A MECÂNICA DAS FÚRIAS
Existe
lógica na maquinaria da força?
Os
pósteros louvarão um herói brutal?
Fenecer
como homem ou permanecer
na
boca dos rapsodos como semideus
ter
os feitos exaltados para além do agora
ter
os feitos insculpidos nos anais da história
as
finalidades são grandiosas, mas os meios?
Conseguirá
com força bruta ou pura astúcia?
Aquiles
empunha a espada, eleva o escudo
quer
a imortalidade no canto dos aedos
um
busto insculpido com mármore de Carrara
uma
epopeia composta em sua memória
não
possui a estratégia arguta de Odisseu
apenas
a mecânica das fúrias em seu corpo
animando
a insaciável sede de imortalidade
com
armas forjadas na furna de Hefesto
não
lutará pela glória helênica, mas somente
para
talhar seu nome nos umbrais do Olimpo
e
a serena razão interpela a apaixonada cólera
bastará
a relojoaria iracunda das fúrias
a
mecânica da força bruta a animar a ação?
Ou
será necessário o engenho da astúcia
para
que o herói não seja esquecimento
singrando
ausências em mares de solidão
o
nome tatuado apenas nos lábios do vento?
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