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Conego Carvalho |
Jucey Santana
Filho
de João Batista Carvalho e Belísia de
Amorim Carvalho, nasceu na cidade de Pedreiras (MA), em 2 de julho de 1910. Depois
dos primeiros estudos na sua cidade e
demonstrando tendência para instrução religiosa seus pais o encaminharam em
1923 ao Seminário Santos Antonio onde
cursou Humanidades, equivalente ao atual,
fundamental, tendo concluído em 1928. Em 1929 iniciou o curso de Filosofia
e 1932
cursou Teologia.
Recebeu
a primeira tonsura em 26 de outubro de 1933 pelas mãos de Dom Severino Vieira de
Melo, bispo do Piaui e em 28 do mesmo mês, pelas mãos do mesmo bispo, recebeu
as primeiras Ordens Menores de Ostiriato e Leitorato. As últimas Ordens Menores, recebeu em 24 de agosto de 1934 sendo o
oficiante Dom Emiliano Locati, bispo de São José de Grajaú, o Subdiaconato foi ministrado em 22 de setembro de 1935 por Dom Severino Vieira de Melo, do
Piaui, o Diaconato em 1º de novembro de
1935 e o sagrado Presbiterato em 3 de novembro do mesmo ano, ambos oficiado
pelo mesmo bispo do Piaui.
Em
6 de janeiro de 1936, aos 25 anos, oficiou a Missa Nova, na Igreja Matriz de
São Benedito da cidade de Pedreiras, com
a presença de todos os seus familiares.
Em
6 agosto de 1936 foi nomeado por Dom
Carlos Carmelo Vasconcelos Mota, vigário cooperador, da Paróquia de São Luis Gonzaga
no município de Bacabal. Em 1º de agosto de
1937 por provisão do mesmo arcebispo, foi nomeado pároco da paroquia de Santa
Teresinha no mesmo município. Em fevereiro de 1944, foi transferido
como pároco da cidade de Guimarães, na centenária paroquia de São José, onde
permaneceu até dezembro de 1946.
Padre
Carvalho nas terras Iguaraenses
Em
1º de janeiro de 1947 foi nomeado vigário da paróquia de São Sebastião de
Vargem Grande e vigário encarregado da paroquia de São Benedito, de Curuzu
(atual São Benedito do Rio Preto), paróquia
de Nossa Senhora da Conceição do distrito de Manga do Iguará e capela de Santa
Luzia, no povoado do mesmo nome atual Presidente Vargas, em substituição ao
padre Alteredo Soeiro Mesquita que estava sobrecarregado com a administração de
duas freguesias, Itapecuru Mirim e
Vargem Grande.
O
padre logo conquistou a população iguaraense,
que passou a depositar confiança em seu novo sacerdote, em uma época de muita
intranquilidade politica, pobreza,
incerteza com o futuro, já que o mundo todo ainda mantinha viva memória do caos causado com a recente, Guerra
Mundial e opressões com a ditadura ferrenha imposta ao povo por Getúlio Vargas,
com repressões, prisões arbitrarias e torturas (1930/1945). Esta era a situação
que se encontrava a população quando o clérigo Raimundo Amorim Carvalho entrou
em cena.
O
jovem pastor de 37 anos, passou
logo a impressão de tranquilidade, amor fraterno e muita determinação aos seus
paroquianos.
Ao
chegar fundou e otimizou uma escola paroquial, já que encontrou o sistema educacional de Vargem Grande muito deficitário para época, e mesmo não praticando política partidária se
aliou aos gestores municipais, para reivindicar recursos financeiros não só
para a igreja, mas, para toda a região, já que tinha muito acesso ao Palácio
dos Leões, tendo credibilidade em todos os setores políticos, eclesiásticos e
educacionais.
Em
Vargem Grande existia um pequeno aeroporto, iniciado ainda por ocasião da
Segunda Guerra. Em agosto de 1949, o Padre Carvalho, fez um apelo ao Senador
Vitorino Freire, que prontamente doou
dois mil cruzeiros para as obras. Tendo sido objeto de campanha o dinâmico prefeito
Didi Barroso, a ampliação e conclusão do aeroporto, em sua gestão (1950/1955).
Acordo no Carnaval de 1950
A
população vargem-grandense e o Padre Carvalho selaram um acordo para não realizar
a festa profana do Rei Momo em 1950, com o compromisso de que o Padre ficasse
na cidade, porque geralmente se
recolhiam em retiro.
Não
só o Padre atendeu ao pedido como ainda levou o padre Odorico Mata, que chegou
à cidade dia 14 de fevereiro,
enfrentando estradas cheias de atoleiros no lombo de um burro. De 18 a 23 do mesmo mês, pregaram a palavra, confessaram, batizaram crianças, realizaram casamentos coletivos dos casais que
viviam juntos, fizeram mini cursos rurais,
recreações, e a igreja ficou sempre lotada. A ação evangelizadora foi liderada pelas
Zeladoras do Apostolado da Oração e as Filhas de Maria.
Acontecimentos
históricos na gestão do Pe. Carvalho
Grandes
eventos que marcaram a gestão do Padre Carvalho na região do Iguará:
1.
