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segunda-feira, 30 de outubro de 2017

A REFORMA DA RUA GRANDE



          

Benedito Buzar

Não é a primeira vez que a Rua Grande, localizada no coração de São Luís, será alvo de reformas urbanísticas. Desde 1665, “quando governantes transformaram o caminho em rua, permitindo a passagem de carros de boi, favorecendo o transporte de cargas do Centro ao Cutim”, que vem  passando por modificações e alterações, ora radicais, ora superficiais, com o objetivo de mantê-la pulsante e pujante, pois, ao longo do tempo,  tornou-se a principal artéria comercial da cidade, onde a população se abastece de artigos de consumo, supérfluos ou vitais, indispensáveis à sobrevivência, ao conforto e ao lazer.

Graças ao professor Domingos Vieira Filho, autor do magnífico livro “Breve História das Ruas e Praças de São Luís” reeditado recentemente pela Academia Maranhense de Letras, e ao escritor Paulo Melo Souza, que escreveu em 1992 o livro-álbum “Rua Grande, um passeio no tempo”, dispomos de valiosas informações sobre uma via pública, que desde os seus primórdios, sempre se destacou no cenário urbano da capital maranhense.

Respaldado nos livros desses notáveis pesquisadores, toma-se conhecimento das numerosas reformas urbanísticas executadas pelos nossos administradores, com o desiderato de não fazê-la perder a marca registrada da mais importante rua da cidade,  seja como moradia de figuras de realce da vida pública e privada do Maranhão, seja como polo de movimentação comercial, onde famosas lojas e renomados estabelecimentos do setor terciário atravessaram períodos de fastígio e de decadência.

Por conta de tão preciosas informações, sabe-se que o primeiro calçamento da Rua Grande deu-se em março de 1855, iniciativa do governador Eduardo Olímpio Machado. Em seguida, por ordem de grandeza, a intervenção realizada na gestão do prefeito Pedro Neiva de Santana, em 1940, em atendimento ao Plano de Reforma Urbanística de São Luís, quando o centro da cidade foi literalmente modernizado.

Depois dessa ampla reforma, promovida em plena fase ditatorial, as ações  executadas na Rua Grande foram pontuais, a não ser a ocorrida na gestão do governador José Sarney, com a retirada dos trilhos sobre os quais os bondes circulavam, fato gerador da substituição do  calçamento por camadas de asfalto, modernidade que a levou à perda de suas características originais.

Na administração do prefeito Mauro Fecury, em 1979, uma benéfica intervenção, também, operou-se naquela rua: a proibição do trânsito de veículos motorizados, ato determinante para transformá-la numa via rigorosamente de pedestres.

Em 1990, na gestão do prefeito Jackson Lago, um projeto de urbanização desencadeou-se no centro da cidade, por meio do qual a Rua Grande ganhou mais espaço com o alargamento das calçadas, da remoção do asfalto e da recolocação de paralelepípedos, na expectativa da volta de tempos de outrora, o que não aconteceu face à presença de camelôs que a ocuparam em toda a extensão e de maneira desordenada.

De todas as reformas sofridas pela Rua Grande, nenhuma ganhou tanto destaque e tamanha repercussão como a atual, preconizada pelo IPHAN e reclamada por empresários e políticos, que se uniram para reivindicar do Governo Federal a liberação de recursos contingenciados, sem os quais as obras de sua restauração não serão viabilizadas e anunciadas na gestão da ex-presidente Dilma Roussef, por ocasião do lançamento do PAC das Cidades Históricas.

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