de 1825, foi confirmada a patente de alferes do Regimento de Infantaria de
segunda Linha da Ribeira do Iguará a Francisco Antonio Brandão.
Em 27 de agosto de 1825 foi confirmada a patente de al- feres da
Companhia Franca da Cavalaria Miliciana de Iguará a Faustino de Sá Brandão.
Em 14 de outubro de 1826 foi confirmada a patente de sargento a
Antonio Aires de Sá, do Regimento de Infantaria de Milícias do Iguará.
Em 15 de junho de 1830, o Presidente da Província solici- tou ao juiz de paz e ao
comandante militar da paróquia de Nos- sa Senhora das Dores do Iguará, major
João Paulo Miranda, um destacamento para expulsar os bandoleiros da cabeceira
do Rio Munin.
Em 19 de abril de 1833. por Provisão Régia, a povoação do Iguará foi
elevada à categoria de Vila do Iguará, com sede na povoação de Manga, desmembrada da vila de Icatu,
adquirindo autonomia
política e administrativa, sendo nomeado para o cargo de subprefeito, José do Egyto Pereira da Silva,
um juiz de paz e um juiz de órfãos.
Segundo registro no Arquivo Público, em 1840 já existia em Manga do Iguará 3 escolas,
uma para o sexo masculino,
outra feminina e uma escola particular.
De acordo com a Lei Provincial, 175 de 9 de novembro
de 1843, foi transferida a sede da Vila de Iguará para a localidade Olho D’Água, antiga
propriedade de Dona Joana Gomes Mousinho.
Ainda não satisfeito com
o local da
nova sede em Olho D’água, o deputado
Provincial Antônio Bernardino Ferreira Coelho na época presidente do órgão,
talvez por questões políticas, resolveu mudar novamente
a sede da vida, desta vez para Vargem Grande.
Em 05 de junho de 1945, o Presidente da Província autorizou a transferência do valor de
2.000$ (Dois mil Réis) dos cofres do Tesouro Público
para as despesas
de transferência da Vila para
a localidade de Vargem Grande.
Em 14 de julho de 1845 foi sancionada a Lei Provincial 203, com
a transferência definitiva para o lugar denominado Vargem Grande, que pertencia
ao irmão de Bernardino, Francisco Raimundo Ferreira Coelho, voltando Manga a
categoria de povoação, mais tarde distrito.
Em 20 de agosto de 1854, foi criado o Batalhão de Linha número 21 de Manga do Iguará,
pelo Decreto Provincial n. 1219.
As Freguesias do Iguará
– Sec. XIX
A igreja católica teve muita importância no processo da
colonização do Maranhão, por ter recebido todo o direcionamento de um país católico: Portugal. Tornou-se o centro onde giravam
todas as decisões administrativas e políticas de uma vila. Por isso a
necessidade de um bom templo, com representatividade para a sociedade local.
Na região do Iguará a questão católica
era ainda mais exacerbada,
com forte apelo cultural, em função das festividades em Mulundus, que, desde o
século XVIII, já era muito visitada, com necessidade de vigário permanente. Por essa razão e, talvez, por questões
políticas que Iguará chegou a ser contemplada com três freguesias*, caso único
nas cidades do interior do Maranhão, na época.
Como a freguesia
de Nossa Senhora
da Conceição de Icatu não
conseguia atender às desobrigas* no vasto território iguaraense, o Bispo Dom Luis de Brito Homem, por sentença eclesiástica, criou em 01 de março de 1805
a Freguesia de Nossa Senhora das Dores do Iguará e determinou que o vigário de
Mulundus desse assistência à nova freguesia.
Em 24 de novembro de 1824, foi nomeado o presbítero secular,
José Ignácio de Morais Rego, para a freguesia de Nossa Senhora das Dores do
Iguará, o primeiro vigário permanente;
Em 08 de maio de 1833, foi criada pela Lei Provincial
número 13 a Freguesia de São Sebastião
do Iguará, extinguindo a freguesia de Nossa Senhora das Dores. Com a transferência da sede para Vargem Grande em 14 de julho de 1845, a freguesia
se deslocou para Vargem Grande, ficando
Manga sem seu padroeiro.
