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sábado, 17 de outubro de 2015

PEIXES DO RIO ITAPECURU



Por: Tiago Oliveira
       Neste tópico quero enfatizar a quase extinção de dois peixinhos a pataca (Tetragonopterus argenteus - Cuvier, 1816) e a pititinga (Engraulis encrasiocolus), que habitam essencialmente o leito do rio só sendo encontrados em seus igarapés próximo da foz dos mesmos e durante as cheias. Estes peixinhos de pequeno porte são fundamentais para a vida existir no rio, por habitarem a região que chamamos de flor d’água se alimentam de quase tudo que cai na água, tais como: insetos, larvas, matérias em decomposição e por isso servirão de alimento para os peixes maiores e para as garças, socós, martins – pescadores etc. Por isso, o desaparecimento de tais indivíduos trará consequências irreversíveis ao ambiente em foco. Para minha pessoa falar dos peixes do Itapecuru e manter o distanciamento necessário de autor, foi impossível, pois por vezes fiz minhas refeições embaixo de árvores na sua margem, servindo-me de toda a sua variedade e apreciando o sabor do melhor peixe do Maranhão e ver que atualmente os poucos que ainda são capturados sequer podem ser ingeridos devido ao gosto ruim da poluição que já entranhou em sua carne.

Acima se vê imagens de quatro exemplares de peixes, que já foram comuns e abundantes nas águas do Itapecuru, que são, a saber: Curimatá, Piranha Branca (Pirambeba), Caranbanja e Sarapó. Contudo, está população de peixes não só das espécies acima como de todas estão seriamente ameaçadas de extinção no rio, sendo que outras já foram extintas, por várias razões uma delas é que os verdadeiros donos da Ribeira do Itapecuru não povoam mais suas margens, e se o rio Itapecuru ainda fosse cercado de aldeias talvez sua realidade fosse outra. Principalmente, no que se refere à população de peixes seria mais abundante em virtude da consciência ecológica dos indígenas, que exerciam a atividade pesqueira apenas com o intuito de prover o seu sustento, sem objetivar lucro, já que, estes não comercializavam o mesmo e capturavam os que estavam propícios para a sua alimentação. Veja o que diz CESAR Marques em seu - Dicionário Histórico e Geográfico da Província do Maranhão: Em 14 de setembro de 1869 foi pescado com muita dificuldade um grande peixe chamado Espadarte (Pristis perotteti), na volta do Curimatá, no lugar denomido Croeiras, perto perto da Vila do Rosário, para onde foi conduzido e ai retalhado. Tinha 28 palmos de comprimento da cauda a ponta da espada e 12 de largura. Admira o ser conduzido n’água doce, e longe da foz d’este rio. Este fato vem mostrar o nível de preservação em que ainda se encontrava o rio, no final do século XIX e início do XX.
É claro que o sumiço dos índios da Ribeira em tela não o único motivo da extinção dos peixes do dito Rio. Já que, os relatos de pescadores ribeirinhos e alguns textos históricos dão conta de uma grande variedade e abundância de peixes vivendo em suas águas, mesmo até meados das décadas de 50, 60, 70 e até 80 do século XX, momento que a população ribeirinha aumentou drasticamente nas suas margens sem planejamento, levando a um crescimento desordenado das cidades e um consumo vertiginoso dos seus recursos, tais como: caças, água, terras, madeiras além do impacto gigantesco na quantidade e variedades dos peixes do Itapecuru.
Veja esta crônica: Sexta Feira, 23 de janeiro de 1963 – Página 3. Correio do Nordeste. Crônica de Zuzu C. Nahuz – A Enchente de 19924.
 Como me recordo de março de 1924, quando o Rio Itapecuru teve uma de suas maiores enchentes.As águas subiram assustadoramente tomando conta da estação da Estrada de Ferro e, ao lado da Cidade de Itapecuru até a Rua do Egito.Num domingo a tarde, papai resolveu levar seus familiares para um passeio de canoa, sob o comando do remador Vitor Almeida. Saimos as três horas da tarde e como me lembro da hora em que passamos dentro da estação do trem e que papai levantou a mão tocando a sineta.
 Depois, viemos sobre as águas pela linha do bonde puxado a burros e ao chegarmos próximo a casinha do mencionado veiculo, uma caçoeira impediu nossa passagem obrigado-nos a fazer uma volta muito grande para regressarmos a nossa casa.Nessa mesma noite fomos a residência do Coronel Climaco Bandeira de Melo assistir uma pescaria de caniço e anzol, no próprio quintal daquele saudoso politico.
