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domingo, 28 de fevereiro de 2021

MINHA MÃE, UMA MULHER DE FIBRA!

                                         *Benedita Azevedo

            Rosena Matos da Silva, que nasceu Rosena Martins Matos, em 28 de fevereiro de 1916. Filha de Francisco Matos e Maria Cecília Martins Matos.

A mãe de Rosena era filha de Francisco Raymundo Martins e Maria Vitalina de Sousa Martins que geraram os filhos: Olinto de Sousa Martins, Florêncio de Sousa Martins, Firmo de Sousa Martins (amigo de Padre Albino), Luísa de Sousa Martins, Francisca de Sousa Martins, Anastácia de Sousa Martins, Luca de Sousa Martins e Maria Cecília de Sousa Martins (minha avó).

          Rosena Matos da Silva casou-se com Euzébio Alberto da Silva em 1934. Geraram os filhos: Luciano, Eliza, Luzinete, Maria da Conceição, Maria Benedita, Benedita, Raimunda, Francisca, Euzébio Filho, Rosa e Maria do Socorro. Todos Matos da Silva.

Rosena, mais conhecida como Rosa ou Rosinha era uma mulher de fibra. O casal tinha um engenho na Mata. Ela além de ser dona de casa, esposa e mãe, costurava para fora e fazia o que aprendera com o pai. Cuidava de todos. 

  Administrava tudo com sabedoria e esperteza, no bom sentido. Se alguém ficava doente iam perguntar a dona Rosinha qual chá deviam tomar? Quais os tecidos que deviam comprar para as roupas das festas religiosas.        Era madrinha dos filhos de muitas pessoas que iam buscá-la no meio da madrugada, a cavalo, para ajudar as mulheres a trazer seus filhos ao mundo. Minha mãe sabia tudo de remédios caseiros. Éramos 10 filhos, ela sabia de chás para tudo: Se comia mais do que devia, era chá de boldo, quebra pedra e cararucá. Para insônia, erva cidreira e capim limão. Para verme, emplasto para ossos quebrados e inflamação, mastruz (erva-de-santa-maria). Para sarna dos cães, sumo das folhas de melão são Caetano e mastruz. Para conjuntivite usava uma raiz que chamava de raiz dos olhos. Ela raspava colocava em pano limpo e pingava nos olhos com leite materno. No outro dia já se estava bem. Para tosse, xarope de hortelã pimenta com erva cidreira. Para artrite e reumatismo, azeite de caroço de bacuri e sebo de carneiro. Para engravidar, leite de copaíba. Tudo informação oral passada de pai para filho.

O engenho foi vendido em 1955. Meu pai passou a ser tropeiro. Mamãe passava a maior parte do tempo sozinha com os filhos. Distribuía as tarefas de acordo com a idade de cada um. Contratava pessoas para trabalharem na enorme horta à margem esquerda do Rio Itapecuru. Na hora da colheita, principalmente de tomates, se não encontrasse mão de obra para contratar levava os filhos, não se podia perder o resultado de tanto trabalho. Em casa criava-se porcos e galinhas, tudo sob o comando de dona Rosinha. Tínhamos muita fartura em casa. Plantava-se de tudo e meu pai trazia sempre muito peixe seco de Anajatuba e também gostava de caçar: veado, cotia, paca, cateto e outras. Quando queria comer peixinho fresco, pescava de tarrafa no Rio Itapecuru.

Mulher de tropeiro e de marinheiro sofre com os boatos de que os homens tem uma mulher em cada localidade, em todos os portos. Mesmo assim, minha mãe ficou casada com meu pai 59 anos.

Frases da minha mãe:

- É importante não só copiar o modelo, mas, remodelar.

- Quem gosta de fofoca, perde tempo de produzir.

- Quem cuida da vida dos outros esquece da sua.

 


*Benedita Azevedo, nasceu em Itapecuru Mirim (MA).  Radicada no Rio de Janeiro desde 1987.  Graduada em Letras e Pós graduada em Linguística. Lecionou de 1972 a 2005. É professora, escritora, poeta, haicaísta, antologista e Artista Plástica. Pertence a várias instituições literárias no Brasil, Chile, Portugal e França. Membro fundador da AICLA. Conselheira da APALA. Membro Efetivo da ADABL (Associação dos Diplomados da Academia Brasileira de Letras). Artilheiro da Cultura do Centro de Literatura do Forte de Copacabana. Participa do Centro de Expressões Culturais do Museu Militar Conde de Linhares e do Círculo Literário do Clube Naval. Recebeu várias premiações e comendas, inclusive o 1º lugar no “Grande desafio” do 17º Encontro Brasileiro de Haicai, em 2005/SP, 1º lugar no Concurso Brasileiro de Haicai Caminho das Águas, em 2011/ Santos/SP. Escreveu 31 livros individuais e 2 em parceria. Organizou 33 antologias. Publica em  jornais, revistas, sites e em mais de 160 antologias. Autora do Projeto Haicai na Escola em 2004, com incentivo  a leitura e a escrita. Fundou o Grêmio Haicai Sabiá  em 2006, em Magé - RJ.   Em 2008, fundou o Grêmio Haicai Águas de Março, o 1º da cidade do Rio de Janeiro, RJ e 2º do Estado.  

    Do livro  inédito, Púcaro III - Protagonismo Feminino, organizado por, Jucey Santana e João Carlos Pimentel Cantanhede.

 

 

2 comentários:

  1. Obrigada, caríssima confreira Jucey Santana. Hoje minha mãe faz 105 anos de nascimento. Nasceu em 28/02/1916, no mesmo ano que minha primeira professora Anozilda dos Santos Fonseca. Sogra de duas das minhas irmãs. Minha mãe faleceu em 09/12/1992. Foi uma mulher de fibra!

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