Pela Lei Provincial número 540, de 18 de julho de 1859, foi criada a Freguesia de Nossa Senhora
da Conceição de Manga do Iguará.
Segundo o
Almanaque Administrativo Mercantil, em 1858 a igreja de Manga era bem cuidada,
coberta de telha e com dois altares
laterais e um altar-mor.
Além
de Nossa Senhora da Conceição, os paroquianos (antigos fregueses) celebram
São Benedito desde o início
do século XX.
*Sesmarias eram lotes
de terras distribuídos a um beneficiário, em nome do Rei de Portugal, com o
objetivo de habitar e cultivar terras virgens.
*Freguesia era a menor
divisão administrativa em Portugal, implantado no Brasil colonial, semelhante à
paróquia atual. Era uma subdivisão da diocese.
*Desobrigas, eram as
jornadas dos padres e auxiliares as regiões distantes e de difícil acesso para
ministrar sacramentos e evangelizar.
Iguará e a Adesão do
Maranhão à Independência
A luta pela Adesão do Maranhão à Independência do Brasil
foi um movimento popular, travado
pelos nativistas que queriam sua independência do jugo português. Para melhor entendimento da situação da
época, faz-se necessária uma pequena abordagem da situação que se encontrava a Província do Maranhão.
Antecedentes
Em 1621, o Brasil foi dividido em duas unidades
administrativas autônomas: o território do Maranhão, abrangendo os atuais Estados:
Maranhão, Pará, Piauí,
Amazonas e Ceará,
e o Estado do Brasil, com capital em Salvador,
abrangendo as demais
regiões (capitanias). Em 1811 o Piauí se separou
do Maranhão, se tornando
independente, com a capital em Oeiras. Em 1815 o Maranhão deixou de ser Estado
Colonial e passou à condição de Província Portuguesa.
D. Pedro I e a
Independência
Em abril de 1821, a Corte Portuguesa, que estava no Brasil
desde 1808, retornou a Portugal, ficando como regente Dom Pedro I. Em 7 de setembro de 1822 foi proclamada a Independência do
Brasil, porém as províncias do Norte continuaram subordinadas a Portugal. Para manter
a região como colônia, o Rei de Portugal nomeou o major João José da Cunha
Fidié como governador das Armas e enviou muitas munições. Em 19 de outubro
de 1822, Parnaíba declarou
adesão à Independência do Brasil. Fidié partiu com sua tropa para Parnaíba para
conter os independentes, mas os insurgentes se esconderam em um povoado
vizinho, deixando a cidade deserta.
Enquanto isso, em 24 de janeiro de 1823, o Piauí foi declarado independente. Ao tomar
conhecimento, Fidié, retorna para reprimir o movimento separatista, mas as
tropas lusas chocaram-se com os
piauienses, maranhenses e cearenses na Vila
de Campo Maior, às margens
do riacho Jenipapo, em 13 de março, onde
ocorreu um sangrento combate que ficou conhecido como a Batalha do Jenipapo, com mais de 300 mortos
e centenas de feridos.
Fidié saiu vencedor, porém, sem
armamento e com os combatentes doentes e cansados, desistiu de atacar Oeiras
e se refugiou em Caxias.
Adesão do Maranhão
Depois da adesão
do Piauí, as tropas leais a D. Pedro I, que
estiveram na Batalha do Jenipapo,
com a adesão de mais simpatizantes,
adentraram ao território maranhense pela região do Baixo Parnaíba sob o comando de Salvador Correia de Oliveira.
Em 16 de maio tomaram a Vila de Brejo.
