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sábado, 30 de janeiro de 2016

A paz


Por: Benedita  Azevedo

Por todo mundo sonhada
tão difícil de alcançar...
A sociedade minada
e ninguém quer se acertar!
Cada um só pensa em si
para seu ódio pari,
então, o que se fazer?
Voltar-se para Jesus
e pedir a sua luz
para um novo amanhecer?


Paz, que tanto precisamos,
para viver e ser feliz.
Cuidar do tronco e dos ramos
no Brasil ou em Paris...
A raiz que nos sustenta,
se necessário orienta
vamos a ela buscar !
Se precisar transigir
pra que se volte a sorrir
vamos, pois, nos perdoar.




quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

O TESOURO HOLANDÊS


João Carlos Pimentel Cantanhede

Recentemente, folheando alguns documentos em minha biblioteca, encontrei um velho texto escrito à pena, que me fora presenteado por meu irmão Antônio Cantanhede. Ele encontrou essa preciosidade em um antigo baú que pertenceu ao meu bisavô Honorato Cantanhede. À época, Antonio que é pedreiro havia sido contratado por meu tio-avô Mundiquinho Cantanhede para construir uma casa em Guaribas para substituir o antigo casarão que estava todo “distiorado”. 
Mas afinal de que se trata o tal manuscrito? Para matar a curiosidade de todos, vou transcrevê-lo abaixo. Creio que ele narre uma lenda antiga a respeito da destruição da cidade de Itapecuru-Mirim.
Era o ano de 1644, os maranhenses da Ribeira do Itapecuru conseguiram finalmente vencer os holandeses que por quase quatro anos estiveram de posse daquelas terras.
Antes da batalha, os holandeses escolheram dez homens para enterrarem os seus tesouros, para quem sabe, resgatá-los no futuro, ou deixá-los como objetos de cobiça capazes de destruir aquela pequena localidade. Os maranhenses ainda conseguiram capturá-los, mas já era tarde, o tesouro já estava enterrado. Tudo o que conseguiram foi a confissão de uma maldição afirmando que no dia em que a última parte do tesouro fosse encontrada, aquela localidade entraria em total decadência.
Segundo os holandeses seus fantasmas voltariam décadas ou até séculos depois para informar onde cada parte do tesouro está enterrada.
O texto termina com uma advertência:
Aquele que encontrar o tesouro ou parte dele, ficará muito rico, porém, terá que destruir ou ser conivente com destruição de algo muito importante para Itapecuru-Mirim.”
Junto com o texto, havia um pequeno mapa, que possivelmente indicam onde estão ou estavam as dez partes do tesouro holandês. Com ajuda de um mapa recente da cidade suponho que os locais, conforme toponímia atual, sejam os seguintes: Praça Gomes de Souza, Praça da Cruz, Fonte da Miquilina, Morro do Diogo, Rampa do Porto, açude do DER, Igarapé Luís Antonio, Colégio Gomes de Souza, prédio do CEMA e Praça Tancredo Neves.

Após apontar estes pontos como possíveis locais do tesouro, resolvi contar essa história para alguns amigos itapecuruenses que riram muito da minha inocência e me advertiram que se existisse o tal tesouro holandês, ele não teria sido dividido em dez partes, e sim em centenas, pois para todos os lados que se olha em Itapecuru, o que mais se ver é destruição e abandono.

domingo, 24 de janeiro de 2016

O CAMPO DA CRUZ



Daniel Ribeiro                                      
Os sinos da igreja matriz soavam doze badalas, era meio dia e meia, a movimentação permanecia intensa pela Ribeira do Itapecuru, os vendedores em suas barraquinhas estavam eufóricos com as vendas, pois, era o derradeiro dia do festejo, o vento dava ares multicoloridos ao balanço das fitinhas de pedidos com o nome da padroeira, os romeiros vinham de todos os cantos com suas ofertas, preces e pressa para chegar ao andor de Nossa Senhora das Dores.

Um jovem viajante, em seu cavalo, percorria a estrada do caminho da boiada, após a celebração da missa das três horas da tarde, o frade franciscano Bento Ribeiro, cabelo crespo, cortado ao estilo de sua congregação, de pouca estatura, a barba por fazer, aparentava certo ar de cansaço, porém, conserva o mesmo espírito missionário, desde muito moço quando entrou para o seminário, atendendo a um pedido de sua falecida mãe, que sonhava com um filho sacerdote. O Franciscano saiu da capital, São Luís em peregrinação pelo interior do Maranhão, e seguia em direção a Vila da Manga, quando resolveu dá uma parada na vila próxima ao Rio Itapecuru para descansar e participar da celebração da santa missa, anunciada pelo entusiasmado sino que badalava bravamente pelas mãos do sineiro, “aranha”, conhecido assim, uma vez, que parecia ter oito braços ao dobrar os sinos da igreja.