O velho Rodolfo pegou nessa noite muitos mandubés, mandis, anojados, curimatás, piaus, branquinhas e surubins.Nesse tempo, o Rio Itapecuru era muito piscoso e meu pai tinha duas redes de pescaria e quando voltavam do Igarapé do Jundiai, a varanda de nossa casa ficava lastrada de peixes de toda as qualidades.Uma cambada de mandubés que era o melhor peixe da época, custava dois mil reis e as piranhas, sarapós, tubis e os cascudos, meu genitor dava a pobreza.O peixe era tão abudante que dezenas de homens e mulheres o salgavam, para vender para Anajatuba e Vargem Grande.Dizem que as maiores enchentes do Rio Itapecuru foram em 1917 e 1924, quando a cidade foi transformada em calamidade pública.
Sobre o tema acima moradores da cidade de Itapecuru-Mirim contam que os pescadores traziam muitos peixes do Igarapé Jundiai até meados da década de 80 do século XX, e que quando chegavam com as canoas anuciam a sua chegada com um berrante e nos serviços de autofanlantes, que existiam na cidade, atualmente este fato só existe na lembrança.
Destaco aqui, também os relatos do pescador Raimundo Nonato Alves, que nasceu na margem esquerda do Itapecuru, em 1955, no Povoado Areias, Município de Santa Rita. O mesmo relata, que desde cedo foi habituado a pescar e que pela metade dos anos 60 do século XX, ainda era possível pescar grandes quantidades de peixe de bom tamanho (pescadas de 9 kg, curimatãs de 3kg, surubins de 30kg, branquinhas de 250 g...) no Itapecuru e de toda variedade (mandubés, bagres, surubins, pescadas, camurins, curimatãs, branquinhas, mandis, anojados, papistas, douradas, sem contar os relatos das aparições do Peixe-Boi (Trichechus inunguis) à flor d’água), este último foi praticamente extinto, contudo em junho de 2013 o morador do Municipio de Rosário – MA, Geovane, trabalhador da Pedreira Ananheguera, encontrou na margem esquerda do Itapecuru, no Povoado Boa Vista, um Peixe – boi de aproximandamente dois metros de comprimento e trezentos quilos, morto e encalhado em um corrego, sendo que a causa morti do mesmo não foi estudada, infelizmente. Voltantando aos relatos do pescador Raimundo Nonato Alves o mesmo afirma, que naquela época a pescaria era feita ainda quase que de maneira artesanal por meio de puçás, jequis, cofos, anzóis e os métodos mais profissionais eram feitos com a utilização de tarrafas, redes de rabo e espinhéis, e segundo o mesmo as temidas redes de náilon (caçoeiras) eram raríssimas sendo introduzidas naquela região por um pescador da cidade Itapecuru-Mirim, conhecido por Miguel Arcanjo. Outro relato bem interessante do mesmo pescador dá conta da grande variedade de animais vivendo nas matas ciliares, que por serem preservadas, ainda abrigava muita vida além de informar sobre a largura do rio, que por ser tão estreito e preservado, que naquela região alguns macacos conseguiam atravessar o mesmo saltando de uma margem à outra, usando os galhos dos ingás (árvore comum da sua margem). Atualmente na região citada por ele que é conhecida como estirão do Taquipé (Igarapé afluente do lado esquerdo do rio) o rio tem quase duzentos (200m) de largura fruto principalmente do assoreamento causado pelas roças e quedas de barreiras, que são causadas principalmente pela retirada ilegal de areia e das vazantes (roças que são feitas na beira do rio).
Ligado a tudo isso temos, atualmente, outro grande problema que é a falta de consciência da sociedade comum um todo e principalmente das entidades públicas, que não exercem sua função disciplinadora e reguladora, sobre as questões ambientais. Os relatos dos pescadores e documentos antigos mostram que infelizmente muitas espécies já foram extintas e as que ainda existem estão em número reduzido e não conseguem atingir o seu tamanho ideal para o consumo, já que, são capturadas prematuramente, por redes que possuem malhas cada vez menores e tantos outros métodos predatórios. Tais como, os que elenco abaixo, mantendo a estrutura original que foi apresentada na forma de Banner no VIII EPICECEN da UEMA (Universidade Estadual do Maranhão), em maio de 2014. Com o apoio exclusivo do Colégio Jesus Maria José, Instituição que faço parte como professor desde janeiro de 2008, e que é sempre parceira em ações relativas a defesa do meio ambiente.

