Ilustre itapecuruense
Jucey Santana
Jamil Mubarack e a esposa, professora Maud |
Entre o final do século dezenove e o início do século vinte, grande quantidade de libaneses vieram para o Brasil fugindo das guerras e perseguições religiosas das suas regiões. Os que chegaram ao Maranhão, fixaram residência em São Luís, Caxias, Coroatá, Codó, Rosário e Itapecuru Mirim.
Itapecuru Mirim na época atravessava uma situação de pobreza, em pleno declínio dos grandes latifundiários que se ressentiam com a recente abolição da escravatura.
Sob o auspícios do governo, que via com bons olhos a imigração dos filhos do país do cedro, povo trabalhador com forte propensão ao comércio, na sua maioria se tornaram negociantes. Em pouco tempo passaram a monopolizar o comércio abrindo suas próprias lojas e arrendando áreas para lavoura. As famílias sírios-libanesas de Itapecuru Mirim foram: Assef, Buzar, Karam, Nahuz, Lauande, Simão, Murad, Nazar, Ahid, Fiquene, Jorge e Mubarack.
O primeiro Mubarack que chegou ao município foi Aristides, a convite de Jorge Assef Jorge, cunhado de Manoel Germano dos Santos, pai da autora. (Vr. Manoel dos Santos).
Aristides se estabeleceu como comerciante, casou-se com a maranhense Angelina e convidou o irmão Jorge que havia ficado no Líbano. Em 1917 Jorge Mubarack chegou a Itapecuru Mirim, deixando no Líbano a esposa Julieta e um filho. Em Itapecuru Mirim abriu comércio em consórcio com o irmão e depois se tornou independente, tendo em pouco tempo se tornado figura de destaque na sociedade local.
Longe da esposa por mais de três anos em 1921 casou-se com Rosa Fernandes Alves e foi morar no povoado Covas onde abriu uma loja para atender os lavradores de passagem para a zona urbana que chamavam ainda de Vila. Lá nasceram seus três filhos, Nazaré (1922), Jamil (1923) e Helena (1925).
Já em plena prosperidade, para surpresa de todos, em 1926 chegou a Itapecuru Mirim a esposa do Líbano, com o objetivo de leva-lo de volta. Não suportando a pressão Jorge Mubarack partiu de volta para o Líbano, deixando família constituída e o próspero negócio em situação difícil. A esposa Rosa ainda tentou administrar os negócios sem sucesso. Passaram muitas privações financeira. Rosa passou a fazer doces caseiros que eram vendidos nas ruas da cidade por Jamil.
Trajetória de Vida
Jamil Mubarack nasceu em 4 de dezembro de 1923. Ele contava apenas três anos quando seu pai partiu de volta para o Líbano. Foi batizado pelo Padre Newton de Carvalho Neves, que viria a ser seu professor em 1929. Estudou também com os professores João Rodrigues e Sinhá Tavares. Transferiu-se para o Grupo Gomes de Sousa para completar o primário, mas precisou interrompeu os estudos para trabalhar.
Antes de partir, o pai entregou a guarda das crianças a Aristides Mubarack. Em 1937, com morte do tio, Jamil passou a ter sob suas costas a responsabilidade com a família.
Trabalhou com o padrinho Wady Fiquene durante três anos na função de balconista. Depois foi trabalhar na padaria do português Zuza Bezerra, ex-prefeito, no local onde atualmente é o edifício da Prefeitura Municipal, aprendendo o ofício de padeiro. Em final 1941 com a ajuda do padrinho Wady Fiquene e da irmã Nazaré que conseguira um contrato de professora, montou um pequeno comércio na rua Cayana, atual Avenida Brasil e com a habilidade herdada do pai, logo prosperou.
A sua casa comercial foi construída pelo então prefeito, Bernardo Tiago de Matos, em 1943, em seu plano de urbanização da cidade. E o local da residência foi adquirido em 1947 de Antônio Altair Raposo (cunhado de Manoel dos Santos, pai da autora).
Jamil também trilhou no ramo imobiliário, comprando e revendendo casas, tendo aumentado o seu patrimônio, sempre com o auxílio das irmãs Nazaré e Helena.
Em 11 de junho de 1958 casou-se com a professora caxiense Maud Chaves. O casal teve seis filhos: Jamilson, Eliane, José Ribamar, Rosa, Jorge e Arnaldo.
A mãe de Jamil, Rosa Fernandes, faleceu em 1952. Jamil Mubarack é um cidadão estimado em Itapecuru Mirim, sendo considerado um arquivo vivo da história da cidade, do século vinte ao início do século vinte um.
Pela contribuição ao desenvolvimento, cultura e trabalho de Itapecuru Mirim, foi indicado para receber a COMENDA DE MÉRITO MARIANA LUZ, a maior honraria municipal. Um século de trabalho e honradez.
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