A estrada que dava acesso ao destino do jovem padre era cheia de desafios e aventura cortava o leito de vários igarapés entre eles o desafiador Igarapé das Passarinhas, o mais perigoso e assombrado, alguns ribeirinhos contavam que àquelas águas eram encantadas, por isso, quem o atravessasse deveria oferecer três ave-marias a Nossa Senhora dos Navegantes até chegar ao outro lado da margem. Depois de subir a barreira o cavalo de Bento parecia exausto, no entanto, ainda havia muita estrada pela frente até chegar ao Rio Gaiola, passagem obrigatória dos viajantes que optassem em passar pela pequena Vila de Santa Luzia, uma vilazinha acolhedora com poucas casas, que servia como lugar de descanso para os que fossem seguir em direção à rebelde Vila da Manga de onde possivelmente surgiram alguns insurgentes da Balaiada. 

Acompanhado de um antigo mapa, uma cabaça d’agua, alguns mantimentos, farinha de mandioca, carne seca, rapadura e aguardente. O frade não imaginava que tinha desviado um pouco da sua rota, percorrera um caminho fechado, longe das veredas trilhadas por transeuntes daquela região.

 Ao perceber que estava perdido Bento parou o seu cavalo, tentou localizar-se pela direção do poente, mas confundiu-se e seguiu no sentido Oeste, quando na verdade deveria está a Leste na direção de outro bravo afluente do Rio Itapecuru, o Ipiranga, talvez, um dos maiores e mais importante igarapés a cruzar essas terras, em tempos de cheias a quantidade de pescados atraia até os pescadores mais leigos, pela sua fartura e facilidade em que alimentava inúmeras famílias, saudosistas ainda lembram-se do Ipiranga como o “Nilo mirim” dada a sua presença ser continuamente tratada por gerações como uma dádiva da Ribeira.

As águas de março haviam abastecido os pequenos rios temporários, mesmo já por meados de setembro, continuavam com suas colorações barrentas que denotavam tempos de períodos chuvosos intensos. Mas ao longe, o sinal das queimadas trazido pelo vento mostrava que os pequenos agricultores preparavam o solo para um novo período de plantio, como era de costume o plantio de mandioca dava-se mais cedo, tendo em vista, que a maniva colhida anteriormente estava pronta e seu ciclo é mais duradouro.

  Assim, ao deparar-se com as cinzas a cobrir-lhe o rosto, Bento percebeu que próximo dali algum morador tinha tocado fogo preparando o roçado, então resolve voltar na direção contrária para se afastar da quentura que começa a sufocar. Num raio de quinhentos metros moradores da região do “Piranga”, como era pronunciado na variante linguística local, fizeram um asseiro, uma espécie de barreira para conter as chamas e impedir que avançassem sobre terras alheias, contudo, com o tempo seco, vento forte e coivaras espalhadas por todo lado ficou inviável conter as labaredas. Nesse mesmo dia chegou a atingir uma enorme área próximo aos povoados São Sebastião, Pau Nascido, Cigana do Pau Nascido, indo inclusive em direção ao Buragi e Dom Quer que ficavam mais distantes. 

O fogo avançava e cercava toda a região, o cavalo com sua respiração ofegante mostrava-se esgotado, percorreram as margens de um pequeno córrego na iminência de encontrar à saída daquele labirinto, mas todo esforço parecia em vão, o suor a escorrer a face, a batina do padre enxaguada, o ar  irrespirável aumentava a tensão, todavia, o rosário permanecia firme nas mãos do jovem presbítero em meio a tanta aflição. A fé de Bento parecia inabalável, mesmo assim, o medo da morte era iminente, o que o impulsionava a pensar numa desesperada alternativa para não ser queimado vivo, ao longe os gritos dos moradores propagavam que uma tragédia estava prestes a acontecer, temiam que as casas localizadas a beira da estrada fossem consumidas pelo fogaréu descontrolado. 

Em suas preces o clérigo rogou a Deus para que sua vida não fosse ceifada antes que se cumprisse sua missão evangelizadora, havia muito a ser feito por essa região tão esquecida do governo da Província do Maranhão. Bento com seu fiel companheiro de longas viagens sentiu-se vencido e entregou sua alma aos céus, sabendo que era inútil lutar contra o fogo que o fez inalar muita fumaça, perdendo a consciência desmaiou ao lado de seu cavalo, e ali os amigos inseparáveis foram consumidos pelas chamas. Tornando aquele solo sagrado para muitas famílias que naquele mesmo lugar viriam a enterrar seus falecidos por gerações e gerações. 

- O “Campo da Cruz”, assim, ficou conhecido o lugar que Seu Joca Mendes acabara de relatar a estória aos seus netos, no pé do cruzeiro de um dos cemitérios mais visitados de Itapecuru, famílias de toda a região enterram seus mortos ali, das imediações do Tingidor ao povoado Bacabalzinho, do Santo Antônio ao Centrinho, do Marvão ao Boa Hora, aliás, inclusive aqueles que migraram para sede do município ainda o fazem.

Tendo escutado toda aquela narrativa seu Marcolino Mendes distinto ancião que nascera por aquelas terras, ouvira de seus antepassados outra versão para o virtuoso lugar batizado de Campo da Cruz, resolveu então deixar sua parcela de contribuição aos mais jovens.