Transferência da Festa de São Raimundo
para Vargem Grande, que desde o início do século vinte, vinha sendo cogitada,
que fosse realizada na sede do município porque o povoado de Mulundus não oferecia
mais estrutura adequada para o festejo
que se tornara grandioso.
Os tradicionalistas resistiam,
por achar que a festa deveria permanecer no local de origem. Foram anos de
negociações, para em 1953, na gestão do
arcebispo Dom José Medeiros Delgado,
houver a transferência da festa. Os conservadores, no entanto, inconformados
continuaram celebrar São Raimundo Nonato em Mulundus, que em consenso a igreja
fixou a data do evento no povoado para o mês de outubro e assim respeitando a
religiosidade popular.
2. Com o regime militar instalado
no país em 1964 e a igreja fazendo opção pelas classes oprimidas, para estabelecer
contatos diretos com os fies, foram
criadas as Comunidades Eclesiais de
Base, Comissão de Justiça e Paz, Pastoral da Terra, e outras ferramentas para intercambio com o
homem do campo, os chamados “Sem Terra”, o Padre atuou com presteza nas
pastorais com os agricultores e comunidades urbanas, fóruns de
debates sobre os problemas da região, distribuía
aos pobres, cestas básicas como leite, arroz e farinha, conseguido da Cáritas
do Brasil, e mantinha livre acesso ao governo, apesar do regime militar, para aquisição
de beneficio para sua região.
3. Em 25 de dezembro de 1958 o padre Raimundo
Carvalho, recebeu o título eclesiástico de Cônego Honorário das mãos do
Arcebispo Dom José de Medeiros Delgado, comemorado com entusiasmo pelos
paroquianos.
4. Outro episódio importante na sua gestão, foi o
Concílio Vaticano II, foi a reforma
religiosa que alterou a estrutura da
igreja, mexendo nos dogmas da igreja,
com mudanças radicais, omo, a missa em latim passou a ser celebrada na língua
pátria, nos rituais eucarísticos o
celebrante passou a se apresentar de frente para os fiéis, e a retirada dos ícones da igreja foram algumas
das mudanças que deixaram os católicos intranquilos quanto ao destino da igreja, Porém o padre conduziu as
mudanças a partir de 7 de março de 1967, com tranquilidade e metodologia
adequada.
5. A pedido do Cônego Carvalho, em
2 de fevereiro de 1967 o arcebispo Dom João José da Mota e Albuquerque levou
pessoalmente as primeiras Irmãs Dorotéias
para se instalarem em uma das casa da paróquia, para auxiliarem na
escola paroquial e na evangelização de toda a região.
Padre
Carvalho e Padre Albino
Em
dezembro de 1950, Padre José Albino Campos Filho, assumiu a paróquia de Nossa
Senhora das Dores de Itapecuru Mirim. Em sua recepção estava o padre Carvalho para
acolhê-lo, tendo criado um grande laço
afetivo entre os dois clérigos.
Sendo
o padre Carvalho, doze anos mais velho que o vizinho, e já conhecendo a região,
se tornou um orientador e companheiro com ajuda mútua.
Entre
os dias 15 a 29 de março, realizaram um curso de líderes rurais entre Itapecuru
e Vargem Grande, dirigidos por técnicos agrícolas de São Luis, os agricultores de Vargem Grande, foram todos hospedados por padre Albino.
Conseguiam
vantagens governamentais sempre para as duas cidades. Nas viagens do Padre Carvalho o Padre Albino
assumia a paróquia de Vargem Grande e vice-versa.
Na
longa enfermidade de padre Albino, o padre Carvalho deu toda assistência, a
paróquia de Itapecuru Mirim, aquele perdeu a luta para o câncer em 24 de janeiro
de 1970, aos 48 anos de idade o padre
Carvalho oficiou a missa de corpo presente e a missa de sétimo dia foi
concelebrada por três cônegos, amigos:
Gerson Nunes Freire, José Ribamar Carvalho e Raimundo Carvalho.
Morte
do cônego Raimundo Carvalho
O
Cônego Carvalho teve morte por parada
respiratória em 19 de abril de 1970. Passou 23 anos em Vargem Grande, estimado pelo povo, prudente, humilde e muito trabalhador, preocupado com a
educação e a promoção dos paroquianos.
Estiveram
presentes no velório, o arcebispo Dom Mota e Albuquerque, Conego Paulo Sampaio,
Padre Benedito Chaves (padre de Itapecuru Mirim), Padre Clodomir Brandt, Padre
Xavier, Conego Gerson Freire, Padre Lourenço, Padre Gabriel, Padre Manoel Prest
e Padre José Antonio. Recebeu
autorização do Arcebispo para seu sepultamento na Igreja Matriz de São Sebastião.
A
Academia Vargem-grandense de Letras e Artes, reconhecendo-lhe o mérito, o
elegeu para patronear a cadeira número 21, tendo como membro fundador José Sousa de
Barros Filho.
Do
livro inédito, Iguaraense Literário, organizado por Jucey Santana