Pages

segunda-feira, 5 de abril de 2021

HIDROTOPÔNIMO ITAPECURU MIRIM

 o “Mito do Caminho de Pedras Miúdas”

Tiago de Oliveira Ferreira[1]

 INTRODUÇÃO

 

 O rio Itapecuru, que perpassa vários municípios do Maranhão, carrega uma grande riqueza linguístico-cultural, visto que é uma das mais antigas áreas de ocupação humana do estado. A bacia hidrográfica do Itapecuru abrange, aproximadamente, 54.970km² - área maior do que alguns estados do Brasil, a saber:  Rio de Janeiro, Sergipe, Alagoas, Rio Grande do Norte. O curso desse rio, segundo medidas mais recentes, é de aproximadamente 1.090 km de comprimento, o maior em extensão do Maranhão, ele nasce na região Sul do Maranhão, no município de Mirador, dentro do parque estadual de mesmo nome, cuja área aproximada é de 500 mil hectares; o seu mais longínquo afluente brota entre as serras da Crueira, Itapecuru e Alpercatas, numa altitude superior a 500m. O curso da água segue o sentido sul - norte, por isso sua foz está localizada na região Norte, no município de Rosário, onde as águas são lançadas na Baía do Arraial ou São José, a Sudeste da Ilha de São Luís, por dois braços denominados Tucha e Mojó.

Para fundamentar teoricamente essa investigação científica, foram usadas pesquisas de grande representatividade na área da lexicologia, restringindo-se à onomástica, tendo como foco a analogia dos léxicos onomástica e da semântica pragmática como também nos demais subsistemas da língua, corroborado, necessariamente, na observação da etimologia cultural e sua relação com as interfaces de outras áreas de conhecimento. Portanto, sobre a importância do estudo lexical, Isquerdo e Krieger declaram que

Na história das diferentes civilizações, a palavra sempre foi mensageira de valores pessoais e sociais que traduzem a visão de mundo do homem enquanto ser social; valendo-se dela o homem nomeia e caracteriza o mundo que o rodeia, exerce seu poder sobre o universo natural antropocultural, registra e perpetua a cultura. Assim, o léxico como repertório de palavras das línguas naturais traduz o pensamento das diferentes sociedades, definindo fatos no decurso da história, recortando realidades do mundo, razão por que estudar o léxico implica também resgatar a cultura (ISQUERDO; KRIEGER, 2004, p. 11).

 

A partir dessa reflexão linguística feitas pelas linguista Isquerdo e Krieger, chega-se à conclusão de que todas as espécies existentes, o homem é o único que tem a inteligência de usar a língua, de nomear um referente. É a partir de necessidades primárias que o ser humano exerce, pelo uso da língua, essa atividade. Para compreender a evolução semântica deste hidrotopônimo e a criação do Mito do Caminho de Pedras Miúdas – objeto desta análise, é necessário remontar aos primórdios da colonização do Maranhão. Quanto à concepção de topônimos, a linguista Dick (1990, p. 36) “[...] propõe o resgate da atitude do homem diante do meio, através do estudo da motivação dos nomes próprios de lugares”. Assim, estudar as palavras, neste caso, o hidrotopônimo Itapecuru Mirim, é promover um resgaste histórico, social e cultural das comunidades ligadas a esse rio.

O signo toponímico no mundo onomástico refere-se a um termo multifacetado que consiste no substantivo próprio em função referencial de um espaço geográfico e/ou humano. Logo, pesquisá-lo é compreendê-lo em suas diversas potencialidades, identificando e resgatando as motivações que o tornaram com que o usuário o tomasse como referência, dentro de um nicho de possibilidades etimológicas para designar um determinado espaço. Sobre essa questão, Dick (1990) já delimitava a toponímia em duas extensões, a primeira refere-se ao espaço geográfico e a segunda ao espaço temporal. Nesse caso, o espaço geográfico refere-se ao modo que o homem ocupa o ambiente físico e o nomeia relacionando-o com as interações do ambiente natural da flora, fauna, acidentes geográficos, manifestações culturais. Quanto ao espaço temporal, são as mudanças ocorridas no som e na grafia ao longo dos anos de usos dessa lexia.

