(Festa Literária de Itapecuru Mirim – 2022)
Jucey Santana
Carlos José Bezerra nasceu em Itapecuru Mirim em 04 de novembro de 1897, filho de Aníbal Bazileu Bezerra e Malvina Pereira Bezerra. Estudou em Escola Pública tendo concluído apenas o primário. O seu pai foi tabelião do 2º ofício e Alferes da Guarda Nacional, além de alfaiate de prestígio na sociedade itapecuruense. Aníbal Bezerra também foi músico tendo sido sócio da “Sociedade Musical Beneficente de Amigos” de Itapecuru Mirim, criada no inicio do século vinte para patrocinar a Escola de Música
local e a recriação da Banda de Música com a nova denominação de “Despertadora” itapecuruense, que chegou a contar com mais de 40 integrantes, entre os quais, Carlos Bezerra.
Ainda criança Carlos Bezerra, demonstrou vocação para a arte musical sendo encaminhado pelo pai para estudar na escola de Música da “Associação”, tendo por mestre o músico Sebastião Pinto. Foram seus colegas na Escola de Musica os futuros profissionais: Joaquim Araújo, Feliciano Lopes, o Barão, Patrício Araújo, Martiniano Araújo, Eudâmidas Sitaro (o Dominho), Juca Damasceno, Raimundo Tinoco, Gustavo e muitos outros.
Carlos Bezerra começou tocar apenas com uma flauta, com o apoio do pai e familiares, se aprofundou nos estudos da arte musical se tornando um dos renomados mestres local.
No final dos anos 20 do século passado, Carlos Bezerra criou uma banda, a Lira Ideal, em parceria com os seus alunos, dentre eles, Raimundo Cardoso, conhecido como Mundico Cardoso, e Raimundo Pereira Nogueira, conhecido como Seu Dico. A banda era contratada para animação dos festejos nos diversos povoados do município e cidades vizinhas. Os músicos se dirigiam ao local a cavalo e toda a renda recebida era divida igualmente entre os membros.
Além de tudo, a banda marcava presença em passeatas, solenidades políticas, alvoradas e eventos cívicos.
O ponto alto da Banda Lira Ideal eram as apresentações nos festejos da Matriz de Itapecuru Mirim, A festa da Padroeira Nossa Senhora das Dores, no mês de setembro, de São Benedito no final do ano e a Festa da Santa Cruz, organizada pelas famílias Nogueira e Bezerra. Naquelas ocasiões a Lira Ideal fazia parceria com outras bandas locais como a Despertadora e a banda de Joaquim Araújo, para maior brilho nos eventos religiosos. Apresentavam-se nas procissões, nas chamadas “retretas” no coreto do largo da igreja e ao final nos vesperais e grandes bailes da elite social.
. Com a competência de saber tocar todos os instrumentos de sopro, manteve-se com o projeto de ensinar música gratuitamente. “Mestre Carlos”, como era chamado por seus alunos, compunha várias partituras, dentre as mais conhecidas a “Valsa Lana”, hoje já perdida assim como as demais devido a ação do tempo.
Carlos Bezerra foi diretor da Secretaria da Câmara Municipal de Itapecuru-Mirim, ocasião que instituiu a obrigatoriedade do uso de ternos e roupas adequadas pelas autoridades do legislativo da época, medida moralizadora com efeito positivo na época.
Também foi exímio alfaiate, requisitado em toda a região, ofício que aprendeu com o pai. Em sua casa mantinha oficinas para aprendizes de alfaiataria e de música assim contribuindo com a preparação de jovens para o mercado de trabalho deixando um rico legado as novas gerações de uma cidade que se orgulha do seu passado cultural. .
Em 13 de setembro de 1921 casou-se com Francisca Correa Bezerra. Juntos tiveram 14 filhos: Wilson, Francisco, Otávio, Edmar, Carmem, Terezinha de Jesus, Cacilda, Ana Maria, Maria José, Malvina, Antônio José, Conceição, Francisca de Jesus e Carlos Aníbal
Carlos Bezerra morreu aos 71 anos no dia 03 de junho de 1969 em um acidente automobilístico, próximo ao povoado Cigana. Pelo mérito foi escolhido patrono da cadeira nº 12 da Academia Itapecuruense de Ciências, Letras e Artes – AICLA.
Do livro Itapecuruenses Notáveis (2016) de autoria de Jucey Santana
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