Pesca Predatória no Itapecuru
Um dos principais motivos para a diminuição do número de peixes no bioma em foco é a pesca predatória, que acontece durante todo ano. Contudo, o período mais crítico é a desova (piracema), que coincide com a época da cheia do Rio, pois, é nesta época que os peixes procuram os igarapés e a cabeceira do rio para a desova. Garantindo assim, a criação de novos indivíduos. As principais formas de predação estão elencadas, abaixo:

Redes de Remanso
 A margem do rio é constituída por pequenas enseadas, que faz com que o curso da água forme pequenos remansos (local onde á água parece não se movimentar), nestes lugares os pescadores costumam colocar suas redes a espera dos peixes, que utilizam a mansidão destas águas ou para subir o rio com maior facilidade ou para se alimentar, reproduzir e descansar por alguns períodos, tornando-se assim presas fáceis das redes de pesca (malhadeiras) com suas malhas cada vez menores. Quando eles não vão sozinhos são forçados a ir pelas batidas nas coivaras, que geralmente existem nestes locais e servem de proteção para os peixes.

Redes nas desembocaduras dos igarapés durante a Piracema (cheias)
 Até a década de 80 do século XX era muito comum um tipo de pesca muito agressiva a reprodução dos peixes, que era conhecida como Rede de Rabo, neste caso era utilizada uma imensa rede com formato de um saco de coar café, similar a uma tarrafa, que era colocada na desembocadura dos maiores igarapés (afluentes do rio Itapecuru), para capturar os peixes

Que desciam das nascentes dos igarapés após a desova e como a malha era pequena, até mesmo os impróprios para a comercialização eram mortos. Este tipo de pesca impedia os peixes de retornar ao leito do rio. Segundo relatos do Pescador Raimundo Nonato Alves de cinquenta e nove (59) anos, Raimundo Ferreira Muniz de sessenta e quatro (64) anos, Raimundo de Assis já falecido, que pescaram por vários anos com este tipo de rede, as mesmas também eram utilizadas durante a estiagem no leito do rio para capturar peixes nos pulsões ou lajeiros (formações rochosas muito comuns nos trechos próximos a foz do rio, que são constituídos principalmente de material sedimentar).

         Atualmente, o tipo mais comum são as chamadas malhadeiras, redes de náilon, que também são colocadas nas desembocaduras (foz) dos igarapés e nos seus banhados (áreas alagadas por eles) durante as cheias impedindo que os peixes procriem soma-se a isso a pesca com anzóis, barragens irregulares etc. formando um conjunto de fatores nocivos ao bioma em tela. 
                                                                                                         
                 
                                                                                                              
Tapagens nos igarapés
 Além das redes supracitadas e os anzóis os peixes enfrentam outro grave problema são as chamadas tapagens, métodos artesanais de pesca, provavelmente herdado dos indígenas e assimilado pelos pescadores. Este método consiste em literalmente tapar o leito dos igarapés com palhas de babaçus de uma margem a outra logo nas primeiras cheias impedindo os peixes até mesmo subirem, este sistema faz com que á água forme uma pequena represa, neste momento são feitos orifícios (buracos) nas paredes das tapagens onde são colocados jequis (instrumentos com formato de funil feitos da tala do babaçu entrelaçado por cipó) por onde água passa, os mesmos funcionam como um filtro impedindo assim a passagem dos peixes. Como, as tapagens formam represas acima delas, á água passa pelos jequis com certa força, matando assim geralmente todos os peixes, que são aprisionados, tanto os que estão próprios para o consumo, como os impróprios, quem visitar um desses locais terá a ingrata oportunidade de visualizar grande quantidade de alevinos de todas as espécies possíveis mortos.

