quarta-feira, 22 de novembro de 2017

HOMENAGEM A GOMES DE SOUSA


                                                             


Jucey Santana

O Governo do Estado do Maranhão, por meio da Secretaria de Estado da Educação (SEDUC), em parceria com a Prefeitura Municipal de Itapecuru Mirim, a Academia Maranhense de Letras (AML através do seu Presidente Benedito Buzar), a Academia Itapecuruense de Ciências, Letras e Artes (AICLA), e o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão (IFMA) – campus Itapecuru Mirim,  realizou dia 8 de novembro, ato público em  homenagem ao patrono do biênio (2017/18) da matemática no âmbito do Estado do Maranhão.

            Instituído pelo Congresso Nacional, por meio da lei ordinária nº 13.358, de 07 de novembro de 2016, o biênio da matemática Joaquim  Gomes de Souza conta com o apoio do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações e do Ministério da Educação. Durante esses dois anos, os eventos mais importantes do mundo da Matemática acontecerão no Brasil, objetivando colocar em relevo essa área de conhecimento. 

            O evento aconteceu pela  manhã na praça que leva o nome do patrono com grande número de estudantes professores, autoridades e a sociedade que acompanhou de perto as merecidas homenagens ao ilustre matemático itapecuruense. À tarde as homenagens tiveram lugar no auditório do IFMA mais direcionadas aos estudantes. 

            O secretário de Estado da Educação acompanhado da equipe da secretaria Adjunta de Ensino  entregaram  certificados aos alunos que se destacaram nas Olimpíadas da Matemática no município, abaixo relacionados:

1 - Anderson Gomes Freitas - Escola Integrada Mariana Luz;

2 – Carla Letícia Silva Ferreira - U. E. Professor Manfredo Viana;

3 – Rafaela Gonçalves Faustino -  U. I. Professor João da Silva Rodrigues;

4 – Mateus da Silva Oliveira - Escola Municipal Osvaldo Dias Vasconcelos;

5 – Josiane de Sousa Cabral - Escola Municipal Santo Antônio  - Picos I;

6 – Gustavo Rodrigues Muniz - C.E.F. Governadora Roseana Sarney;

7 – João Vítor  Mendes Costa - Unidade Escolar de Itapecuru Mirim;

8 – Weslly Ryan Marques dos Reis - C.E. Prof. Newton Neves;

9 – Sheila Santana da Cruz dos Santos – C.E. Ayrton Senna;

10 – Lyandra Luzia Conceição Gomes - C.E. Wady Fiquene.

        As homenagens ao patrono se estenderão até o final de 2018, pela Secretaria de Estado da Educação, com a realização de várias atividades, visando  fortalecer e popularizar o ensino-aprendizagem da Matemática no Estado do Maranhão. 

POSSE DA ESCRITORA JUJU AMORIM PARA A AVL


                                                      

   

        A Academia Vianense de Letras, ainda nas comemorações dos seus 15 anos de fundação está organizando uma grande festa para acolher em seus quadros a escritora e poeta, Maria de Jesus Silva Amorim, a Juju Amorim, que foi eleita para a cadeira 17, patroneada por Onofre Fernandes daquela casa do saber. 

       Confirmadas as presenças de membros da AICLA na importante solenidade cultural em Viana que terá por local o Salão de Convenções Cunaco. Os membros da Casa de Mariana Luz parabenizam a escritora Juju Amorim.

POSSE DE NOVOS MEMBROS PARA A CASA DE MARIANA LUZ - AICLA



       

           Academia Itapecuruense de Ciências, Letras e Artes – AICLA  dará posse a novos filiados para seus quadros de membros: Efetivos, Correspondentes, Honorários e Beneméritos  em Sessão Solene no dia 10 de dezembro, data comemorativa aos 146 anos de nascimento da patrona principal: Mariana Luz.  Na ocasião vários cidadãos ilustres da sociedade local, amigos da cultura,  estarão recebendo  a Comenda Municipal Mariana Luz.  

