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quarta-feira, 15 de julho de 2015

COCO DO COCO BABAÇU

Por Nato Lopes
Maneco veio ao mundo
Nascido entre alamedas
Das palmeiras babaçu
Pras bandas de Laranjeiras
Bem perto de uma ribeira
Do rio Itapecuru
A casa era coberta
De folhas de palmeiras
As paredes eram talos
Porta e janela esteiras
Trabalhadas com as palmas
De majestosas palmeiras
Sua mala era um cofo
Em que as roupas guardava
Pra ventar fogo nas trempes
Maneco tinha um abano
Abano cofinho e cofo
Tudo feito da palmeira
Pra pescar tinha o cofinho
Pra levar gongo e minhoca
E nele trazer os peixes
Pra sua filha Maroca
Tratar dos peixes e a Noca
Sua mulher cozinhar
O arroz socava cedo
Na cantiga do pilão
Saía logo em seguida
Com machado e com macete
Pra quebrar coco na mata
Tirar os caroços dele
Vender uns quilos pro homem
Que é o dono das terras
E trazer sabão querosene
Café açúcar e cachaça
E fumo para esquecer
Aquela vida sem graça
Separar logo uns caroços
Comer com farinha d’água
Beber água do riacho
Para minorar a fome
Fazer do coco o azeite
Tirar o leite do coco
Pra botar naquele peixe
Que agora vai para o fogo
Feito naquele carvão
Que é todo vegetal
Do coco que foi quebrado
Dentro do babaçual

A cama de Maneco
Era forrada de esteira
De palhas secas quebradas
Improvisava o colchão
À noite no terreiro
Sacolejando um pandeiro
Dançava a dança do coco
Com a mulher e a filha
Jantava farinha e ovo
Depois do café dormia
Pra acordar no outro dia
E começar tudo de novo.








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