Pesca de Açoite (batida)

Estas acontecem durante as marés a partir do Povoado Barriguda seguindo até a foz do rio, porque é praticada principalmente durante a maré, pois, esta comunidade ribeirinha pertencente ao Município de Itapecuru-Mirim, está situada a menos de duzentos (200) quilômetros da foz do Itapecuru. Tal, proximidade permite que a força das marés inverta a corrente natural do mesmo, que ocorre do sul para o norte. Contudo, só ocorre nos meses da estiagem. Esta prática consiste em colocar as redes, no instante em que as águas estão paradas. Os pescadores armam as redes, que por vezes margeiam o rio de lado a lado, e descem suas águas ficando a aproximadamente duzentos (200) metros das redes e em seguida começam bater na água com pedras, remos, varas e nados assustando os peixes, induzindo os mesmos a se dirigirem ao encontro das temidas malhadeiras, para os peixes um espetáculo de horrores; presenciei algumas vezes e até mesmo pratiquei, e infelizmente visualizei até o uso de foguetes na água.
Para amenizar os casos acima temos programas como o Seguro Defeso do Governo Federal que garante o pagamento de quatro salários mínimos aos pescadores cadastrados no programa durante a época de reprodução dos peixes (Piracema) e que são de responsabilidade das colônias de pescadores fiscalizarem, mas que não funciona como devia. Pois, pela essência os pescadores cadastrados deveriam atuar como fiscais no período da desova dos peixes e caso praticassem a pesca, que fosse apenas, em quantidades mínimas e se a mesma fosse ilegal deveriam ter os seus benefícios cancelados. Contudo, o que ocorre na prática é que existem pessoas cadastradas sem terem um único vínculo com as atividades pesqueiras, além do fato de, praticamente todas as beneficiadas, continuarem a manter a pescaria durante este período e o pior é que, a mesma ocorre de maneira predatória, tudo isso atrelado à falta de fiscalização por meio das colônias, Ministério Público, IBAMA, Secretarias Municipais e Estaduais de Meio Ambiente e pescadores que não respeitam o defeso e todo o tipo de descaso possível para com o rio; como exemplo temos a colônia de pescadores de Itapecuru-Mirim Z40 que foi fundada em 31 de maio de 1949 e atualmente conta com mil e duzentos (1.200) associados (até a conclusão deste texto, em dezembro de 2014), sendo que setecentos (700) já possuem sua carteira e recebem o benefício e os outros quinhentos (500) ainda estão no aguardo da mesma. Fazendo um parâmetro de como seria fundamental termos pescadores conscientes, vamos fazer um cálculo aproximado de quantos pescadores associados existem na Bacia do Itapecuru, tomando como base esta cidade e apenas as que são ribeirinhas ao Rio. Contando, com cidades ribeirinhas e outras, que apenas fazem parte da Bacia do Itapecuru, por serem cortadas por seus afluentes e por isso ter suas águas drenadas pelo outrora “Jardim do Maranhão”, somam mais de cinquenta (50). Multiplicando este número apenas por mil (1.000) teríamos algo entorno de cinquenta mil (50.000) fiscais permanentes do belo rio, agora imagina o impacto positivo que uma ação conjunta de tamanha população faria para o mesmo.
Entretanto, não há de fato uma campanha de esclarecimento e conscientização sobre a finalidade do programa, (que é a proteção dos peixes no seu momento mais vulnerável) muitos associados sequer são pescadores, sem contar no indício da existência de pescadores fantasmas e até mesmo aqueles que são cadastrados por trocas de favores eleitorais.
Outros problemas ambientais, só corroboram com o descaso, pois, tão necessário quanto preocupante para a preservação da biodiversidade deste rio é o projeto, que se desenvolve no Povoado Areias, no Município de Santa Rita. Desde a segunda metade dos anos 90 do século XX, que teve como precursor um Sr. conhecido porpulamente como João Tambaqui. Este último foi o responsável por toda esta expansão da cultura da psicultura de peixes da Bácia Amazônica em toda esta parte do Maranhão; vale salutar, que no povoado em tela várias pessoas, que trabalharam com o mesmo também já constituiram suas próprias psiculturas, para criação das matrizes de tambaquis e posteriomente desenvolvimento dos alevinos reteriando água do rio é claro. O benefício fica por parte da geração de renda para a região e a produção do alimento mais saudável que é a carne de peixe, para grande parte da população maranhense e até mesmo cidades do Piauí e Tocantins, que compram alevinos daquela região.