        O evento que faz parte da programação da V SEMANA DA CULTURA DE ITAPECURU MIRIM,  ocorrerá a partir das 19 horas no Henrique Eventos.



segunda-feira, 20 de novembro de 2017

ITAPECURU, TERRA DE MILAGRE

                    

Carla  Alencar
                
Há pouco mais de uma década ocorreu nosso primeiro encontro. Mudanças na vida pessoal promoveram um recomeço profissional necessário e assim, em 2014, voltei a Itapecuru Mirim, onde havia trabalhado logo no início da carreira de Promotora de Justiça, quando era titular de Anajatuba.

Estar em Itapecuru Mirim significou uma volta ao começo que trouxe novos desafios, após uma passagem de mais de quatro anos por Caxias. Essa é a nossa vida, uma constante mudança e readaptação.

No ano de 2016, mais um desafio estava programado: atuar na função eleitoral, fiscalizando as eleições municipais em Cantanhede, Itapecuru Mirim e Miranda do Norte.

Os atos preparatórios para as eleições municipais consumiram boa parte da jornada diária de trabalho nos meses de agosto e setembro. Mas, nem imaginava que não iria estar acompanhando a festa da democracia. Muitas estratégias e ações foram idealizadas para colocar em prática no final de semana da eleição, com o apoio incansável de todos que fazem a Justiça Eleitoral e a força policial em Itapecuru, mas não pude delas participar, pois a chegada à cidade não terminou da forma programada.

No dia 1.º de outubro de 2016, não como de costume, chegava à cidade de Itapecuru com três guardiões, anjos postos por Deus no meu caminho. Decidimos, por obra do destino, fazer essa viagem juntos. Era por volta das 14h30min, quando a chegada a Itapecuru foi interrompida de forma inesperada.

No caminho, cruzou uma criança em uma bicicleta e, para não atingi-la, perdi o controle do carro em que viajava sozinha, capotando por diversas vezes na BR 222, sendo o carro arremessado em sequência para um barranco na lateral da pista.

Como é Deus quem escreve a nossa história, aquele não seria meu dia de partir, sendo Itapecuru palco de um verdadeiro milagre, eis que, desde o acidente, tudo foi arquitetado por Deus para que nada de pior comigo acontecesse.

Confesso que nada me recordo daquelas horas seguintes de aflição, até isso foi providenciado para que o sofrimento e a angústia fossem apagados da memória.
Tão logo meu carro parou, presa pelo cinto de segurança, fui alcançada pelos anjos que Deus tinha se encarregado de estar comigo  naquele trajeto: Albert, Samuel e Mirella. A força física foi necessária e contei com o socorro dos dois primeiros, que venceram as dificuldades de encontrar meu carro virado em um barranco para me tirarem de seu interior, além de providenciarem o meu transporte até as margens da rodovia. A terceira não me abandonou um minuto e  esteve no trajeto para o Hospital Regional Adélia Matos Fonseca e depois, durante todo o restante do dia.

Após a retirada do veículo, fui colocada em uma ambulância que providencialmente passava  pelo local,  enviada por Deus para auxiliar no  momento.
Os momentos seguintes não foram fáceis para os que comigo estiveram naquela batalha, eis que as notícias eram desanimadoras. 

A gravidade do acidente a todos assustou e não foi à toa. Foram muitas as fraturas e o pronto atendimento médico era primordial naquele momento. Uma corrente de forças e orações uniu amigos do Ministério Público, do Judiciário, das Polícias Civil e Militar, Corpo de Bombeiros Militar, APAC, Igrejas e muitos que não me conheciam, mas que queriam ajudar naquele momento. 

A transferência não tardou e, em um helicóptero do Comando Tático Aéreo, fui trazida para São Luís, onde receberia a continuação do meu atendimento médico e reencontraria minha família.

Somente após horas de cirurgia e dias de aflição, consegui recobrar a consciência e tomar conhecimento de tudo que envolveu meu acidente: mobilização na minha Itapera e em São Luís, cuidados com minha pequena, transferência de helicóptero, correntes de oração, doação de sangue. Tudo era confuso. Inicialmente, só me vinha à cabeça como tinha sido a eleição, a fiscalização com a polícia e o risco de ter machucado alguém. Com o tempo passando, a ficha foi caindo.

As semanas seguintes foram para estabilização e novas cirurgias já que várias foram as fraturas, mas foram bem menos difíceis do que imaginei quando tive a notícia do acidente e me vi imobilizada em um leito de UTI. Como seria parar a correria em que vivia? Mas, sobrevivi.

