Pages

sexta-feira, 25 de março de 2016

A IGREJA E O CEMITÉRIO


Por: Jucey Santana
A Igreja de Nossa Senhora do Rosário que servia  de paróquia de Nossa Senhora das Dores funcionou até o ano de 1924,  “No ano de 1924 em uma das maiores cheias do rio Itapecuru, esta desabou” (Combate, 23.3.1951). O local da igreja  atualmente é a Associação da CAEMA.  Antigos moradores lembram-se das últimas colunas em ruínas, resistindo ao tempo. A igreja em uso passou a ser a igrejinha do cemitério.
Retrocedendo no tempo, entre os anos de 1862 a 1870, a paróquia foi administrada pelo padre Francisco José Cabral. De espírito empreendedor, ele reformou a antiga igreja de Nossa Senhora do Rosário e fundou um cemitério que ficou conhecido como “Cemitério Padre Cabral”, ou “Cemitério do Areal”, que atendia a população e uma capela no cemitério, para os ofícios fúnebres.
O cemitério, como costume da época, era administrado pelas Irmandades. Antes de deixar a paróquia, em 1870, ainda organizou os documentos regimentais das duas maiores instituições religiosas de Itapecuru Mirim, as Irmandades de Nossa Senhora do Rosário (22.8.1869) e a de São José, (15.12.1869). Pelos registros encontrados, o padre Cabral, deixou a igreja reformada, os bens e a documentação em ordem e a capela do cemitério concluída.

Voltando a igrejinha, na época o clero   decidiu pela mudança do local da paróquia ficando escolhido a capela do cemitério. Foram  realizadas  várias campanhas para a sua  reforma e ampliação  como,  festivais, peças teatrais, bailes beneficentes e leilões.  Nos dias 20 e 21 de abril de 1928, houve um “Festival Beneficente Artístico” no Teatro Artur Azevedo, em prol das obras da igreja, organizado por uma comissão de intelectuais como: o desembargador Públio Bandeira de Melo, o professor Mata Roma, o cientista Salomão Fiquene, o poeta Ribamar Pereira e Mariana Luz. (Combate, 17.4.1928 e Pacotilha, 17.4.1928).
Quando o Padre João Possidônio Monteiro assumiu a paróquia, em 1929, a igreja, ainda não tinha portas, sendo guardados os acessórios litúrgicos na casa paroquial.
Para angariar fundos a teatróloga a Mariana Luz, em 30 de julho de 1933 fundou o teatro Santo Antônio e montou várias peças teatrais beneficentes, fez listas de adesão e incentivava   seus alunos a participarem dos trabalhos.
A questão da reforma da igreja vinha se arrastando a passos lentos, porém entre os anos de 1937 a 1942 o padre Alfredo Bacelar organizou uma grande campanha comunitária para a ampliação e conclusão das obras.  Segundo relatos de conterrâneos da época, toda a sociedade, participou dos trabalhos. O renomado mestre de obras Raimundo Lopes foi contratado para dirigir os trabalhos.  Lembram-se ainda antigos moradores, que ao cavar as valas dos baldrames, retiravam muitas ossadas humanas, e operários desprovidos de escrúpulo, saqueavam os túmulos em busca de dentes de ouro dos cadáveres.
Como resultado a população viu surgir a igreja ampliada com bonitos retábulos (altar mor e dois laterais) confeccionados pelo famoso construtor e artesão José Vita.
Entre os anos, 1942 e 1944, foram concluídas, as obras da torre e fachada, na gestão do padre Joaquim de Jesus Dourado, (Douradinho) que contratou a construtora, “Nunes&Bayma”, para o serviço. Coube ainda ao padre Dourado a aquisição da atual Casa Paroquial, do Major Bandeira, (Boaventura Catão Bandeira de Mello Júnior). O padre Joaquim Dourado deixou a paróquia e seguiu para Itália para servir como capelão militar na segunda Guerra Mundial, levando conforto espiritual aos soldados da FEB (Forças Expedicionária Brasileira). Ele foi escritor e membro da Academia Maranhense de Letras, representando a cadeira 34 sob o patronato de Coelho Neto.
Sob a direção de padre José Albino, em 21 de janeiro de 1961 desabou a torre da igreja com o coro e uma parte do teto.  Em 1º de janeiro de 1965, na Festa de São Benedito foi dada a bênção a nova torre.
É interessante citar que o prédio da Igreja matriz de Nossa Senhora das Dores, de Itapecuru Mirim e seu acervo de imagens sacras de características jesuíticas do século XVIII juntamente com os acessórios litúrgicos, se encontram na condição de inventariados pelo IPHAN sob o número: MA/99 – 0076.
Quanto ao cemitério, em 16 de novembro de 1929 em ato do prefeito José Lúcio Bandeira de Melo, a prefeitura assumiu a administração do cemitério da Irmandade Nossa Senhora do Rosário dos Pretos. (Em 1890, Mariana Luz, descreva em uma crônica sem título, o largo e o cemitério com a igrejinha). Em 1945 o governador do Estado Clodomir Cardoso liberou a quantia de Cr$ 5.000,00 para remoção dos destroços do antigo cemitério e a construção  de um novo.  A partir de 1947 o antigo cemitério ficou completamente  desativado. 

7 comentários:

  1. No local da igreja era um cemitério? Não sabia!...

    ResponderExcluir
  2. Bom retorno à história! Orgulhoso de ter os meus antepassados participantes do evento da construção da Igreja e casa paroquial. (Bandeira de Melo).

    ResponderExcluir
  3. Bom retorno à história! Orgulhoso de ter os meus antepassados participantes do evento da construção da Igreja e casa paroquial. (Bandeira de Melo).

    ResponderExcluir
  4. Tem alguma fotografia do Padre João possidonio monteiro?

    ResponderExcluir
  5. Gostaria de saber mais sobre o Padre Alfredo Barcelar. Ele será homenageado na Academia Vargengrandense de Letras e Arte. O que sei é o que tem no blog da Jucey Santana. Se houver alguém que puder me ajudar ficarei grata.

    ResponderExcluir