Pages

quarta-feira, 2 de outubro de 2019

ADESÃO DO MARANHÃO À INDEPENDENCIA DO BRASIL

                                                                         

                                       Adesao


      Para melhor entendimento da Adesão do Maranhão à Independência do Brasil, faz-se necessária uma pequena abordagem da situação em que se encontrava a região na época.


Antecedentes
Em 1621 o território brasileiro foi dividido em duas unidades, administrativas autônomas: o território do Maranhão, com a capital São Luís abrangendo os atuais Estados: Maranhão, Pará, Piauí, Amazonas e Ceará e o Estado do Brasil com capital em Salvador, abrangendo as demais regiões (capitanias). Em 1654 passou a ser designado, Estado do Maranhão e Grão-Pará, com a capital em São Luís. Em 1718 foi criada a capitania de São José do Piauí, subordinada ao Maranhão. Em 1737 recebeu nova denominação: Estado do Grão-Pará e Maranhão, sendo a capital transferida para Santa Maria de Belém do Grão-Pará. A partir de 1772 passou por nova divisão administrativa, ficando com duas unidades: o Estado do Grão-Pará e Rio Negro (atual Estado do Amazonas), com sede em Belém, e o Estado do Maranhão e Piauí, com sede em São Luís.
Em 1811 o Piauí se separou do Maranhão, se tornando independente, com a capital em Oeiras. Em 1815 o Maranhão deixou de ser Estado Colonial e passou à condição de Província Portuguesa.

D. Pedro I e a Independência

Em abril de 1821 a Corte retornou a Portugal depois de 14 anos no Brasil, ficando como regente Dom Pedro, primogênito do rei Dom João VI. D. Pedro I já  havia dado  o primeiro sinal de rebeldia às ordens portuguesas no “Dia do Fico” (9.1.1822). Em 7 de setembro de 1822 foi proclamada a Independência do Brasil, porém, as províncias do Norte, não atenderam ao  brado  da “Independencia ou Morte”,  e continuaram    ligadas a Portugal, por manterem melhores contatos políticos e comerciais com Lisboa do que com o Rio de Janeiro, devido às facilidades da navegação e os interesses que os portugueses tinham de continuar o domínio de parte do Brasil.
Para manter a região como colônia portuguesa a Coroa enviou armas e munições para o Maranhão e Piauí, e nomeou o major João José da Cunha Fidié como governador das Armas. Em 19 de outubro de 1822,  Parnaíba declarou adesão à Independência do Brasil. Fidié preparou sua tropa militar, que se encontrava em Oeiras, capital do Piauí, para conter os independentes de Parnaíba, mas não contava com a estratégia dos habitantes insurgentes, que se esconderam em um povoado vizinho, deixando a cidade deserta.
Enquanto isso, em 24 de janeiro de 1823, o Piauí foi declarado independente. Fidié toma conhecimento e volta para reprimir o movimento separatista, mas as tropas lusas chocam-se com as tropas dos piauienses, maranhenses e cearenses na Vila de Campo Maior, às margens do riacho Jenipapo, onde ocorre um sangrento combate que ficou conhecido como a Batalha do Jenipapo. O embate durou cerca de cinco horas, em 13 de março de 1823. Morreram mais de 300 combatentes e ficaram prisioneiros mais de 500 independentes. Fidié saiu vencedor, porém, sem armas e com os combatentes cansados e doentes, desistiu de atacar Oeiras, tendo se deslocado para Caxias em busca de apoio e armamento.