Por algum motivo aquele acidente deveria ter acontecido e acreditei desde o início que Deus tinha um propósito em ter me dado livramento naquele dia e nunca me revoltei com o ocorrido, apesar de não entender ainda o porquê. 

Fui escolhida para receber de Deus uma nova oportunidade de viver, tendo sido montado um verdadeiro quebra-cabeça para que tudo desse certo de acordo com Sua vontade: viagem em comboio, resgate quase instantâneo, ambulância passando pelo local vazia, mobilização de amigos, médicos e enfermeiros aptos a prestarem os primeiros socorros tão necessários em Itapecuru, disponibilidade de helicóptero e de equipe de paramédicos, além de muita fé.
Nesse contexto, as orações estiveram sempre presentes, independente de religião, desde o momento do acidente e, posteriormente, nos cultos e na missa em Itapecuru pelo meu restabelecimento, sendo criada ainda a corrente#somostodosCarla, que logo se propagou de forma carinhosa nas redes sociais.

A fé, de fato, é uma força propulsora da saúde e o que comigo ocorreu atingiu meu plano físico, mas nunca atingiu meu plano espiritual. Muito pelo contrário, com o ocorrido, tive a oportunidade de me aproximar ainda mais de Deus e, apesar de alguns momentos de desânimo, pude encarar a nova realidade com otimismo.

Como não agradecer pelo milagre que me foi concedido naquele dia? Qualquer variável diferente do que ocorreu poderia ter levado à minha morte. Como explicar que meu carro, apesar de diversas capotagens, não colidiu com nenhum outro veículo passando pelo local? Como explicar que sai sem sequelas neurológicas de um acidente tão grave?  Como explicar a ambulância passando pelo local tão logo ocorreu o acidente? Só com a intercessão divina para que tudo desse certo e deu. Posso dizer que sou fruto de um verdadeiro milagre de Deus.

Assim como fui protegida no momento do acidente, tendo minha vida preservada por obra de Deus, a fé na recuperação e as infindáveis orações propiciaram uma recuperação que surpreendeu a todos, inclusive aos médicos, sem qualquer sequela neurológica ou em órgãos vitais, e, em pouco menos de um mês do meu renascimento, recebi alta hospitalar, demonstrando a veracidade de algo que ouvi de muitos “Deus não deixa sua obra pela metade”. 
Iniciava-se a parte mais demorada da recuperação, a reabilitação dos membros atingidos no acidente com intensas sessões de fisioterapia, cuja monotonia igualmente foi amenizada com a presença constante da família e de amigos fiéis, ainda que virtualmente, até porque amigo não é estar, é ser. 

Pouco a pouco, com os relatos que me eram feitos, tentei tomar conhecimento do que foi aquele primeiro de outubro e da mobilização gerada pelo acidente, do empenho de muitos que foram utilizados como instrumentos para que tudo desse certo em minha vida. Mas, sei que nunca terei real noção do carinho e da rede de proteção que me cercou.

O retorno à minha Itapecuru foi muito aguardado para tentar agradecer àqueles que tanto me ajudaram e ocorreu  quatro meses após o acidente, em 07 de fevereiro de 2017. Revi muitos amigos queridos e pessoas anônimas que oraram pela minha recuperação, além de ter ido à unidade de saúde em que tive meu primeiro atendimento e onde muitos foram utilizados por Deus para permitir que o Milagre do meu renascimento se efetivasse. Foi um reencontro repleto de emoções e com uma energia indescritível, pois foi em Itapera que me foi dada uma nova chance de viver e essa nova chance não será desperdiçada. Há muito a viver e um novo começo a fazer, com Deus à frente de tudo, pois não há portas que se fechem diante da Sua vontade.


Do livro  Púcaro Literário I ( 2017) pag. 62

Carla Mendes Pereira Alencar Promotora Pública desde 2001, Em janeiro de 2003 foi titularizada em Anajatuba onde permaneceu até 2007, quando foi transferida para o município de Grajaú. Em 2009 foi encaminhada à Caxias ficando até maio de 2014 quando assumiu como titular a 3ª Promotoria de Justiça na Comarca de Itapecuru Mirim.  Já respondeu também pelas comarcas de Cantanhede, Humberto de Campos e em Itapecuru Mirim pela 2ª e 3ª Promotoria em 2003. Foi uma das fundadoras juntamente com a juíza Mirella Cézar da unidade da APAC do município, em 2015.

terça-feira, 14 de novembro de 2017

O CHORO DA SANTA DE ITAPECURU-MIRIM





Benedito Buzar

Em meados de 1949, um súbito acontecimento ocorreu em Itapecuru-Mirim, deixando a sua população em suspense.