Assim, nota-se que as indicações lexicais que estão atreladas a termos toponímicos referentes a um espaço geográfico revelam muito sobre sua história, geografia, cultura e sobre a formação da comunidade, além de esclarecer vários aspectos relativos à língua falada nessa localidade.

 

OS PRIMEIROS REGISTROS E O USO TOPONÍMICO

 

O prefixo tupi–guarani “ITA” é um dos mais disseminado ou frequente no território nacional e equivale a PEDRA. Quanto à frequência do uso de uma lexia, a lexicóloga Biderman (1998, p.162) afirma que “a língua poderá ser vista como um sistema probabilístico de combinatórias e de usos mais ou menos frequentes, salientando-se que a frequência será tomada como uma característica típica da palavra”. Dessa forma, há uma frequência de uso desse prefixo, por exemplo - os topônimos Itaú (pedra preta em Minas Gerais), Itamaraty (pedra rosa no Distrito Federal), Itacoatiara (pedra pintada no Amazonas), Itaituba (muitas pedras no Pará) - todos referentes a cidades, mas há, também, na Bahia, um rio cujo nome é Itapicuru, assim como outro com a mesma grafia no sul do Maranhão, muito famoso pela sua cachoeira e o seu potencial turístico, atrelado à cidade de Carolina.

O primeiro registro que se tem da palavra Itapecuru como referência ao rio que nasce no sul do Maranhão (município de Mirador – num complexo formado pelas serras da Croeira e Itapecuru) e deságua na região norte (município de Rosário na Baía do Arraial) foi colhido, como descrito, a seguir, pelo padre francês Cláudio d’Abbeville, em seus relatos sobre a História da missão dos padres capuchinhos na Ilha do Maranhão e suas circunvizinhanças, datado de 1612. (D’Abbeville, 2002, p. 182). O segundo, que está no centro, chama-se Tabucuru, tendo na sua foz meia légua e de curso 400 a 500 léguas. Neste caso, o que interessava, aos franceses, era o conhecimento geográfico da região, ou seja, até onde eles poderiam chegar subindo os rios.

              A descrição do rio feita pelo sacerdote francês foi baseada nas informações colhidas pelo Cacique Maioral da Ilha de Upaon–Açu (atual Ilha de São Luís), Japiaçu que corrobora com a origem etimológica da palavra, mas como visto, a grafia registrada por D’Abbeville foi “Tabucuru”. Sobre esta descrição da palavra sem o “I” inicial ao prefixo “Ita”, Sampaio (1987, p. 77) assevera que: “Também o I é introduzido em alguns vocábulos tupis por influência lusitana [...]”. Desse modo, ocorre a primeira variação na grafia e na fonética dessa lexia.

Além disso, é interessante compreender a relação semântica da palavra Itapecuru com o termo pedra. Atualmente, sabe-se que esta referência está ligada à foz do rio e à sua cachoeira ou corredeira de pedras, que dificultava a passagem de embarcações com a maré baixa, situação que só fora resolvida com a derrocada das maiores no século XVIII, pela Lei Provincial nº 27 de 15 de maio de 1835. Sobre este fato, Santana (2014, p. 421) diz “Em 12 de agosto de 1840, no governo de Manoel Jansen Ferreira, foram iniciados os trabalhos para dinamitar as pedras da Vera Cruz, com o registro da retirada de 627 pedras, sob a orientação do engenheiro João Victor”. Esse registro histórico dá a inferência necessária para a compreensão do que seria o caminho de pedras para os nativos.

 É necessário enfatizar o fato de as margens desse rio terem sido povoadas pelos nativos da etnia Jê, isso a partir do município de Timbiras, mas que a história não registrou a terminologia que estes davam ao curso d’água.