Os pontos negativos ficam por parte da devastação da mata ciliar para dar lugar aos tanques, o   desvio de alguns cursos d’águas, ou seja, alguns igarapés são transformados em barragens para acumular água durante o período da estiagem impedindo alguns peixes de fazerem este trajeto durante a piracema, além de não permitir, que à água faça o seu curso natural; porém talvez o mais preocupante é a inserção de novas espécies de peixes (tambaquis, pirarucus e tilapias) nas águas do Itapecuru, que vem acontecendo principalmente pelo rompimento de barragens onde as matrizes ficam alojadas e até mesmo durante a limpeza dos tanques, pois, os mesmos estão sempre perto de algum curso d’água ligado ao rio. Estas espécies invazoras já são constantemente capturadas por pescadores e por não fazerem parte deste bioma representam uma grave ameça, pois, não possuem predadores naturais além de poder se tornar, numa ameaça gigantesca para as poucas especies, que ainda resistem.                                                                                             
Peixes e suas principais características
Os peixes possuem três características que são bem marcantes e perceptíveis para qualquer ser humano, desde o mais inculto ao mais graduado, que diz respeito ao fato de sua massa corpórea (carne) ser coberta por couro, escamas ou cascas (termo popular) e levando em consideração que este trabalho não visa fazer um apanhado cientifico do rio e sim dá uma visão geral do mesmo. Nesta parte será exposto o maior número de espécimes dos peixes possíveis, que existem ou que já existiram no rio, uma vez que possivelmente muitas espécies já foram extintas sem ao mesmo serem estudas; um exemplo claro é de um peixinho de escama medindo entre 8 a 15 cm, pesando algo em torno de 150 g, conhecido como boca de ouro, que era encontrado com certa frequência entre Areias e um local conhecido como viúva poção, que fica
próximo ao Povoado Canta Galo, no Município de Santa Rita e que há mais de oito (08) anos não é capturado um só exemplar , segundo pescadores da região, além do fato, de não ter-se encontrado o seu nome cientifico em nenhum catalogo, pesquisado para a elaboração desta obra. Por estes motivos, os nomes foram organizados por seu nome popular e cientifico, neste último caso para facilitar o trabalho de futuras pesquisas, que venham a ajudar na preservação destes indivíduos; e para que a leitura fique mais didática os peixes estão catalogados segundo as características corpóreas supracitadas. Sobre as características dos peixes, que serão abordadas nos quadros abaixo, vale salutar, que tanto o seu comprimento, quanto a massa corpórea é dada de maneira aproximada e do tamanho que são encontrados atualmente.
Vale lembrar que o nome popular varia muito de uma região para outra, mesmo que seja dentro do mesmo Estado, como exemplo pode-se citar a Urubarana (Acestrorhynchus microlepis - Schomburgk, 1841), assim conhecida popularmente pelos pescadores do Itapecuru, já nas margens do vizinho rio Mearim a mesma é conhecida como Peixe Cachorro, outro caso é o do Corró (Bunocephalus coracoideus), que no vizinho Mearim é conhecido como reque-reque.
Peixes de couro
Os peixes de couro apresentam um grupo de grande beleza, muito variado em tamanho, cores e formas; estes habitam as águas mais profundas de seu habitat, sendo onívoros, porém no que se refere a seus hábitos alimentares a característica mais marcante é a sua voracidade por presas, que possuem sangue rico em ferro (vermelho), fazendo-os presas fáceis para os pescadores, que utilizam anzóis com iscas de minhocas ou as chamadas iscas vivas (pequenos peixes como: sarapós, cascudos pretos, jejus etc.) para espinheis (corda com um grande número de anzóis). Sem esquecer é claro do sabor marcante de sua carne, que é muito apreciada por todos os amantes dos peixes independentemente da sua forma de preparo.                
Peixes de escama
Grupo mais abundantes de peixes que vivem no “Jardim do Maranhão”, as suas escamas são um atrativo a parte para os admiradores da biodiversidade; os exemplares a baixo Carabanja Branca (Geophagus surinamensis – Bloch, 1791) e o bravo Piau de Vara (Schizodon vittatus - Valenciennes, 1850) mostram um pouco de todo este esplendor das cores de suas

