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segunda-feira, 4 de dezembro de 2017

VITÓRIO GUNDES


                                                            
Faleceu aos 89 anos
      
Jucey Santana

            Vitório Gundes Costa filho de Engrácio Conegundes e Almerinda Costa Conegundes, nasceu no povoado de Santo Antônio dos Gundes, em 23 de dezembro de 1928. Pela dificuldade de ensino no lugarejo, o pai contratou o professor João Rafael da “Vila”, (Itapecuru Mirim), para ministrar as primeiras letras aos filhos, fato ocorrido entre os anos  de 1934 a 1935,  somente o que estudou.  Mesmo com a limitação nas letras, Vitório desde jovem gosta de compor  versos e cria música, ao estilo de cantadores repentistas, que alegra os amigos nas noitadas de lua cheia. 

Casou-se em setembro de 1952 com  Joana Costa,  com quem teve seis filhos: Maria Almerinda, Antônia Conceição, Raimundo, Maria José, Maria do Socorro e Áureo. Ficando viúvo, em 25 de julho de  1960, contraiu novas núpcias com  Joaquina Costa, em 1º de dezembro de 1961 com Joaquina Costa  com quem teve quatro filhos: Ana Maria, Vitório Filho, Claudete  e  Valter José.

A história de Vitório Gundes é de um homem que nunca abandonou suas raízes. Patriarca de numerosa prole, espalhados em  todo o País, mantém-se fiel às suas origens, defendendo  e lutando pela posse da terra aos parentes, herdada  do avó João Conegundes e do pai Ingrácio, que deram  o sangue pela propriedade, para legar  uns  “palmos de chão”  a seus descendentes.

            No início dos anos 50 se estabeleceu com uma  pequena  quitanda, comprando  mercadorias do Baltazar Prazeres, em Veneza, município de Santa Rita, depois passou a se abastecer com os comerciantes de Itapecuru Mirim   atendendo  o povoado e a vizinhança. Ajudou muitos conterrâneos, na época de muita necessidade. Porém nunca deixou  de “botar” roça. Atualmente  vê com tristeza, que os mais moços não ligam  mais pra terra, querem partir para cidade grande.
                                                     
Luta pela terra

Nas lembranças de Vitório Gundes estão as lutas dos Sem Terra, incentivadas pela bandeira da Liga dos Camponeses, e introduzido na comunidade por Sebastião Cabral, homem simples  mas com ideias arraigadas sobre a união das classes de lavradores, e defesa de suas terras.   Engrácio Conegundes se filiou no Sindicato de Sebastião Cabral no ano de 1950. O próprio Vitório integrou a marcha organizada pelo líder sindical em 1952, com 151 caboclos  descalços,  para  a célebre audiência com o governador Eugenio Barros. Sendo  muito jovem, não entendia bem o alcance do movimento. 

Porém Vitório Gundes sempre acreditou no Sindicato Rural, e nunca deixou de integrar e estimular o movimento, do qual muitos se tornaram descrentes, achando que nunca receberiam  os benefícios prometidos. - “Com a legalização em 1969, foi  comemorado com festa, a primeira aposentadoria de Olavo Martins, a  segunda de Cândido Costa: Como  existiam muitas apostas  em que se previa que as   aposentadorias dos ruralistas não passavam de promessas,  Cândido,  comprou várias caixas de foguetes no comércio de Zeca Frazão, no povoado de São José e comemorou com todos na redondeza, relembrou Vitório Gundes.

De 1950 a 1952 foi nomeado Inspetor de Quarteirão, (Delegado de roça) na época que Feliciano  Lopes, “O Barão”, era delegado do Município.

Na sua residência, durante muitos anos funcionou a Escola da comunidade. Em 2011 Vitório Gundes doou uma área para construção de uma moderna escola,  que serve para todas as comunidades circunvizinhas, tendo como patrono Raimundo Conegundes Costa, antigo membro da família.

Envolvimento na política
                                                                           
Vitório Gundes era requisitado pelos políticos que pediam apoio nas eleições.  Os caboclos o procuravam para aconselhamentos,  e geralmente o seguiam, se tornando  um formador de opinião política na região.

Chegou a apoiar Sinéias Santos, Graciete Cassas, José Lauande, Nonato Cassas, Siló Lago, Doutor Fernando entre outros.   Foi eleito para o mandato de vereador de 1988 a 1992, e se ufana de não ter feito nenhum inimigo.Faleceu em 04 de dezembro de 2017, faltando dezenove dias para completar  89 anos.
Abaixo um texto de sua  lavra, voltado para política:

     Abdalla e Graciete
Aqui no Brasil
Jânio Quadros já ganhou,
No Maranhão Newton Bello,
É que já é governador.

No Maranhão Newton Belo,
No Rosário é seu Ivar,
Vargem Grande Zé Firmino
Está em primeiro lugar.

Em Itapecuru agora,
Não deu resultado que preste,
Votaram com Abdalla,
Enganaram Graciete.

Graciete é uma moça
Com valor e simpatia,
Mas o eleitorado dela
Usaram de covardia.

Caboclo do interior
Nenhum tem a competência,
Não ajudaram o Zé Bento
Que é um rapaz inteligente.

Caboclo do interior
Não tem um bom pensar,
Quando o gado entrar na roça
Onde é que vão se queixar!!

Itapecuru Mirim, 1961

      Do livro Itapecuruenses Notáveis (2016), pag. 274 de autoria de Jucey Santana

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