Com o passar dos anos, o uso deste termo toponímico tornou-se cada vez mais frequente, principalmente, após a expulsão dos franceses do Maranhão e a fundação da Fortaleza de Vera Cruz, em 1620, por Bento Maciel Parente, nas proximidades da foz do dito rio Itapecuru. A fortificação serviu de proteção para a fixação do primeiro sesmeiro das margens do rio, Antônio Muniz Barreiros, em 1622, este sob a proteção dela fundou o Engenho do Itapecuru Grande, fato que atraiu seus filhos e outro sesmeiro Antônio Teixeira de Melo a constituiu em um complexo com cinco engenhos, que cultivavam a cana–de–açúcar e produziam o subproduto, açúcar. No livro Escorço da História do Açúcar no Maranhão, no Tempo das Eleições a Cacete, Mello (2016, p. 15) diz que a honra do empreendimento coube a Antônio Muniz Barreiros, que construiu dois, na Ribeira do Itapecuru, à sombra da Fortaleza de Vera Cruz.

O fluxo populacional desta região criou o Arraial do Itapecuru Grande, sob a proteção de Nossa Senhora do Rosário, que, em 1717, foi elevada à categoria de Freguesia de Nossa Senhora do Rosário do Itapecuru Grande, perdurando até 1832. Com o aumento da população e a influência dos atos religiosos ligados à figura de Nossa Senhora do Rosário, a região foi elevada a uma nova categoria administrativa, desta vez, em 1833, apenas com o nome de Vila do Rosário. Já no lumiar do século XX, a localidade recebeu, em 1918, o título de cidade de Rosário. Sobre este valor simbólico que as palavras adquirem, importa saber que a língua possibilita inovações, pois é um sistema aberto, flexível, vivo que acompanha as mudanças históricas e sociais. Sobre essa noção, Sapir (1969, p. 44) foi muito feliz com as palavras quando mencionou que “[...] Por fatores sociais se entendem as várias forças da sociedade que modelam a vida e o pensamento de cada indivíduo. Entre as mais importantes dessas forças sociais, estão a religião, os padrões éticos, a forma de organização política e a arte”.

 

O vocábulo que fora catalogado a priori como Tabucuru já havia sofrido várias modificações na sua morfologia e grafia, sendo registrado em citações de jornais e revistas antigas como: Tapucuru, Itapucuru, Itapicurú. Nesse caso, cita-se que as principais mudanças estão atreladas à substituição do fonema /B/ pelo /P/ e o acréscimo do acento gráfico na vogal final “Ú”. Nesse caso, a última alteração ocorreu no acordo ortográfico de 1971, ao retirar o acento gráfico das oxítonas de origem tupi–guarani terminada nas vogais “I” ou “U” seguidas de consoante.

Sobre essa variações ao longo do tempo deste topônimo, Marques pontua que

O rio Itapecurú, descreveu-o assim em sua viagem o Governador Joaquim de Mello e Povoas em 17 de junho de 1767, está hoje inteiramente cheio de lavradores por serem as terras próprias para algodão, que é o melhor ramo de comércio d’esta Capitania. É uma Ribeira agradável e no seu princípio tem uns Perizes com muitas fazendas de gados”. Remontando-nos as eras mais remotas sabemos, que tendo sido mandado a Lisboa Manoel do Vide Souto-Maior pelo Governador Ruz Vaz de Siqueira (1662-1667) em uma representação dirigida ao Conselho Ultramarino afirmou aquele, que e o “Tapicurú, jardim que era do Maranhão, assim por ser rio, que mais se avizinha à cidade, como por mais possuir boa caça, árvores e pescado. (MARQUES, 2008, p. 343).

 

Esses documentos históricos são evidências das variações de registro gráfico da palavra Itapecuru - objeto dessa investigação. Assim, percebe-se que as variações atribuídas ao espaço geográfico e ao espaço temporal em que o homem ribeirinho do Itapecuru o tinha como referente.

