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segunda-feira, 23 de abril de 2018

PEDRO NUNES LEAL



  


Jucey Santana

Pedro Nunes Leal um dos mais fecundos talentos,  que se orgulha Itapecuru Mirim, de ter sido berço.  Professor, literato, jornalista, o mestre, como lhe chamavam os seus antigos discípulos, amigos e admiradores, que tanto lhe apreciavam o saber e a exatidão das ideias, a coordenação e feliz exposição, quer na conversação, quer levando ao papel as suas ideias, talento que o  acompanhou até momentos antes de sua morte, onde foi cuidado com carinho e dedicação pelo seu amigo e sobrinho, o médico,  Oscar Galvão.  

Era o Dr. Pedro, um representante dos antigos literatos, e um dos eminentes vultos da literatura maranhense que honrou a pátria e a terra natal, prestando valiosos serviços à instrução pública, as letras e à mocidade.

O professor  Pedro Nunes Leal nasceu em 22 de agosto de 1823 no lugar Cantanhede, pertencente a Freguesia de Itapecuru Mirim, tendo falecido aos  77 anos de idade. Filho de Alexandre Henrique Leal e Ana Rosa Reis Leal, concluiu o curso de Humanidade em 1838 em São Luis (MA). Seguiu para Coimbra onde  colou grau em Ciências Jurídicas e Sociais em  1843, com 22 anos de idade e ali teve por colegas e amigos, Gonçalves Dias, João Lisboa, Domingos Perdigão, Antônio Rego,  Dr. José Zacarias de Carvalho. J. F. Côrrea Leal e Arcedíago Manoel de Tavares da Silva.

Sendo mestre e apaixonado pela Língua Portuguesa, criou fama como lexicógrafo. Compilou e organizou várias obras. Mesmo com a idade avançada, continuava seu zelo exacerbado pela língua pátria, “escrevendo para novas gerações, filhos de seus antigos discípulos”, como gostava de dizer. Além de escrever o livro “Noções Gramaticais” em 1893,  para uso nas escolas  primárias,  extraída dos ensinamentos da língua portuguesa do professor Sotero dos Reis,  publicou nas oficinas do jornal Diário do Maranhão, várias obras e apostilas gramaticais. 

 Em 1864 fundou na  capital o Colégio Instituto de Humanidade, onde ele  próprio foi  titular das seguintes cadeiras:  Gramática,  Filosofia, Literatura e Latinidade. No Instituto receberam instrução primária e cursos preparatórios muitos ilustres cidadãos, como: Theóphilo Dias, Menezes Vieira, os médicos,  Tarquínio Lopes e Oscar Galvão, Vianna Vaz, Capitão Fragata Othon Bulhão, Almir Nina, Palmério Cantanhede, Tasso Coelho, Costa  Rodrigues, Costa Lima e tantos outros que atestam o merecimento daqueles que os guiou nos primeiros estudos mais tarde professores, e onde também foram alunos muitos maranhenses, que hoje ocuparam  elevada posição social.

Deixou as seguintes produções literárias:

1. Gramática elementar da Língua Portuguesa (1894).
2. Opúsculo e Lexicografia:
3 – Opúsculos da Lexicografia: 
       I – Afixos da Língua Portuguesa - 1894
      II – Dicionário Manual Homofonológico. Significação e a Prosódia - 1896
      III – Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa - 1897
4. Tratado Elementar  da Filosofia, de Paulo Janet (tradução por N, II.).
5. O Pariz na América (tradução)  René Lafebre - 1867
6. Conde de Gaspários
7. Tratado de Agronomia.
8. Esboço anatômico (tradução).
9. Esboço de Agricultura, curso de Agronomia traduzido de Gasparin (inédito).
10. História da Filosofia  de autoria de F.A. Jaffre – 2º vol. 1 (inédito).
11. Bibliográfico Maranhense, sobre   escritores  do século XIX (inédito)

Por sua iniciativa foi  reeditada a importante obra, O Tímon Maranhense,  de João Lisboa, de quem  era admirador. Nunes Leal  não poupou esforços para conseguir a reimpressão, da qual foi tratar em Portugal em 1899, conseguindo vê-la prefaciada pelo literato português Dr. Theophilo Braga.

Redigiu vários jornais  como,  o “Diário do Maranhão”,   O Progresso, Jornal da Lavoura e a Revista Universal. Os seus textos versavam sobre literatura, gramática e também sobre  agricultura  e  agronegócios como  a cultura   do cacau, cana de açúcar e principalmente  as vantagens  do plantio de algodão. 

Foi nomeado promotor público da Capital em  1847.

Pedro Nunes Leal era irmãos dos Drs. Antônio Henriques Leal, e  Fábio Nunes Leal.
Deixou quatro filhos: Francisco José,  Zenobia Cesaltina e Isabel Colomba.  

Em demonstração do  grande   pesar pelo falecimento do  festejado literato, hastearam as bandeira à meio mastro nos seguintes  locais: Biblioteca do Estado, Externato S. Sebastião,  Revista do Norte,  “Liceu Maranhense” e jornais da capital, prestando assim a devida homenagem, aquele que foi mestre, que amou e fez amar as letras.

O Dr. Pedro Leal, não obstante a sua idade, ainda se entregava a vida ativa, e assim ocupava o lugar de superintendente da Companhia de Melhoramentos, e de representante do Banco da República, juntos aos estabelecimentos industriais, que com aquele tinha  negócios. Faleceu no dia 7 de novembro de 1901.

Pedro Nunes Leal é patrono da cadeira 33 da  Academia Maranhense de Letras, pelo seu trabalho em prol da educação e  letras.
Por ocasião do seu falecimento o amigo Oscar Galvão dedicou-lhe a página abaixo:

Ao Dr. Pedro Nunes Leal

Como uma águia real que, num voo seguro.
A asa batesse enfim, dominando o horizonte.
Para as águas beber de outra mais pura fonte.
Para os climas gozar de outro espaço mais puro.

Assim ele se foi...tendo por palinuro,
Dentro d’alma a Virtude e o Talento na fronte...
Té que dobrou do Além luminoso monte.
Ocupando um lugar no Pantheon do futuro!

Morreu! ...mas, ao morrer, o majestoso velho,
Tinha escrito as lições de um brilhante evangelho
De Bondade e de Amor aos vindouros e aos vivos!

Morreu! ... Perante o herói em cadáver mudado.
Perante essa relíquia enorme do Passado
Filhos de minha terra! Orar e descobri-vos!

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