O comandante, nomeou o capitão de Segunda Linha João Isidoro
Bezerra, que havia passado para o lado dos independentes, para o posto de
Iguará. Tendo se tornado suspeito,
foi preso e remetido para a capital. Ao tomar
conhecimento do ocorrido, João Ferreira Couto, o João Bunda*, com patente de
Capitão do Mato confirmada desde 30
de julho de 1807, assumiu o posto de Iguará,
à frente de quase 50 comandados. Depois
de proclamada a independência da povoação Pau Deitado,
seguiu para Manga do Iguará, deixando-a sitiada, assumindo o comando das
Milícias e tomando todo o armamento.
Os que se opuseram à Adesão à Independência foram massacrados. Em 25 de maio de 1823 foi proclamada a Adesão de Manga a Independência do Brasil. Houve um saldo de 8 mortes. Em seguida
partiu com seus homens para conquistar a vila de Itapecuru Mirim. Ao saber que a Vila estava
fortemente guarnecida, se aquartelou na residência do Capitão João Isidoro, que se encontrava preso por
infidelidade aos independentes.
Salvador de Oliveira, depois de haver conquistado Brejo e São
Bernardo em sua marcha para conquistar Itapecuru, soube da tomada arbitraria de
Manga e não aprovou o procedimento
de João Bunda. Usando de bom senso,
o Capitão do Mato se sub- meteu ao
comando de Salvador de Oliveira, reconhecendo-lhe a sua superioridade,
incorporando a tropa com seus comandados de
Iguará.
Seguiram para sitiar Itapecuru formando 4 colunas: a de João
Bunda, do Indio Matroá, de Sisnando Magalhães e de Joaquim de Carvalho.
Em 10 de junho, atacaram a Vila de Itapecuru Mirim, sitiando o
quartel militar da Vila, em batalha que durou mais de quatro horas.
O combate
aconteceu no largo da Igreja,
entre os independentes e aliados dos portugueses. O comandante geral, tenente--coronel José
Félix Pereira de Burgos, fiel aos lusitanos, conseguiu reunir e armar seus comandados para
proteger a vila, invadida por 1.800 homens,
sendo 1.600 a pé e 200 a cavalo.
O confronto resultou em um saldo de 23 mortos, 21 feridos e
vários prisioneiros. Depois do episódio, em 17 de junho, Burgos foi demitido do
comando geral por denúncia de ter sido tendencioso à Adesão. Ao passar-se para a causa dos independentes, o tenente-coronel levou consigo seus comandados, conseguindo frear a ação dos portugueses (O Conciliador, 18.6.1823).
Em 20 de julho, através
de uma Câmara Geral, foram eleitos
quatro membros para uma Junta Provisória
Independente, com os seguintes cidadãos: padre Pedro Antônio Pereira Pinto do Lago, Antônio Joaquim Lamagnere
Galvão, Francisco Gomes da Silva Belfort e Antônio Raimundo
Belfort Pereira Burgos,
para composição de mais três na capital; o José Félix Burgos* continuou como governador das armas. Estava instalado o novo governo independente,
com aclamação ao imperador D. Pedro I e juramento de fidelidade à Nação Brasileira.
Independência
na Capital
No dia 26 de julho, fundeou o navio do almirante
Thomas Cochrane, contratado por D. Pedro I para combater os portugueses. No dia 28 de julho*, às 10 horas, no
Palácio do Governo, houve o ato solene
da Adesão do Maranhão à Independência do Brasil*. O ato encerrou depois do meio-dia, com a deposição do governador, as salvas do estilo, a
bandeira portuguesa arriada e içada a bandeira
brasileira. Estava oficializada a Adesão do Maranhão
à Independência.
Depois da Adesão, Salvador de Oliveira encaminhou João Ferreira Couto* para um posto de
comando no Porto da Gabarra em Anajatuba.
* Em reconhecimento aos serviços prestados
à pátria, a Coroa Imperial
outorgou a José Félix Pereira de Burgos, o título de
Barão de Itapecuru, em 17.11.1829 e o título com Honras de Grandeza em 7.4.1846.