 

O TOPÔNIMO ITAPECURU MIRIM E A SUA VARIAÇÃO TOPONÍMICA: Freguesia, Vila e Cidade

 

 O hidrotopônimo Itapecuru Mirim atualmente possui a seguinte morfologia: é formado pela composição de dois lexemas de origem tupi–guarani, a oxítona polissilábica Itapecuru mais o sufixo dissílabo tônico Mirim. Quanto à sua origem, no século XVIII, aproximadamente cento e cinquenta quilômetros (150km) rio acima, surge outro topônimo às margens do rio Itapecuru homônimo ao do século XVII, mas, desta vez, acompanhado de outro grafema de origem tupi-guarani, o sufixo “MIRIM”, que significa pequeno, pois, já havia sido fundada, há mais de cem (100) anos, a povoação Itapecuru Grande.

Sobre isso, Marques relata

Em 25 de agosto de 1768, El – Rei D. José fez saber ao governador do Maranhão que os moradores da Ribeira do Itapecuru lhe pediram, em 12 de setembro de 1767, próximo passado, alvará de confirmação da Vila, que ali fundou, por ordem régia, o desembargador Manuel Sarmento, e das datas de terras e privilégios concedidos na mesma ocasião e, por isso, ordenava que ouvindo o parecer do Procurador da Fazenda e Ouvidor por escrito lhe enviasse a ordem que houve para tal criação. (MARQUES, 2008, p. 413)

 

Essa referência é uma petição oficial organizada por um grupo de moradores, solicitando a fundação de uma vila, que era uma unidade territorial com autonomia política-administrativa, porém a solicitação dos moradores citada por Marques não fora atendida e, ao chegar no século XIX, a localidade já havia se expandido no aspecto populacional, financeiro e na influência política. Por isso, foi elevada à categoria de Freguesia de Nossa Senhora das Dores do Itapecuru Mirim, em 1801. Seguindo a mesma linha de raciocínio, o topônimo foi rebatizado, desta vez, sendo elevado à Vila do Itapecuru Mirim, em 1818, e à cidade de Itapecuru Mirim, em 1870, como se ver nota no documento a seguir.

                            Imagem 1 – Cópia da Lei de Elevação de Itapecuru Mirim à categoria de Cidade

   Fotografia: Tiago de Oliveira Ferreira (reprodução MARQUES, 2008, p. 635) julho de 2013.

 

Nesse caso, já é possível observar, também, a substituição da vogal “I”, após o fonema /P/ pelo /E/, que configura como mais um aportuguesamento da palavra. Entretanto, para ratificar a analogia do curso d’água que já fora mencionada, o escritor Cesar Marques, em seu Dicionário Histórico e Geográfico da Província do Maranhão, assevera que

 

[...] Etimologia: sobre a etimologia desta palavra são desencontradas as opiniões. Frei Francisco dos Prazeres Maranhão. Na sua Coleção de Etimologia Brasileiras, diz que Itapicuru ou Itapucuru vem de Ita -pedra, pucuru púcaro e portanto quer dizer púcaro de pedra[...]

[...]Opina o Sr. Inácio José da Mata, que se deriva Ita (pedra), pucu (larga, longa) e ru (arma laços, armas ciladas) [...]

[...]Pensam outros que esta denominação se compõe de ita (pedra), pe (caminho, vila), cura, curuten, (muita, influência), isto é, caminho de muita pedra ou inchaço de pedras. Tendo neste rio duas cachoeiras extensas, é fácil descobrir de onde derivam estes nomes. (MARQUES, 2008, p. 667)

 

Assim, percebe-se, no registro de Marques, que há divergências quanto ao valor semântico da palavra Itapecuru, inconsistências que com o tempo foram superadas, tendo, assim, ficado no signo linguístico, basicamente a referência ao rio e à descrição de que o mesmo seria o caminho de pedras. Porém, historiadores, professores e moradores da cidade de Itapecuru Mirim perpetuam em eventos cívicos, escolas e conversas coloquiais há anos a existência de um suposto Caminho de pedras miúdas, utilizado pelos indígenas nesta localidade, ou seja, um caminho em terra referente ao solo e não ao rio que deu origem ao atual nome da cidade. Sobre esse fenômeno de influência na origem de nomeação, Oliveira e Isquerdo enfatizam que    historiadores, professores e moradores

 

O léxico representa a janela através da qual uma comunidade pode ver o mundo, uma vez que esse nível de língua é o que mais deixa transparecer os valores, as crenças, os hábitos e costumes de uma comunidade, como também, as inovações tecnológicas, transformações sócio-econômicas e políticas ocorridas numa sociedade. (OLIVEIRA E ISQUERDO, 2001, p. 9). 