             Adesão do Maranhão em Itapecuru Mirim
Quase um ano depois,   o Maranhão se mobilizou em busca da  independência de Portugal, mesmo que a capital ainda continuasse avessa aos comandos do Rio de Janeiro e fiel à Coroa portuguesa. A Vila de Itapecuru Mirim se tornou um marco histórico, por ter sido o centro político do processo como palco das últimas negociações e confrontos que culminaram com a vitória dos independentes.
Depois da adesão em todo o Piauí,  as tropas leais a D. Pedro I, foram adquirindo mais simpatizantes e adentraram ao  território maranhense pela região do Baixo Parnaíba sob o comando de   Salvador Correia de Oliveira. Em 16 de maio  tomaram  a Vila de Brejo e posteriormente juntaram-se   em 25 de maio,  um grupo com um grupo de varias dezenas  de  homens, liderado de  João Ferreira Couto (João Bunda), que já havia tornado independente  Manga do Iguará, atual Nina Rodrigues. Os dois grupos se uniram e em   10 de junho de 1823 usaram como estratégia sitiar o quartel militar da Vila de Itapecuru Mirim (Itapucuru) e sustentaram uma batalha que durou mais de quatro horas.
O combate aconteceu no largo da Igreja de Nossa Senhora do Rosário, entre os independentes e aliados dos portugueses. O comandante geral, tenente-coronel José Félix Pereira de Burgos, fiel aos lusitanos, conseguiu reunir e armar seus comandados, juntamente com os moradores, para proteger a vila, invadida por 1.800 homens, sendo 1.600 a pé e 200 a cavalo. Burgos, temendo um assalto noturno, fez iluminar toda a vila para melhor defesa. O confronto resultou em um saldo de 23 mortos, 21 feridos e vários prisioneiros. Depois do episódio, em 17 de junho, Burgos foi demitido do comando geral por denúncia de ter sido tendencioso à Adesão. Ao passar-se para a causa dos independentes, o tenente-coronel Burgos, (barão de Itapecuru) levou consigo nove de seus oficiais e a simpatia dos habitantes, conseguindo frear a ação dos portugueses (O Conciliador, 18.6.1823).
Na Casa da Câmara de Itapecuru Mirim, traçaram as estratégias para assumir o governo na capital. Em 20 de julho, através de uma Câmara Geral, foram eleitos quatro membros para uma Junta Provisória Independente, com os seguintes cidadãos: padre Pedro Antônio Pereira Pinto do Lago, Antônio Joaquim Lamagnere Galvão, Francisco Gomes da Silva Belfort e Antônio Raimundo Belfort Pereira Burgos, para composição de mais três na capital, o tenente-coronel José Félix Pereira de Burgos[1] ficou como governador das armas. Estava então instalado o novo governo independente, com aclamação ao imperador D. Pedro I e juramento de fidelidade à Nação Brasileira. Portanto, 20 de julho ficou marcado em Itapecuru Mirim como o dia decisivo da Independência do Maranhão.

                  Independência na Capital

Apesar da maioria das  vilas do Maranhão já se encontrarem independentes, a capital ainda resistia, subordinada à Coroa Portuguesa. No dia 26 de julho fundeou o navio do almirante Thomas Cochrane, contratado por D. Pedro I para combater os portugueses. No dia 27, foi recebida à bordo pelo almirante a Junta Governativa eleita em Itapecuru Mirim, quando foi marcado para o dia seguinte o encontro com o governador da Província,  que não ofereceu resistência a adesao. No dia 28 de julho,[2] às 10 horas, no Palácio do Governo, houve o ato solene da Adesão do Maranhão à Independência do Brasil.[3] O ato encerrou depois do meio-dia, com a deposição do governador, as salvas do estilo, a bandeira portuguesa arriada e içada a bandeira brasileira.  Estava então, oficializada  a Adesao do Maranhao a Independencia do Brasil.
 Lei nº 2.457, de 2 de outubro de 1964,  declara feriado estadual o dia 28 de julho. ... "Art. 1º É feriado estadual o dia 28 de julho, data magna do Estado, onde se comemora a Adesão do Maranhão à Independência do Império do Brasil."
Do livro Sinopse da Historia de Itapecuru Mirim de autoria de Jucey Santana


[1]           Em reconhecimento aos serviços prestados à pátria, no processo da Adesão do Maranhão à Independência do Brasil, a Coroa Imperial outorgou a José Félix Pereira de Burgos, o título de Barão de Itapucuru, registrado no Cartório de Nobreza e Fidalguia em 17.11.1829 e o título com Honras de Grandeza em 7.4.1846. Também foi presidente da Província do Pará em 1830 e ainda ministro da Guerra, passando a ser conhecido como Senhor Itapucuru.
 [2]           No Maranhão, a adesão só aconteceu no dia 28 de julho, na Bahia foi 2 de julho e no Pará, 15 de agosto.
[3]           Pela Lei nº 11 de 6 de maio de 1835 a Assembleia Provincial declarou feriado estadual o dia 28 de julho.

Nenhum comentário:

Postar um comentário