Naquela época, a minha cidade contava com limitada população, reduzido espaço físico e desprovida das modernidades tecnológicas, mas não deixava de ser aconchegante, sedutora, abençoada por Deus e bonita por natureza.

Em plena inquietação de meus onze anos, usando ainda calça curta e cursando o primário no Grupo Escolar Gomes de Sousa, lembro-me, a despeito das dezenas de anos passados, do fato gerador daquela repentina e anormal celeuma, que levou a terra de Gomes de Sousa a quebrar a sua rotina diária de vida, fazendo os seus habitantes viverem momentos de incomum expectativa e de inusitada comoção.

Mesmo com o tempo a me consumir, minha memória permanece preservada e permite-me dizer que toda aquela intensa movimentação humana, tinha por alvo e foco uma casa residencial, localizada na Rua da Boiada, hoje, senador Benedito Leite, onde morava o casal Maria de Lourdes e Felício Cassas, de cuja união nasceu os filhos Ivete, Graciete, Myriam, Marília, Nonato e Elias.

Era naquela casa que aconteciam atos e fatos que, pelo seu ineditismo e singularidade, abalavam profundamente o sentimento religioso de uma pacata gente, constituída, em sua grande totalidade, de católicos, apostólicos, romanos.

Mas quem polarizava as atenções do que ali ocorria, era uma figura jovem e feminina, que, involuntariamente, transformava a cidade de Itapecuru num polo de atração religiosa, onde romeiros, crentes e não crentes em Deus, se aglomeravam para vê-la.

Chamava-se Graciete  de Jesus, também, conhecida por Didica, a terceira filha da prole dos Coelho Cassas, que, desde criança,  mostrava o seu lado de mulher caridosa, literalmente dedicada à religião católica.

Durante anos, gerações e gerações de itapecuruenses vieram ao mundo por meio de suas delicadas mãos de parteira habilidosa e a maneira como se doava ao povo mais necessitado, virtudes que lhe valeram conquistar inexcedível popularidade, a ponto de transformá-la em líder política.

Mas o que Graciete  fazia para ser alvo de tanta curiosidade popular? Guardava carinhosamente no seu quarto de dormir, um quadro de médio porte, com moldura de vidro, onde figurava a estampa de Nossa Senhora Aparecida, santa que, dia e noite, homenageava e venerava  com flores, velas, orações, preces, promessas e pedidos para cuidar da saúde dela, da família e dos amigos que a cercavam.

Numa dessas venerações, ela observou algo estranho na estampa da santa, pois corria incessantemente de seus olhos um tênue fio de água, como se fosse uma lágrima. Espantou-se com a cena, mas manteve-se em silêncio e deixou que os dias corressem para só anunciá-lo dias depois quando o fenômeno continuava e não deixava dúvidas de que a santa chorava para lhe transmitir alguma mensagem.

Como a santa não parava de chorar, a notícia ganhou as ruas e a casa dos Coelho Cassas virou um templo sagrado, para aonde acorriam católicos ou não, de Itapecuru e de outras cidades, para verem de perto e ao vivo, um ato de fé e de religiosidade.

Não lembro o tempo que durou aquela romaria à casa de Graciete e até quando as lágrimas de Nossa Senhora Aparecida continuaram a escorrer pelo seu rosto.  Mas sei que o choro da santa, objeto de tanta curiosidade e especulação, levou o “O Trabalhista”, editado em Itapecuru, edição de 9 de julho de 1949, a reportar-se ao caso com um texto da lavra do jornalista João Rodrigues, dono do jornal, que, em certo trecho da matéria,  afirmou categoricamente: “Com o Juiz de Direito, Dr. Caetano Jorge, fomos ver aquele mistério que confunde a gente, mas que são realmente lágrimas, desde que não se pode admitir seja o resultado de efeitos físicos, mas gotas cristalinas que desciam do rosto da Virgem Aparecida”