NOME POPULAR
NOME CIENTÍFICO TAMANHO APROXIMADO
Anojado
Trachelyopterus galeatus - Linnaeus, 1766 – (10 a 12 cm de comprimento – até 100g)
Bagre
Hexanematichthys couma - Valenciennes, 1840 – (50 a 80 cm de comprimento – até 12 kg)
Bagre-amarelo
Cathorops spixii – (40 a 60 cm de comprimento – até 8 kg)
Caratoí
Auchenipterus nuchalis - Spix e Agassiz, 1829 – (5 a 12 cm de comprimento – até 90g)
Bico-de-pato/Tubajara
Sorubim lima - Bloch e Schneider, 1801 – (15 a 25 de comprimento – até 400g)
Jandiá
Rhamdia quelen - Quay e Gaimard, 1842 –  (10 a 25 de comprimento – até 120g)
Mandi-açu
Pimelodus ornatos - Kner, 1858 –  (10 a 25 cm de comprimento – até 500g)
Mandi-armado
Pimelodus blochii - Valenciennes, 1840 – (10 a 20 cm de comprimento – até 120g)
Mandi Cabeça de Cavalo /Bico de flor
Hassar wilderi - Kindle, 1894 – (8 a 15 cm de comprimento – até 100g)
Mandi-mole
Pimelodella cristata - Muller e Troschel, 1848 – (10 a 20 de comprimento – até 50g)
Mandi-sacaca
Pimelodus ornatus – (10 a 35 cm de comprimento – até 300g)
Mandubé-pemba
Ageneiosus dentatus - Kner, 1858 – (12 a 25 cm de comprimento – até 200g)
Mandubé-boca-larga
Ageneiosus inermis - Linnaeus, 1766 – (15 a 45 cm de comprimento – até 2kg)
Mandi-lírio
Hemisorubim platyrhynchos - Valenciennes, 1840 – (30 a 45 cm de comprimento – até 4kg)
Papista
Pseudauchenipterus nodosus - Bloch, 1794 – (10 a 15 cm de comprimento – até 150g)
Surubim
Pseudiplastystoma fasciatum - Linnaeus, 1766 – (50 a 150 cm de comprimento – até 35kg)

Escamas. Os peixes deste grupo ocupam na sua grande maioria as águas que ficam da metade até a chamada flor d’água, por este motivo os pescadores identificam alguns por serem tão comuns nesta parte das águas, pois quando os mesmos sobem para se alimentar já são conhecidos pelo barulho ou até pela forma como a água se movimenta após a sua aproximação.
No que se refere à apreciação de sua carne pela população, apenas alguns são dispensados, como exemplo pode ser citado o Peixe Cachorro (Pterengraulis atherinoides Linnaeus, 1766), que possui um odor bem característico e desagradável, além de possuir o corpo infestado por pequenas e perfurantes espinhas, aliás, estas também são um ponto bem peculiar dos peixes de escamas, que diferentemente dos de couro e dos de cascas, em que as mesmas estão inseridas fundamentalmente na região dorsal e torácica, no grupo em tela elas ocupam toda a extensão de seu corpo. Fato que por vezes causam alguns acidentes na ingestão destes; requerendo habilidade para trata-los.