* No
Maranhão,
a adesão só aconteceu no dia 28 de julho, na Bahia foi 2 de julho e no Pará, 15 de agosto.
* Pela Lei nº 11 de 6 de maio de 1835 a Assembleia Provincial declarou feriado
estadual o dia 28 de julho.
* O jornal Conciliador
proclamou “Imperial Conquistador João Bunda, deu a Lei no distrito de Iguará”.
A Guerra da Balaiada
A Vila da Manga do Iguará entrou para a história
do estado e do país ao servir
de palco para a Guerra da Balaiada, que até na atualidade são estudadas suas causas.
Uma pequena abordagem da situação: ao abdicar do
trono em 7 de abril de 1831, o Imperador, D. Pedro I, deixou uma regência provisória, visto que seu sucessor era menor de idade.
Na ocasião foram criados três partidos: os Moderados (defensores do federalismo), os
Restauradores (defendiam o retorno de D. Pedro I), e os Exaltados (liberais radicais).
Foi um dos períodos mais conturbados da história do
Brasil, havendo rebeliões, sedições e agitações contra a ordem estabelecida,
pela instabilidade provocada pelos choques da classe dominante com os demais
setores sociais, descontentes com a abdicação e os desmandos dos regentes.
Como forma de manter a ordem, foi criada a Guarda Nacional e um conjunto de reformas, chamado Ato
Adicional, aprovado em 1834, porém, com a morte de D. Pedro I (24.9.1834), em Lisboa, e o sucessor ainda menino, a situação ficou insustentável.
Período Regencial
Várias
rebeliões marcaram o período regencial em quase todo o Brasil, entre os anos de
1831 a 1840, pela falta de um governo forte e as condições de vida da população
pobre agregada à escravidão e ao domínio
político e econômico
das classes privilegiadas. As principais rebeliões
do período foram as seguintes:
- Cabanagem – Província
do Pará (1835 a 1840).
- Balaiada – Província do Maranhão (1838
a 1841).
- Sabinada – Província da Bahia (1837
a 1838).
- Farrapos – Província do Rio Grande
do Sul (1835 a 1845).
- Revolta dos Malês – Província da Bahia (1835).
- Proclamação da
República de Pastos Bons – Província do Maranhão (1835).
- Carneiradas – Província
do Pernambuco (1834-1835).
- Revolta do Guanais – Província da Bahia (1832-1833).
- Setembrada – Província
do Maranhão (1831).
- Insurreição do Crato –
Província do Ceará (1832).
- Abrilada – Província de
Pernambuco (1832).
- Setembrada – Província
de Pernambuco (1831).
- Novembrada – Província Pernambuco (1831).
- Revolta de Carrancas – Província das Minas Gerais
(1833).
- Revolta de Manuel Congo - Rio de Janeiro
(1839).
- Rusgas – Província do Mato Grosso (1834).
Eclosão da Balaiada
Algumas revoltas tinham
cunho separatista, outras
libertárias, religiosas ou militares. A Balaiada foi uma revolta
de caráter popular, ocorrida no interior da então
Província do Maranhão, por pessoas pobres
da região, artesãos,
escravos, agricultores, vaqueiros e fugitivos (quilombolas), tendo por causas a vida miserável
dos pobres, abuso das autoridades, os “pegas”,
o recrutamento compulsório de jovens
para a Guarda Nacional e exploração dos comerciantes e produtores rurais.
No campo político ocorria acirrada disputa da classe dominante
pelo poder no Maranhão: por um lado, os liberais (bem--te-vis), e, por outro,
os conservadores (cabanos).
Para piorar a situação, foi criada a conflitante Lei
nº 41 de 26 de julho de 1938, a Lei dos Prefeitos, na regência de Araújo Lima.
