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sexta-feira, 10 de julho de 2020

PROTOCOLO DAS RUÍNAS


 *César Borralho

 Os pés, um ponto, um giro, um salto.
Engravidou-se a bailarina de espetáculo,
o peso do aplauso dispensou das asas o passarinho,
e a sapatilha pendurou a moça no retrato.

O vinho era a véspera do abraço!
Remeti esquecimento à destinatária da memória
e ela me selou com o carimbo do fracasso.

Não comi a maçã de Isaac Newton, não vi os astros.

Ignorei o evangelho e as prostitutas de Paris.
A mulher que nunca amei levou os versos que não fiz!

Não misturei a cal, o cimento e a poesia do caminho
e cá estou sozinho sobre os escombros da velhice.

O incansável e fiel filatelista que nunca
pôs uma carta no correio, por saudade ou
por meiguice, e passou a vida tão alheio
admirando pedacinhos coloridos de papel.

 

 *Sou César Borralho, natural de Codó (MA), 1979, porém, vivo em São Luís do Maranhão desde 1979. Sou professor, mestre em Cultura e Sociedade, especialista em Filosofia da Arte e graduado em Filosofia. Escrever poesia é dar ritmo às imagens que crio na eterna luta para que o papel não fique obscuro e nem tão vazio. Poesia é o vento que leva o barco quando barco não há. Nunca aspirei publicar um livro para me tornar poeta, mas se um dia me tornar poeta, publicarei um livro.

20 comentários:

  1. Salve, poeta! Ver tuas linhas nos faz sentir viva a poesia

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  2. Começo lendo achando que Zaratustra é bailarina e finalizo alheia, admirando os pedaços de papéis coloridos, como se puxasse a cortina que me devolve a mim, depois de ler tão bela expressão sensível...parab

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  3. Parabens pelps belíssimos versos, Poeta!!!

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  4. Seu coração pulsa nas letras e o leitorsente isso...te gosto poeta ..

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  5. parabéns meu amigo borralho lindos versos

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