NOME POPULAR
NOME CIENTÍFICO – TAMANHO APROXIMADO
Boca-de-ouro

Branquinha-olhuda
 Curimata cyprinoides - Linnaeus, 1766 (10 a 20 cm de comprimento – até 250g)
Branquinha-tapiaca
Psectrogaster amazônica - Eigenmann e Eigenmann, 1889 (10 a 15 cm de comprimento) até 200g)
Carambanja-branca
Geophagus surinamensis – Bloch, 1791 (5 a 8 cm de comprimento – até 50g)
Carambanja-bicuda
Satanoperca jurupari – Heckel, 1840 (5 a 9 cm de comprimento – até 60g)
Carambanja-preta
Heros severus – Heckel, 1840 - (5 a 7 cm de comprimento – até 50g)
Curimatã/Curimatá
Prochilodus sp.- (15 a 30 cm de comprimento – até 3kg)
Carcunda
Charax gibbosus - Linnaeus, 1758 - (10 a 20 cm de comprimento – até 150g -)
Cachorra/Peixe-gato/Arangal
Cynodon gibbus Spix e Agassiz, 1829 – (15 a 25 cm de comprimento – até 200g)
Cachorra
Pterengraulis atherinoides Linnaeus, 1766 – (15 a 20 cm de comprimento – até 200g)
Camurim-branco
Centropomus parallelus – Poey, 1860 - (20 a 80 cm de comprimento - até 2 kg)
Dourada
Pelleona castelnaeana - Valenciennes, 1847 – (50 a 60 de comprimento – até 4kg)
Pacu-mirim
Mylossoma sp.  - (5 a 10 cm de comprimento – até 80g)
Piau de Coco/Cabeça Gorda
Leporinus friderici - Bloch, 1794 - (15 a 20 cm de comprimento – até 200g)
Piau-de-vara/Aracu
Schizodon vittatus - Valenciennes, 1850 - (20 a 25 cm de comprimento – até 1kg)
Piau-sabão/Lalau
Crenicichla lugubris – Heckel, 1840 – (5 a 12 cm de comprimento – até 80g)
Peixe-pedra

Peixinho-de-mãe d’água
Phalloceros caudimaculatus – (3 a 7 cm de comprimento até 2g)
Piaba-branca
Hyphessobrycon copelandi – (5 a 8 cm de comprimento – até 30g)
Piaba-rabo-de-Fogo
Astyanax bimaculatus  - Linnaeus, 1758 – (5 a 7 cm de comprimento – até 50g)
Piaba-preto-preta
Astianax ssp – (5 a 10 cm de comprimento – até 50g)
Piaba-dura
Hyphessobrycon elachys – (5 a 11 de comprimento – até 25g)
Piranha-vermelha
Pygacentrus nattereni - Kner, 1860 – (10 a 25 cm de comprimento – até 900g)
Piranha-branca
Serrasalmus rhobeus - Linnaeus, 1766 – (10 a 20 cm de comprimento – até 250 g)
Pirambeba
Serrasalmus rhombeus – (10 a 22 cm de comprimento – até 300 g)
Pititinga
Engraulis encrasiocolus – (3 a 7 cm de comprimento – até 25 g)
Pataca
Tetragonopterus argenteus -Cuvier, 1816 – (3 a 10 cm de comprimento – até 20g)
Pescada
Plagioscion squamosissimus – Heckel, 1840 – (20 a 50 cm de comprimento – até 5kg)
Pirapema
Megalops atlanticus ­- Valenciennes, 1847 – (40 a 60 cm de comprimento – até 4kg nos rios)
Jeju
Hoplerythrinus unitaeniatus - Agassiz, 1829 – (20 a 25 cm de comprimento – até 200g)
Poraqué
Electrophorus electricus – Linnaeus, 1766 – (50 a 2m de comprimento – até 8kg)
João-duro
Steindachnerina cf. bimaculata – (5 a 10 cm de comprimento – até 100g)
Muçum/Piramboia
Synbranchus marmoratus – Bloc, 1795 – (20 a 80 cm de comprimento – até 1 kg)
Sarapó-catana
Sternopygus macrurus – Bloc e Schneider, 1801 – (10 a 45 cm de comprimento – até 250g)
Sarapó-cavalo
Gymnotus carapo – Linnaeus, 1758 – (15 a 40 cm de comprimento – até 200g)
Sarapó-manteiga

Sardinha
Triportheus angulatus - Spix e Agassiz, 1829 – (10 a 15 cm de comprimento – até 100g)
Sarapó-rajado
Gymnotus carapo.- (15 a 50 cm de comprimento – até 200g)
Soia/Linguado
Achirus achirus – Linnaeus, 1758 – (12 a 26 cm de comprimento – até 250g)
Tainha
Mugil cephalus. – (20 a 40 cm de comprimento – até 200g)
Traíra
Hoplias malabaricus - Bloch, 1794 – (20 a 30 cm de comprimento – até 1 kg)
Tubi
Rhamphicthys marmoratus – Castelnau, 1855 – (20 a 70 cm de comprimento – até 2 Kg)
Urubarana
Acestrorhynchus microlepis - Schomburgk, 1841 – (10 a 20 de comprimento – até 100g)
Voadeira
Hemiodus argenteus Pellegrin, 1908 – (20 a 25 cm de comprimento – até 200g)