A lei autorizava o presidente da Província nomear os prefeitos e subprefeitos municipais, entre seus “apadrinhados”, e dava
a eles o poder de polícia, em detrimento de perseguições aos seus
opositores.
Como estopim, a rivalidade existente entre o padre fazendeiro
de Arari, Inácio Mendes de Moraes e Silva, político liberal do partido
Bem-te-vis, e o subprefeito de Manga, José do Egito, do partido Cabano. O
antagonismo político daquela época e as rivalidades partidárias geravam
conflitos acirrados.
No início de dezembro, o vaqueiro Raimundo Gomes,
conhecido por Jutaí ou Cara Preta,
ex-escravo de origem piauiense, vaqueiro e capataz do padre Inácio, parte com
uma boiada do padre para a feira de
São João da Parnaíba, a procura de melhores preços para a venda.
Ao passar pelo porto de Manga do Iguará, seu irmão
e outros vaqueiros foram presos
arbitrariamente pelo subprefeito, José do Egito.
Com o aval do padre, no dia 13 de dezembro de 1838, Raimundo Gomes
invadiu a cadeia de Vila da Manga do
Iguará, comarca de Itapecuru Mirim, para libertar seu irmão e outros vaqueiros, com o apoio de parte da população.
Foi o estopim
para a o início da guerra da Balaiada. Saques, roubos, incêndios, e assassinatos e todo tipo de crueldade
foi praticado na região
atingida pela rebelião.
Raimundo Gomes se sentiu vitorioso e, a partir de então, passou
a redigir manifestos propondo o fim da Lei dos Prefeitos, a demissão do
presidente da Província, a expulsão dos portugueses do Maranhão e percorrendo
todo o Estado em busca de mais apoiadores entre os vaqueiros, desertores da
Guarda Nacional e escravos fugidos. Era tempo de Balaiada!
Três líderes se destacaram nessa revolta, que muito bem
representou a situação política da época. Raimundo Gomes Vieira, um dos
primeiros líderes da revolta, mobilizou um grupo de escravos, vaqueiros e
artesãos depois de libertar os vaqueiros na Vila da Manga, a mando de um
opositor político do patrão, o padre Inácio de Morais e Silva.
O artesão Manoel dos Anjos Ferreira, o Balaio, se voltou contra
as autoridades provinciais, em defesa da honra das suas filhas, rudemente
feridas pelo oficial
Antônio Raymundo Guimarães, do Quartel de Itapecuru Mirim,
e afim de evitar o recrutamento militar forçado de seus filhos.
Outro líder foi Cosme Bento das Chagas, Negro Cosme, que contou com o apoio de aproximadamente 3
mil escravizados que fugiam dos seus senhores.
Cosme criou um núcleo quilombola em Lagoa Amarela,
região do Baixo
Parnaíba. Mesmo que Negro
Cosme só tenha entrado em cena um ano depois do início da guerra e sua luta não comungasse com os objetivos
da Balaiada, o movimento fortaleceu a revolta. O grande
número de negros envolvidos deu traços raciais à questão da desigualdade ali colocada.
Enfraquecimento do
movimento e fim da revolta
O movimento balaio entrou em declínio em função de cada
grupo passar a agir isoladamente, criando muitas divergências.
O quartel do Comando Geral, situado em Itapecuru Mi- rim, estava
perdendo seus comandados por falta de pagamentos de soldos, fornecimentos de fardamentos e munições. Muitos soldados se tornaram desertores e
saqueadores, muitos dos quais se passando para o lado dos rebeldes, e a
situação se tornou insustentável.
Em 7 de fevereiro de 1840 o coronel Luís Alves Lima e Silva foi nomeado governador da Província
do Maranhão e comandante do Exército, com o objetivo
de pacificar a Província. Como primeira medida, o novo presidente
pagou os soldos atrasados dos militares e forneceu-lhes uniformes, reorganizou
as tropas e começou a atacar e a cercar os redutos balaios, que estavam enfraquecidos,
devido às deserções e à perda do apoio passivo dos bem-te-vis. Com farto
armamento e um grupo de 8 mil homens, Luís Alves obteve
sucesso na contenção dos revoltosos. A desarticulação entre os vários braços revoltosos da Balaiada e a desunião em torno de objetivos comuns
facilitaram a ação repressora estabelecida pelas forças governamentais.
