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domingo, 2 de junho de 2019

A TEMPESTADE DE 1999


    

Ailson Lopes

O dia dois do mês  de outubro de 1999, começou meio nublado,  com pequenos chuviscos,   mais até então tudo normal para o inicio daquele   sábado.  A turma já tinha marcado uma pelada  na AABB de Itapecuru Mirim, já que o  campo do Renault, próximo a Escola CAIC já estava reservado para os  atletas de primeira linha, que tinham prioridade nos finais de semana, para seus treinos, restava a nós, peladeiros sem prestígio, praticarmos futebol de rua ou  buscarmos espaços menos disputados, ainda que mais distante, para brincadeiras disputas futebolísticas, com formação de equipes improvisadas onde as regras eram ditadas pelo dono da bola.

Mais a nossa história começaria na AABB já que lá sempre íamos para jogar futebol no campinho Society,  as tardes de sábado. Nos reunia  na rua Sebastião Sousa  e seguíamos para o campo.  Às  15:30 toda  a galera estava reunida para nossa já tradicional peleja de final de semana. O jogo já ia pela metade,  quando de repente, sem que ninguém esperasse, o tempo  dar uma reviravolta e de repente começa chuviscar. Ninguém deu muita importância,  mesmo porque no mês de  outubro, dificilmente chove em Itapecuru Mirim.

Os atletas afoitos com o desenrolar da partida não, grita daqui, chuta dali, alguns empurrões com pedidos de desculpas, outros não, insultos a honestidade ou a genitora  do juiz, que havia sido indicado para apitar a partida com certa  restrição e assim o jogo ia rolando sem a preocupação com a chuva que engrossava.

Os ventos começaram soprar com muita intensidade e de repente todos nos dispersamos, acabando com o jogo.  As mangueiras  e demais árvores ficaram  balançado ao sabor da tempestade, prestes a desabar,  o céu  escureceu repentinamente  para o espanto de todos  e pequenos pedaços de gelo começaram a cair de céu junto misturados com os pingos da chuva. Ficamos apavorados  e corremos desesperados em busca de  um lugar seguro  que servisse de abrigo.  Ficamos encolhidos em uma entrância do prédio, em silencio, apavorados, sem ter a quem recorrer, quando um estrondoso e ensurdecedor trovão arrancou gritos de pavor de todos nós.  Na ocasião nos aconchegamos mais, como era de se esperar de adolescentes apavorados.  Chego a desconfiar  que alguns, em decorrência do colossal fenômeno, tenham borrado  seus simples calções de peladeiros.   

Aos poucos a chuva foi passando, para nosso alívio. Ufa!!! Ainda pensamos em   continuar o jogo, porém, não tinha mais clima, ainda estávamos assustados, e o campinho estava todo encharcado, resolvemos voltar pra nossas casas.

Ao nos preparar para retornarmos   uma amigo  com a voz trêmula e o semblante transtornado, trouxe uma terrível noticia:  - pessoal corram um raio caiu no Renault e pessoas estão caídas no campo.  Corremos para o local já que não ficava longe da AABB, quando chegamos fomos informados  que alguém tinha sido acertado por um raio e que a mesma tinha vindo a óbito.

O povo foi disperso e muitos foram ao hospital saber mais noticias sobre a  vítima do raio que tanto nos assustou.   Ainda sob tensão dos acontecimentos, soubemos que se tratava de popular e querido desportista,  João Batista, conhecido por  GODIM.

A data  ficou marcada na vida de quem estava na tempestade de 1999 e dos itapecuruenses, quando  o céu escureceu e caiu gelo  misturado  com os pingos da chuva em nossa cidade de Itapecuru Mirim. Nunca mais aconteceu tamanha tragédia,  mas,  nos deixou em alerta para os dias vindouros de tempestades.

O episódios é ainda  lembrado  na cidade.




Ailson Lopes Costa, Itapecuruense, poeta,  cronista, graduando em História, pela UEMA e em Pedagogia, e pós graduando em literatura. Participou da coletânea, Púcaro Literário I (2017) e Púcaro Literário II (2018).

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