Peixes de casca
Os peixes pertencentes a este grupo de indivíduos possuem o corpo recoberto por pequenas placas resistentes, que recobrem todo o corpo do ser, e é chamada vulgarmente, por pescadores e ribeirinhos de casca, uma analogia a casca das árvores. O material que constitui tais placas é a quitina, o mesmo presente em unhas e cabelos dos mamíferos. Tal característica deve-se ao fato dos mesmos habitarem os locais mais profundos dos rios, por isso, as “cascas” têm a função de proteger o corpo dos peixes da ação poderosa da pressão da água.
         Os olhos dos seres deste grupo possuem tamanho diminuto, uma vez que, por habitarem regiões mais profundas a luminosidade não chega com tanta facilidade, dando ao sentido da visão função reduzida. Sua alimentação é constituída basicamente de material orgânico já em estado avançado de decomposição, pois, os mesmos não possuem dentes, logo ficam o tempo todo vasculhando a lama e os paredões de laje (lajeiros) em busca tudo que possa ser ingerido. Abaixo temos a imagem de um Bodó Acari (Hypostomus cf. plecostomus) e de um Cascudo Serra (Platydoras costatus - Linnaeus, 1766).


NOME POPULAR
NOME CIENTIFICO - TAMANHO APROXIMADO

Bodó-acari
Hypostomus cf. plecostomus – (10 a 35 cm de comprimento – até 400g)
Bodó-coquinho
Hypoptopoma sp. – (5 a 7 cm de comprimento – até 30g)
Bodó-mão-na-cara

Bodó- cheiroso

Cascudo-serra
Platydoras costatus - Linnaeus, 1766 – (10 a 20 cm de comprimento – até 200g)
Cascudo-preto

Callichthys callichthys - Linnaeus, 1758-  (8 a 12 cm de comprimento – até 150g)

Cascudo - preto-açu ou Branco
Megalechis thoracata - (8 a 15 cm de comprimento – até 180g)
Corró

Bunocephalus coracoideus - Cope, 1874 – (10 a 15 de comprimento – até 12g)

Niquinho-gigante

Corydoras britskii  (Nijssen & Isbrücker, 1983) - (5 a 7,5 cm de comprimento – até 10g)

Niquinho-mirim

Corydoras splendens  - Castelnau, 1855 (3 a 5 de comprimento – até 8g)

Viola-barbuda
Loricaria sp. – (10 a 15 cm de comprimento – até 70g)
Viola-bicuda
Rineloricaria sp. – (10 a 20 cm de comprimento – até 80g)
Viola
Loricaria sp. – (10 a 30 cm de comprimento – até 100g)
                     

O texto faz parte do livro inédito “Caminhos do Itapecuru” de autoria do professor Tiago Oliveira

4 comentários:

  1. Bom dia.
    Paz!
    Parabéns por seu trabalho e interesse em catalogar as espécies desse que é sem dúvida um dos mais importantes rios de nosso estado.
    Gostaria de lhe informar que, o Departamento de Limnologia e Oceanografia da UFMA, na pessoa dos Doutores Ricardo Barbieri e Walter Muedas, estão empenhados em formar o comitê das bacias dos rios pindaré e itapecuru.
    No mês de abril foi realizada audiência pública na assembléia legislativa do estado.
    Se for do seu interesse, pode estar nos procurando para maiores informações.

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    1. Boa noite. Notícia maravilhosa tenho sim interesse. podes me passar o seu contato? já até publiquei um livro sobre. Vou deixar o meu aqui: 98 - 98199-7303.

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  2. MUITO PROVEITOSO ESSE TEXTO, EM AJUDOU EM MUITO EM UMA PEQUISA. DE JÁ´AGRADEÇO O ESFORÇO.

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