Benedito Coroba Discurso proferido por Benedito Coroba, por ocasião
da Missa em Ação de Graça ao aniversário de 80 anos de Benedito Buzar, na
Igreja Matriz de Nossa Senhora das Dores, em Itapecuru-Mirim, em 17 de
fevereiro de 2018. O referido orador foi indicado para homenagear o
aniversariante pela Academia Itapecuruense de Ciências, Letras e Artes- AICLA
Meus
senhores, minhas senhoras,
Fui
colhido de surpresa, ao ser comunicado que, nesta ocasião, nosso fraternal
amigo e confrade Benedito Buzar, completaria 80 anos, pois sua aparência é,
ainda, jovial para integrar o seleto grupo dos “decanos”. A surpresa foi maior
ainda, pela designação de homenagear, com palavras, num discurso, um homem
ilustre, cuja vida, é copiada de inúmeras conquistas, nos campos das letras, da
pesquisa, da política, do jornalismo, e de uma frutífera convivência acadêmica,
ostentando, inclusive, a condição atual de Presidente da Academia Maranhense de
Letras.
Então,
para exercer tarefa tão difícil, mas essencialmente prazerosa, o recurso ideal
seria o silêncio; o discurso irretocável é aquele dito em silêncio. Lembrei-me,
nesta quadra, do filósofo, poeta e músico francês, Paul Valery, que disse: “o silêncio é a melhor sentença”. Porém, o
dia de hoje não permite o silêncio, o dia de hoje é de alegria, de festas, de
homenagens ao aniversariante; portanto, convém a aventura da utilização da linguagem
falada para homenagear o ilustre professor, acadêmico, jornalista, pesquisador,
escritor, e acima de tudo itapecuruense, Benedito Buzar. As palavras, ditas ou
escritas, jamais poderão expressar com fidedignidade os mais auspiciosos
sentimentos do anunciador. A essência da homenagem é indescritível, porque a
linguagem é limitada, como o é a pessoa humana que a expressa.
Ademais,
falar, após a sábia homilia proclamada pelo Padre Raimundo Meireles e o cântico
do tenor Silas, a tarefa que era difícil, transcendeu-se, num pequeno espaço de
tempo, para ingrata, apesar de sempre prazerosa.
Permita-me,
Benedito Buzar, chamá-lo de marinheiro, porque chegar aos 80 anos, com tanta
vitalidade, jovialidade, alegria, sabedoria, com uma vasta produção literária,
é um vencedor; o marinheiro vencedor é aquele que resiste maresia, a borrasca,
o mar revoltoso, e chega incólume ao porto, olhando para trás, admirando a
beleza do mar, porque, segundo o poeta português Fernando Pessoa, “navegar é
preciso, viver não é preciso”. Benedito Buzar, tu nos ensina, com teus passos,
que é preciso caminhar em frente, deixar o litoral, largar-se em busca do
horizonte.
Hoje,
Itapecuru-Mirim, tua mãe terra natal, está alegre; hoje é um dia diferente; a
tua terra, a natureza, as nuvens cinzentas, te homenageiam, como todos os teus
conterrâneos e amigos te homenageiam. Nesse panorama de festas, as águas do Rio
Itapecuru desceu silenciosamente rumo ao mar...
O
tempo, com sua impetuosidade, não conseguiu te abater. Lembrei-me de Marco Túlio
Cícero- o Cícero orador ardente do Senado Romano- que em seu livro Senectude
(saber envelhecer) grafou “sentir tal prazer em escrever que esqueci dos
inconvenientes dessa idade; mais ainda, a velhice me pareceu repetidamente doce
e harmoniosa”. Isso nos leva a crença de que a vida é premida, moldada, pelas
circunstâncias de sua fluência. Ortega e Gasset conclui, com sua sabedoria
peculiar, que “a vida é circunstância”.
Dentro
todas as virtudes, Buzar, que és portador, uma delas me cabe aqui ressaltar: o
devotado amor pela tua terra natal – Itapecuru-Mirim. És um bom filho. O bom
filho é uma boa árvore, produz bons frutos, inclusive, na velhice. O Salmo 92,
versículo 14, anota “Na velhice ainda darão frutos; serão viçosos e
florescentes”.
O
tempo urge, é hora de despedir-me da honrosa missão. Soa merencória a hora da
despedida. No altar do Senhor, nesta Igreja de Nossa Senhora das Dores, neste
ambiente carregado de temores sagrados e esperanças sublimes, desejo-te, em
nome de todos, os quais represento, pedindo a Deus de Bondade, Senhor de
Misericórdia, longos anos de vida a mais, a ti e a Solange, tua mulher, e toda
tua família. Deus te abençoe sempre! Parabéns! Tenho dito.
Benedito
de Jesus Nascimento – Coroba, é Promotor Publico e membro efetivo da Academia Itapecuruense de Ciências Letras e
Artes – AICLA.
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