 

Sob esse viés, entende-se que o hidrotopônimo carrega sentidos que extrapolam o campo semântico, pois, nele, também, há marcas sociais, históricas e culturais que ligam a comunidade ao rio como um elemento pertencente a ela.

O recorte do mapa, a seguir, datado de 1854, da então província do Maranhão de autoria do Capitão do Estado Maior de 1ª Classe do Exército, Franklim Antonio da Costa Ferreira, traz, em detalhes, os topônimos citados nesta investigação científica, mas não faz nenhuma referência ao suposto Caminho de Pedras Miúdas.

 

                                                  Imagem 2 – Mapa da Província do Maranhão 1854

       https://bdgex.eb.mil.br/mediador/. Acessado, em 26 de março de 2021

 

Outro fator interessante de ser observado na imagem do mapa acima é que Itapecuru Grande já aparece, apenas como Rosário, assim como o rio que ainda foi descrito como Itapucuru e o topônimo em questão, como Itapucuru Mirim. Vale lembrar que, no caso em questão, essa pesquisa refere-se à cidade maranhense, ribeirinha do rio Itapecuru, alocada na região centro norte do estado, aproximadamente cento e dez (110 km) quilômetros da capital.

 

CONCLUSÃO

 

Ao analisar o corpus, percebeu-se que a origem da palavra remonta ao rio, mais precisamente a sua foz, pois, se a colonização do interior do Maranhão deu-se por ele, e no sentido foz-nascente (norte-sul), o nome foi trazido de lá para cá, por empréstimo, herdado dos aborígenes e utilizado analogamente pelos colonizadores portugueses, para toda a região das suas margens. Ademais, quanto ao processo de designar um referente, um ambiente, Sapir (1969, p. 44) provoca a reflexão de que,

 

 [...] tratando-se da língua que se pode considerar um complexo de símbolos refletindo todo o quadro físico e social em que se acha situado um grupo humano, convém compreender no termo ‘ambiente’ tanto os fatores físicos como os sociais. Por fatores físicos se entendem aspectos geográficos como a Topografia da região (costa, vale, planície, chapada ou montanha), clima e regimes de chuvas, bem como o que se pode chamar a base econômica da vida humana, expressão em que se incluem a fauna, a flora e os recursos minerais do solo. Por fatores sociais se entendem as várias forças da sociedade que modelam a vida e o pensamento de cada indivíduo. Entre as mais importantes dessas forças sociais, estão a religião, os padrões éticos, a forma de organização política e a arte. (SAPIR, 1969, p. 44)  

 

Assim sendo, conforme o pensamento de Sapir, a língua simbolicamente é constituída de aspectos físicos e sociais. A partir desses aspectos, divulgou-se a hipótese da criação do “Mito do caminho de pedras miúdas”, que fora criado a partir da tradução literal da palavra, sem considerar os aspectos históricos, sociais e culturais que ligam o seu uso à localidade, apenas como homônima de outra já existente na bacia hidrográfica do rio Itapecuru.

Entretanto, os fatos elencados confirmam para a quebra do mito, uma vez que a anexação do radical tupi-guarani “Mirim” - a nomenclatura Itapecuru Mirim surgiu apenas para distinguir de Itapecuru-Grande, homônima e povoação mais antiga.

 

Referências

BIDERMAN, M. T. C. Dimensões da Palavra. Revista Filologia e Linguística Portuguesa. São Paulo, n. 2, p. 81-118, 1998.

