A Cigarra Itapecuruense
Jucey Santana
Este ano de 2021 a maior poetisa de Itapecuru
Mirim, está completando 61 anos do seu falecimento, ocorrido em 14 de setembro
de 1960. A insigne poeta faleceu na véspera do dia consagrado a Nossa Senhora
das Dores, padroeira da sua paróquia a
quem Mariana Luz devotava grande devoção, a ponto de deixar sua casa, seu único
bem, de herança a sua padroeira. O
seu enterro, ocorreu depois da procissão, que a pedido de padre Albino, houve
uma emocionante parada em frente à sua casa.
Faleceu aos 89 anos. Nunca parou de escrever, até
nos momentos finais de sua existência.
Este ano de 2021 é o ano dela. As Academias de Letras Maranhenses –
Academia Maranhense, Itapecuruense, Vargem-grandense e
Luminense, se uniram para para homenageá-la em seus 150 anos de nascimento.
Nasceu em 10 de dezembro de 1871.
Aos 13 anos
de idade, em 25 de maio de 1885, teve a
primeira publicação dos seus trabalhos artesanais no jornal, A Pacotilha e aos
18 anos, em 12 de janeiro de 1890, foi
publicado no mesmo matutino a sua primeira crônica, Variedades, que descrevia todo este entorno,
com o cemitério, a igrejinha, as mangueiras
já que ela nasceu aqui perto no local onde atualmente é a agencia dos Correios.
Deixou uma
grande produção literária, publicadas em todos os matutinos e periódicos do
Maranhão no final do século XIX e o inicio do Século XX. Seus textos, a sua
maioria, sonetos foram publicados também em outros, Estados como: Rio de Janeiro, Pernambuco, Pará
e Piauí. Nunca parou de escrever, tudo
servia de inspiração a renomada poeta.
Mariana Luz
foi uma mulher na vanguarda do seu tempo. Ela não temia
quebrar as regras de uma sociedade preconceituosa para impor o seu
trabalho e talento. A exemplo de dedicar-se ao magistério por quase
80 anos, como a um sacerdócio; ajudar na educação de gerações e
gerações de maranhenses; ser pioneira em trabalhos artísticos e artesanais;
fundar escolas; ajudar na construção da igreja; fundar teatro; participar de
grêmios literários; fazer parte dos principais acontecimentos históricos,
culturais e sociais da sua cidade e se projetar como renomada poetisa,
angariando respeito em toda uma classe literária, ao lado de
gigantes da intelectualidade que criaram o fenômeno da “Atenas
Brasileira” no cenário estadual.
Sua história
está vinculada na história da arte literária maranhense, no momento mais
expressivo da memória da poesia maranhense, com um lastro de grande importância.
A poetisa itapecuruense
A poetisa Mariana Gonçalves da Luz, foi uma das figuras mais
expressivas na literatura maranhense, do final do século XIX e da primeira
metade do século XX, com uma produção literária de primeira grandeza. Era filha de João Francisco da Luz, e de
Fortunata Gonçalves da Luz. Era neta de escrava. Foi professora, poetisa,
teatróloga, musicista, oradora e escritora.
Ela
viveu na vanguarda do seu tempo.
Na época, já vislumbrava uma prefiguração da mulher dos tempos atuais, não temendo quebrar as regras de uma
sociedade preconceituosa para impor o seu
trabalho e talento, a exemplo de dedicar-se ao magistério por quase 80
anos; ajudar na educação de gerações e gerações de maranhenses; ser pioneira em
trabalhos artísticos e artesanais; fundar escolas; fundar teatro; participar de grêmios
literários; fazer parte dos principais acontecimentos históricos, culturais e
sociais do Maranhão e se projetar como
renomada poetisa, angariando respeito em toda uma classe literária, ao lado
de gigantes da intelectualidade que criaram o fenômeno da Atenas Brasileira no cenário
literário maranhense do século dezenove.
Mariana Luz começou escrever poesia ainda pequenina. Aos
10 anos de idade foi descoberta pelo pai
que a proibiu de escrever por achar que não era uma atitude apropriada à
mulher, então, continuou a produzir a sua arte literária com o pseudônimo de
homem, “Hector Moret” e “Vinícius”. Aos 11 anos já tinha uma escolinha de
primeiras letras na casa de seus pais, começando ensinar os filhos de vizinhos
e os parentes.
A obra de
Mariana Luz, ficou muito tempo na obscuridade, por falta de condições
financeiras da autora, para sua publicação. Recorreu aos conterrâneos, a
governadores do Maranhão, (Godofredo Viana e Antônio Dino), e até a Adhemar de Barros, então governador São Paulo, em 1951, sem êxito. No final da
década de 40, organizou artesanalmente um livro com o título de “Murmúrios” e se candidatou à Academia
Maranhense de Letras sendo eleita no dia 24 de julho de 1948, como a segunda
mulher a ter assento naquela secular instituição literária, como fundadora da
cadeira 32, tendo por patrono o poeta caxiense Vespasiano Ramos.
Em 10 de maio
de 1949 tomou posse em meio a grande festa e repercussão nacional. Foi
convidada para ser hóspede oficial do então governador do Estado Sebastião
Archer. Infelizmente faleceu sem ter realizado o sonho de ter seus versos
publicados em livro.