Em 24 de julho de 1840, foi declarada a maioridade de D. Pedro
II, pondo fim ao período regencial brasileiro e à turbulência em que o país foi envolvido. A anistia decretada
em agosto de 1840 provocou a rendição imediata de
quase três mil balaios. Em 19 de
janeiro de 1841, em ordem do dia sob o nº 68, o presidente da província
e comandante das Armas do Maranhão, coronel
Luis Alves de Lima, anunciava a paz no Maranhão depois de dois anos
da guerra. Estava terminada a Balaiada.
Duque de Caxias no
Maranhão
A Balaiada trouxe ao Estado do Maranhão a mais importante figura militar do Brasil
Imperial, o futuro Duque de Caxias, Luís Alves de Lima e Silva. Itapecuru Mirim era onde funcionava
o quartel do Comando Militar
e comarca da maior parte
da região atingida pela
Balaiada. Ele esteve em Itapecuru Mirim cinco vezes, onde montou o quartel general.
A captura do Negro Cosme, aconteceu em 22 de fevereiro de 1841, no lugar Calabouço, na região do Mearim.
Em reconhecimento aos serviços prestados na pacificação do Maranhão
e do país no período
regencial, o coronel
Luís Alves de Lima e Silva recebeu vários
títulos da Coroa Imperial, a saber:
- Barão de Caxias em 18.7.1841;
- Conde de Caxias em 25.3.1845;
-
Marquês de Caxias em 26.6.1852;
- Duque de Caxias em 23.8.1869;
-
Patrono do Exército Brasileiro, pelo Decreto
Federal nº 51.429, de 13 de março de 1962.
Os historiadores o consideram o maior oficial militar da história do Brasil.
Emancipação política e
localização
A vila de Manga do Iguará, que conheceu seu apogeu no século
XIX, com grandes eventos que a história a favorece, entrou em decadência no
século XX, com o crescimento gradativo de Vargem Grande, como passagem obrigatória para o Baixo
Parnaíba e outras regiões.
Em 1920, foi recriada a Vila
da Manga, constituindo 2º Distrito de Vargem
Grande. A histórica Manga do Iguará foi elevada à categoria de município
com status de cidade. Com a de- nominação de Nina Rodrigues, pela lei estadual
nº 2183, de 30 de dezembro de 1961, graças aos
esforços dos cidadãos Raimundo Nonato da Silva, o Nona e Francisco Mascarenhas,
o Cabeleira.
Nina Rodrigues faz parte da Mesorregião Norte Maranhense.
Microrregião Geográfica de Itapecuru Mirim, inserida na Planície Fluvial do Médio Munim.
Limita-se com os seguintes
municípios: ao Norte, Presidente Vargas e
Morros, a Oeste, Presidente Vargas,
ao Sul, Vargem Grande
e a Leste, São Benedito
do Rio Preto e Morros.
Boi de Nina Rodrigues
O Bumba Boi do Maranhão é uma das maiores riquezas culturais,
presença obrigatória nos arraiais juninos por valorizar as tradições populares
do povo. Atualmente reconhecido como Patrimônio Imaterial da Humanidade pela
UNESCO (Organizações das Nações Unidas).
Nina Rodrigues é representado no cenário cultural maranhense,
por uma das mais importantes corporações culturais o Bumba-boi de Nina Rodrigues ‘Brilho da Balaiada’. O Boi de Nina
Rodrigues, foi criado em 28 de março de 1989, pelos promotores culturais, com o intuito de preservar e resgatar os traços culturais, Maria da Conceição Fortes
Braga de Camargo (Concita Braga), Chico Poeta e Jones Braga, com o objetivo de
identificação das manifestações popular/cultural para representar as
memórias, os costumes e valores de um povo,
com resgate e valorização dos
acontecimentos históricos regionais.