D’ABBEVILLE, Cláudio. História da missão dos padres capuchinhos na Ilha do Maranhão / Cláudio D’Abbeville. – São Paulo: Siciliano, 2002.

 DICK, M. V. de P. do A. A Motivação Toponímica e a realidade brasileira. São Paulo: Edições Arquivo do Estado de São Paulo, 1990.

 

ISQUERDO, M. A. N.; KRIEGER, M. da G. Apresentação. In: ______ (org.). Ciências do Léxico 2: Lexicologia, Lexicografia, Terminologia. Campo Grande: UFMS, 2004. v. 2.

 

MARQUES, César Augusto. Dicionário Histórico-Geográfico da Província do Maranhão. / César Augusto Marques; notas e apuração textual de Jomar Moraes. – 3ª ed. – São Luís: Edições, AML, 2008.

 

MEDEIROS, Raimundo. Rio Itapecuru: águas que correm entre pedras / Raimundo Medeiros. – São Luís, 2001.

 MELLO. Luiz de. Escorço da história do açúcar no Maranhão; No tempo das eleições a cacetes: dois estudos históricos/Jerônimo de Viveiros. Org. de Luiz de Mello. São Luís: Ponto a Ponto Gráfica e Editora, 2016.

 

OLIVEIRA, A. M. P. P. de; ISQUERDO, A. N. Apresentação. In: ______ (org.). As ciências do léxico: Lexicologia, Lexicografia, Terminologia. Campo Grande, MS: UFMS, 2001, p. 09-11.

 SAMPAIO, T. O tupi na geografia nacional. 5ª ed., São Paulo: Editora Nacional, 1987

 SANTANA, Jucey Santos de. Mariana Luz: vida e obra. / Jucey Santos de Santana. _ Itapecuru Mirim: editora, 2014.

SAPIR, E. Linguística como Ciência. Trad. Joaquim Mattoso Câmara Jr. Rio de Janeiro: Livraria Acadêmica, 1969.                                                                                                 

Disponível em: http://portal.mec.gov.br/component/tags/tag/acordo-ortografico. Acesso em: 16 de mar de 2021

Disponível em: https://bdgex.eb.mil.br/mediador/. Acesso em: 17 de mar de 2021.

 

 


Autor: Tiago de Oliveira Ferreira é mestrando do PPGL – UFMA, professor concursado do ensino fundamental II de Língua Portuguesa de Itapecuru Mirim e Substituto da Universidade Estadual do Maranhão – UEMA campi Itapecuru Mirim, autor dos livros Caminhos do Itapecuru uma viagem pelo, Jardim do Maranhão – 2015 e Areias de Santa Rita – 2016. Participou com textos sobre povoados nas coletâneas Púcaro Literário I, II e III organizada pela Academia Itapecuruense de Ciências, Letras e Artes –AICLA, Instituição que faz parte deste 2015, tendo como Patrono Bernardo Thiago de Matos, cadeira nº 32.

 


[1] Graduado em Letras pela UEMA; Especialista em Letras e Literatura pelo IESF; Mestrando em Letras pela UFMA. E-mail: tiagouemanet2018@gmail.com. Lates: https://wwws.cnpq.br/cvlattesweb/PKG_MENU.menu?f_cod=F73E54962F57060D5FA2A3EF083EF6EE.

4 comentários:

  1. Rico de informações, o texto. Parabéns, professor Tiago!

    ResponderExcluir
  2. Muito bom o estudo do Professor Tiago de Oliveira Ferreira, mostrando as variações atribuídas ao significado do nome da cidade de Itapecuru Mirim. Fica esclarecido que o nome e todas as controvérsias se referem ao "Rio Itapecuru Mirim". Mais tarde usado para renomear a cidade.
    Parabéns, Tiago, pelo esclarecedor trabalho!
    Professora Benedita Azevedo

    ResponderExcluir
  3. Bom dia e muito obrigado confreira Benedita Azevedo, é uma grande honra, ainda mais sabendo que a senhora é uma grande conhecedora das teorias linguísticas.

    ResponderExcluir