A Poetisa
−
Sofrimento, solidão e tristeza − são os temas muito explorados pela autora.
Uma tristeza vaga, indefinida / Esta vida
falaz e amargurada. / Angústia, o mal
a que ninguém se exime. Em entrevista a poetisa confirma: Prefiro a Escola Antiga, porque me parece
agradar mais ao coração. Está mais condizente com a minha alma sofredora.
− Beleza, natureza − retratada através das paisagens,
jardins, crepúsculo, flores, por do sol, tarde, pássaros, folhas, sorrisos...
− Dor e
Morte – temas bastante explorados em seus escritos, com mensagens cheias de
reflexões sobre vida, morte, cadáveres e dor, como exemplo: Suprema Dor / Morte
de Almira / Morta, Entre o Berço e o
Túmulo / Gracinha Junto ao Féretro da Mãe, Este
caixão teu derradeiro leito/ Eu sinto qual cadáver regelado.
−
Escravidão – um texto escrito em comemoração ao Jubileu de Prata da libertação dos
escravos em 1927, com o título “Salve, 13 de Maio”.. irradiam novos horizontes na sacrossanta asa da liberdade.
− Homenagens –
Escreveu homenagens, como: A Gomes de Sousa, Gonçalves Dias, Coelho Neto, Padre
Possidônio, João Rodrigues, Américo César,
Getúlio Vargas, Francisco Félix
de Sousa, Hermes Rangel e muitos outros. Infelizmente grande parte do seu
acervo literário foi perdido, por falta de acondicionamento ou corroído por
cupins.
A Teatróloga
Mariana Luz tinha um grupo teatral que
se apresentava em sua residência. Em 30 de julho de 1933, fundou a sua casa de
espetáculos, o Teatro Santo Antônio, na Rua Cayana atual Avenida Brasil de
Itapecuru Mirim. Encenava peças que traduziam costumes, humor e formação moral
de gente campesina, satirizava a condição da mulher na sociedade, mau desempenho dos políticos e outras.
Suas peças fizeram muito sucesso na
época, sendo requisitadas como: A Casa
do Tio Pedro, Quem Tudo quer Tudo Perde, A Herança de Benvinda, Casada
Desabusada, Por Causa do Ouro, Eu também
sou Eleitora e Miss Semana entre
outras. Ela participava de todas as etapas da encenação: produzia, dirigia,
atuava, cantava, dançava e produzia o figurino.
Mariana
Luz passou por muitas privações financeiras na velhice. Somente em 1941, na
administração do prefeito Felício
Cassas, já com mais de 70 anos de idade, a educadora Mariana Luz conseguiu seu
primeiro emprego de professora
municipal, lotada na Escola Getúlio
Vargas.
Em 2014, a ´pesquisadora Jucey Santana lançou o livro "Mariana Luz, vida e Obra", depois de muitos anos de pesquisa.
Em 2019 a pesquisadora
lançou o livro infantil, “A Cigarra Mariana Luz”, objetivando levar a autora
aos pequenos leitores, com grande
aceitação entre os estudantes.
Depois de muitos anos
completamente esquecida, atualmente a importante poetisa está tendo o
reconhecimento merecido. É patrona da cadeira nº 01 da Academia Itapecuruense
de Ciências, Letras e Artes, da cadeira
nº 08 da Academia Vargem-grandense de Letras e Artes, da cadeira nº 28 da
Academia Luminense de Letras e vários pesquisadores e estudantes pesquisam os seus escritos.
Em 2019 Jucey lançou o livro de Mariana Luz,
no Norte de Portugal, porém este que é o ano de 2021, o que se viu foi a projeção de Mariana Luz, ao
seu merecido lugar de destaque: Em abril
Jucey levou Mariana Luz, ao Salão Internacional do Livro, de Genebra, na Suíça.
Este ano também foi lançado pela pesquisado Gabriela Santana, a obra “Mariana
Luz, Murmúrios e Outros poemas”, sob a égide da Academia Maranhense de Letras.
Outra grande alegria do itapecuruense, finalmente ver o nome da poetisa,
conquistando o lugar merecido na Praça dos Poetas, uma grande luta da
pesquisadora Jucey Santana e por último na semana passado, fomos informados
que o Almanaque “Trilhos da Alfabetização”, projeto da VALE, as escolas distribuídos
os 24 municípios onde passa a linha de
trem da VALE, traz 2 páginas sobre Mariana Luz. É Mariana chegando as escolas!
Antigo Hino à Nossa Senhora das Dores
Cantado até 1955,
quando foi substituído pelo atual hino, encomendado por Padre Jose Albino
Campos Filho. (Amanhã estará
completando 65 anos que o atual hino foi cantado pela primeira vez) 15.09.1956.
Nossa Senhora das Dores,
Virgem Mãe imaculada,
Escutai as nossas preces
Ó Senhora Angustiada
Pelo sangue precioso
Que Jesus derramou na Cruz
Escutai as nossas preces
O’ Virgem Mãe de Jesus
Por vossas benditas mágoas
Vossas dores e agonia
Escutai as nossas preces
O’ Doce Virgem Maria.
Sede sempre compassiva
Para os pobres pecadores,
Escutai as nossas preces
Nossa Senhora das Dores.