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terça-feira, 4 de abril de 2023

ENCHENTES DO RIO ITAPECURU

                                         

*Jucey Santana

 

Ao longo da história temos conhecimento de grandes enchentes que ocorreram no rio Itapecuru  que trouxeram muitos males à ribeiro do mesmo. Para citar algumas, comecemos pelo ano de 1789:

 

Em 1789 encheu tanto o Itapicuru. que em partes tinha duas léguas de largo (...). Depois de baixo sobrevieram  aos seus moradores umas febres epidêmicas, que  mataram a quinta parte da sua população. Não existia memória  de cheia igual neste rio.(Poranduba Maranhense ou Relação Histórica  da Província do Maranhão, edição AML, 2012).

 

Em 1855 houve uma enchente de grandes proporções  devastação nas lavouras.  A grande enchente de 1875  trouxe muitas mazelas transtornos na recém-criada cidade. Na época a população itapecuruense foi acometida de uma epidemia de varíola além das febres “má”.   A cheia de 1895,  teve repercussão a longo prazo, com devastação em toda ribeira. Os grandes armazéns situados à Beira Rio e  nas ruas adjacentes foram tomados pelas aguas a exemplo dos empórios dos negociantes Domingos Araújo e Manoel Caetano (Manoel Cobra). As rampas de desembarques de mercadorias e passageiros ficaram completamente danificadas.

 

Em 1917 houve outra enchente de grandes proporções. Na ocasião  desabaram antigos   casarões e sobradões que testemunhavam a época áurea da aristocracia da Vila, com grande importância econômica, política e militar, época dos coronéis, conselheiros, comendadores, barões,  agropecuaristas, senhores de engenho,  feiras  e exposições de gado,   (Publicador Maranhense, 27.8.1856). Na ocasião caiu à casa  do coronel Bento Nogueira da Cruz  na Praça Cel. Nogueira. (Pacotilha, 7.5.1917).

 

A enchente de 1924, foi a pior de todas. A Rua do Egito, atual coronel Catão, passou mais de um mês submersa, sendo o seu transporte por canoas. A estação de trem ficou só o telhado de fora, e os trilhos inundados.  Os barcos a vapor fundeavam perto da praça da Cruz. As casas que não caíram ficaram abaladas, “parecia que tudo se acabava em Itapecuru”.   Se verificava na época um espírito desalentador, marcado pelo flagelo da enchente. Uma cidade que já havia conhecido período de grandeza, a enchente  deixou marcas como, pobreza e falta de trabalho. Com o “ciclo da borracha” houve evasão dos moradores para os seringais do norte,  agravando mais  o comercio e lavoura local.

 

 A população tentava reconstruir a cidade destruída. Com a baixa do rio, a cidade foi acometida de mazelas como surto de febres, as chamadas “sezões” ou “impaludismos”. (Combate, 25.3.1951 e Correio Paulistano, 18.5.1924).

 

Em crônica do professor Newton Neves no jornal Combate, com o título, “Itapecuru a Ressurgir” citava os moradores supersticiosos, chamando a   atenção para a calamidade de 1924, que seria punição em detrimento da antiga “praga” dos capuchinhos que em missões populares, anos atrás, celebraram do outro lado do rio de costas para a cidade, “bateram em maldição o  pó das sandálias às portas da cidade”. Profetizavam os moradores: “é o fim de Itapecuru”.

 

Houve também grandes cheias do rio nos seguintes anos: 1947, 1964, 1974, 1986 e em 2009, porém nenhuma se equiparou a calamidade de 1924.

 

 

*Do livro, Sinopse da História de Itapecuru Mirim (2018), de autoria de Jucey Santana.

 

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