- Bem, Por meados de agosto de 1839 cento e quinze praças enviados pelo Presidente da Província do Maranhão Sr. Manoel Felisardo de Sousa e Melo marcharam rumo ao povoado Buragi, onde os rebeldes haviam assassinado um europeu, a área de conflito se estendeu pelos povoados Piranga, Bacabal, Santa Luzia e Monte Cristo. Ocorrera nessa extensão uma sangrenta batalha entre os exércitos provincianos e rebeldes insurgentes, que em sua maioria eram escravos e lutavam contra o Império. Contam os mais velhos que naquelas imediações do Campo da Cruz, um crucifixo fora encontrado intacto, após alguns anos depois e pertenceu a um insurgente devoto da Santa Cruz, o Negro Simeão de origem banta, desembarcou no Maranhão ainda muito jovem vendido para trabalhar nas lavouras de algodão.

Desde então, com o achado iniciou-se a prodigiosa peregrinação à capela das almas, instalada dentro do perímetro onde aconteceu à sangrenta batalha. A família Mendes foi uma das primeiras a iniciar as celebrações na capelinha; e a utilizar aquelas terras como jazidos para seus familiares mortos. Logo, outras famílias da região também adotariam tal tradição, tornando o cemitério do Campo da Cruz singular, como um dos mais movimentados da cidade durante a celebração de finados. 

Essa foi à segunda versão da estória do lugarejo e cemitério conhecido como “Campo da Cruz”, que ainda hoje desperta a curiosidade de muitos viajantes, dos quais cruzam a estrada do Tingidor em direção aos inúmeros povoados da zona rural de Itapecuru. Se os fatos narrados evidenciam a veracidade ou não desta narrativa, é algo que cabe aos historiadores provarem, no entanto, a tradição mantida e celebrada desde o século passado encanta quem vai às missas celebradas na capelinha das almas, no mês de novembro mais parece um festejo a intensa circulação de pessoas que vão homenagear seus mortos e rezar por suas almas, torna aquele lugar místico, sagrado e dotado de uma simbologia histórica e cristã.


sábado, 23 de janeiro de 2016

FILME, CAMINHO DE PEDRAS MIÚDAS




         Sábado, dia 23 será  a estreia do filme “CAMINHO DE PEDRAS MIÚDAS”, com roteiro e produção do itapecuruense Inaldo Lisboa, dirigido por Charles Melo. O filme foi todo ambientado na cidade de Itapecuru Mirim.
         A estreia será no Cine Praia Grande as 19 horas e conta com uma grande caravana de amigos que se deslocarão de Itapecuru Mirim para participar do evento.
         O filme conta com a participação de vários atores itapecuruenses das companhias de teatro local; CIA&ARTI  e TEITS e ainda um elenco de atores como Ivone Coelho, Natan Campos, Wilson Chicão.  Gabriel Waderson, Alisson Rilkitt, Célia Lages, Kátia Silva e outros.
         A ideia do filme foi gestada com pelo seu produtor Inaldo Lisboa, com muita determinação e custos. Ele recebeu apoio de empresários itapecuruenses e da prefeitura municipal de Itapecuru Mirim.
         Inaldo Lisboa que é professor, escritor e teatrólogo agora nos brinda com mais uma faceta do seu admirável talento, ingressando na sétima arte, e incentivando os talentos da sua terra.
         Na ocasião será lançado em São Luis o livro, Resenhista da Web, do imortal Brenno Bezerra.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

ITAPECURU-MIRIM



Professor João Silveira

 Itapecuru-Mirim! Ao recordar-te, inflama-me o peito,
Embora se me apague o cântico sem lira,
Rogo a Deus te abençoe a terra em que se mira
A vida de teu povo iluminado e eleito!

Respiro-te o perfume!... A saudade suspira!...
E contemplo outra vez no sonho em que enfeito,
O rio, o arado, a floração no eito.
E amarelos arrozais, sob  céus de safira.

Relembrando-te em prece enternecida e grata
Os dias de ouro e azul e as noites de prata,
Beijo-te o solo por tudo que ele encerra.

Itapecuru-Mirim! Vejo-te agora, ao brilho do amor puro,
Por estrela de Deus indicando o futuro,
Talhada no Brasil para a glória da terra.


quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

ACREDITAR



Alisson Rilktt

Se queres ser feliz toda a vida,
acredite, haverás de ser infeliz num momento.
Se queres chegar ao fim da longa subida,
acredite, cairás antes, pois é forte o vento.

Se desejas acabar com todas as guerras,
acredite, terás que dividir muitos bens:
A água, o ouro, o amor, a terra
e até mesmo o que tu não tens!

Se almejas na existência ser amado,
acredite, antes amarás e não serás correspondido
para corrigires no presente, os erros do passado!

Tudo que a vida nos ofertar
até mesmo a dúvida, tudo deve ser compreendido,
  pois aí está o caminho, basta acreditar!