O Bumba Boi de Nina Rodrigues, é um dos mais requisitados do
Estado, tendo à frente da dinâmica, Concita
Braga. É um orgulho para a população ninense.
Bela cidade
turística
A cidade de Nina Rodrigues
guarda o encanto
do seu passado histórico. Os seus habitantes recebem seus visitantes
falando da Balaiada ou das lutas para a conquista da almejada Adesão à
Independência. Pequena e acolhedora, é muito procurada por turistas de várias regiões,
em busca de pesquisa histórica, assessórios e locais relacionados com o nascedouro da Balaiada,
como o Morro do Nazário, onde os
rebeldes se entrincheiravam, Palácio dos Balaios e outros. Outro
grande atrativo turístico é o balneário, formado pelo Rio Iguará, com
inúmeros restaurantes com comidas
regionais.
No mês de agosto a cidade se prepara para receber
a grande demanda de romeiros de São Raimundo dos Mulundus, que se deslocam até Nina Rodrigues em busca de amenizar o calor
nas águas refrescantes do Iguará.
Do livro, O Iguaraense, 175 anos de Vargem Grande (2020), pag. 183, organizado por Jucey Santana
JUCEY SANTANA
*Jucey Santos de Santana, natural de Itapecuru
Mirim (MA), filha de Manoel Germano dos Santos e Margarida Barbosa dos Santos.
Graduada em Direito, pesquisadora, memorialista, biógrafa e antologista. Membro
Fundador da Academia Itapecuruense de Ciências, Artes e Letras (AICLA) e faz
parte das seguintes instituições culturais e Federação das Academias de Letras
do Maranhão (FALMA); Associação
Maranhense dos Escritores Independentes (AMEI); Sociedade de Cultura Latina do
Brasil (SCLB); Academia Norteamericana de Literatura Moderna (ANLM); Academia
Ludovicense de Letras (ALL); Academia Vargen-grandense de Letras e Artes (AVLA), Associação de Escritoras e
Jornalista do Brasil (AJEB), Núcleo de Estudos de Mariana Luz (NEMA) e outros.
No campo literário, publicou as seguintes obras: Mariana Luz: Vida, Obra e Coisas de
Itapecuru Mirim (2014); Itapecuruenses Notáveis (2016); Sinopse da História de Itapecuru Mirim (2018).
A Cigarra Mariana Luz, categoria
infanto-juvenil (2019), Em parceria com Assenção Pessoa, publicou a coletânea Inspirações Poéticas (2016); em parceria
com Inaldo Lisboa publicou, João Batista,
um homem itapecuruense e sua múltipla história (2016); Em parceria com João
Carlos Pimentel Cantanhede, publicou a Púcaro Literário I (2017) e Púcaro II 200 anos de Itapecuru (2018), Púcaro III,
Protagonismo Feminino (2020). Organização individual; As Aventuras do Gato Syd, para o neto Davi (2018),
IARA QUARESMA
*Iara Quaresma do Vale, nasceu em Vargem Grande (MA), em 23 de setembro de 1956, filha de José
Maria do Vale e Maria Quaresma do Vale. É professora normalista desde os 17
anos de idade, passando a atuar como
professora do Mobral no município. Graduada em Matemática pela UEMA. Atuante na
política de Nina Rodrigues, onde exerceu 2 mandados de vereadora (1988-1996)
e dois mandatos de prefeita (2005-2012), de secretária de Articulação Política
(2013-2016) e Chefe de Gabinete da Prefeitura
(201702020). Membro fundador da Academia Vargem-grandense de Letras e Artes
fundada em 14 de julho de 2019, ocupante da cadeira 16 patroneada por Raimundo
Nonato da Silva, o Nona.