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segunda-feira, 17 de julho de 2023

JAMIL MUBARACK - CEM ANOS

                                Ilustre itapecuruense


Jucey Santana

Jamil Mubarack e a esposa, professora Maud

            Entre o final do século dezenove  e o início do século vinte, grande quantidade de libaneses  vieram para o Brasil fugindo das guerras e perseguições religiosas das suas regiões. Os que chegaram ao Maranhão, fixaram residência em São Luís, Caxias, Coroatá, Codó, Rosário e Itapecuru Mirim.

            Itapecuru Mirim  na  época atravessava uma situação de pobreza,   em pleno declínio dos grandes latifundiários que se ressentiam com a recente  abolição da escravatura. 

             Sob o auspícios do  governo, que via com bons olhos a imigração dos filhos do país do cedro, povo trabalhador com forte propensão ao comércio, na sua maioria se tornaram negociantes. Em pouco tempo passaram a monopolizar o comércio abrindo suas próprias lojas e arrendando áreas para lavoura. As  famílias sírios-libanesas de Itapecuru Mirim foram:  Assef, Buzar, Karam,  Nahuz, Lauande, Simão, Murad, Nazar, Ahid, Fiquene, Jorge e  Mubarack.

             O primeiro Mubarack que chegou ao município foi Aristides, a convite de Jorge Assef Jorge,  cunhado de  Manoel Germano dos Santos,  pai da autora. (Vr. Manoel dos Santos).

            Aristides se estabeleceu como comerciante, casou-se com a maranhense Angelina e convidou o irmão Jorge que havia ficado no Líbano. Em 1917 Jorge Mubarack chegou a Itapecuru Mirim, deixando no Líbano a esposa Julieta e um filho.  Em Itapecuru Mirim abriu comércio   em consórcio com o irmão e depois se tornou independente, tendo em pouco tempo se tornado figura de destaque na sociedade local.

            Longe da esposa por mais de três anos em 1921 casou-se com Rosa Fernandes Alves e foi morar no povoado Covas onde abriu uma  loja para atender os lavradores de passagem para a zona urbana  que chamavam ainda de Vila. Lá nasceram seus três filhos, Nazaré (1922),  Jamil (1923) e Helena (1925). 

            Já em plena prosperidade, para surpresa de todos, em 1926 chegou a Itapecuru Mirim a esposa do Líbano,   com o objetivo de  leva-lo de volta. Não suportando a pressão Jorge Mubarack  partiu de volta para o Líbano, deixando  família constituída e o próspero negócio em situação difícil.   A esposa Rosa ainda tentou administrar os negócios sem sucesso.  Passaram muitas  privações financeira. Rosa passou a fazer doces caseiros que eram vendidos nas ruas da cidade por Jamil.


 

Trajetória de Vida

            Jamil  Mubarack nasceu em 4 de dezembro de 1923.   Ele contava apenas três anos quando seu pai partiu de volta para o Líbano.  Foi batizado pelo Padre Newton de Carvalho Neves, que viria a ser seu professor em 1929. Estudou também com os professores João Rodrigues e Sinhá Tavares. Transferiu-se para o Grupo Gomes de Sousa para completar o primário, mas precisou interrompeu os estudos para trabalhar.

            Antes de partir,  o pai  entregou a  guarda das crianças a Aristides Mubarack. Em 1937, com morte do tio, Jamil passou a ter sob suas costas a responsabilidade com a família.

            Trabalhou com o padrinho Wady Fiquene durante três anos na função de balconista. Depois foi trabalhar  na padaria do português  Zuza Bezerra, ex-prefeito, no local onde  atualmente é  o edifício da Prefeitura Municipal, aprendendo o ofício de padeiro. Em final  1941 com a ajuda do padrinho Wady Fiquene e da irmã Nazaré que conseguira um contrato de professora,  montou um pequeno comércio na rua Cayana, atual Avenida Brasil  e com a habilidade  herdada do pai,   logo prosperou.

            A sua  casa comercial foi construída pelo então prefeito, Bernardo Tiago de Matos, em 1943, em seu plano de urbanização da cidade. E o local da residência foi adquirido em 1947 de Antônio Altair Raposo (cunhado de  Manoel  dos Santos, pai da autora).

            Jamil também trilhou no ramo imobiliário, comprando e revendendo casas, tendo aumentado o seu patrimônio, sempre com o  auxílio das  irmãs Nazaré e Helena.

            Em 11 de junho de 1958 casou-se com a professora caxiense Maud Chaves. O casal teve seis filhos: Jamilson, Eliane, José Ribamar, Rosa, Jorge e Arnaldo.

            A mãe de Jamil, Rosa Fernandes, faleceu em 1952.  Jamil Mubarack é um cidadão estimado em Itapecuru Mirim, sendo considerado um arquivo vivo da história da cidade,  do século vinte  ao início do século  vinte um.   

            Pela contribuição ao desenvolvimento, cultura e trabalho de Itapecuru Mirim, foi indicado para receber a COMENDA DE MÉRITO MARIANA LUZ, a maior honraria municipal. Um século de trabalho e honradez.

 

 

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