LISBOA, Francisco Inaldo Lima. A mulher na literatura Itapecuruense: autora e personagem. In: CANTANHEDE, João Carlos Pimentel; SANTANA, Jucey. Púcaro Literário III: Protagonismo feminino. AICLA, São Luís, 2021, p.333-353
Agnaeldo Áquila Viana dos Santos*1
“A mulher na literatura Itapecuruense: autora e personagem”, de Inaldo Lisboa (2021). Analisar uma obra literária em prosa é notoriamente prazerosa, ainda mais por um leigo, como eu. Por outro lado, analisar um texto acadêmico requer um nível de academicismo do tamanho da obra, possivelmente falte esse viés a mim, mas tentarei ser, ou talvez não ser. Como a obra não se prende a poeta Mariana Luz, mais citando outras, penso que cabe perfeitamente a frase profética de Arthur Rimbaud (Na segunda metade do XIX). “Quando será derrubada a infinita servidão da mulher, quando ela viverá para ela e por ela, o homem, - até agora abominável -, tendo-a despedida, ela será poeta, ela também! A mulher descobrirá o desconhecido! Seus mundos de ideias divergirão dos nossos? Ela encontrará coisas estranhas, ...”. Rimbaud levantou uma bandeira solitária num estandarte de posições divergentes. “Somos filhos do nosso tempo”, disse Sören Kierkegaard, e isso diz muito do que somos! Se Maria Sampaio, Benedita Azevedo, Jucey Santana podem hoje, ser elas mesmas e não outras, não é somente porque existiram mulheres como Mariana Luz e Maria Firmina Reis, mas porque o tempo é outro, são outras pessoas, outra época, uma outra mentalidade, mesmo que ainda exista o peso do patriarcalismo rodeando o mundo como um Mefisto, o tempo é senhor de tudo! Todavia é inegável os baldrames criados por Mariana Luz na literatura Itapecuruense. Ela é o referencial, possivelmente dessas artistas das letras. Se Henrique Borralho, em “Terra e céu de nostalgia” (2011) ousou dizer “A Atenas Brasileira” foi uma ideia forjada em tempos de crise, podemos ousar também que Mariana Luz foi uma das atenienses, não apenas uma, ou mais uma, e sim a Ateniense. Uma ateniense de Itapecuru-Mirim, que remou contra a maré, bateu através dos versos a servidão da mulher e do preconceito da pele, porém a rigor seguiu os tatames da época, por religiosidade ou por causa dos costumes vigentes. Os costumes são uma “violência simbólica”, na página 336, o autor afirma, “Bourdieu também destaca que os homens continuam a dominar o espaço público e as mulheres ficavam reservadas ao espaço privado doméstico...”. Essa violência se faz
1 Pesquisador e Professor de História na SEMED de Itapecuru-Mirim.
presente nesse maniqueísmo entre ser a santa ou a “puta”. O texto do referido autor, deste artigo inicia apresentando os motivos que desencadearam a pesquisa, depois destaca o marco histórico (segunda metade do XX e primeiras décadas do XXI), destacando as violências que a mulher sofreu ao ser excluída da história. Luzia Lobo, Pierre Bourdieu são nomes que tão margem a principal questão do artigo que são levantados por Inaldo Lisboa: as vozes femininas Itapecuruense frente a questão; de ser mulher num panóptico que só se multiplica [como uma Hidra]. A servidão da mulher é mais voluntaria do que real. Há muitas mulheres que continuam a viver numa “servidão voluntaria” por costumes ligado a religião ou a tradição. Na página 343 inicia a apresentação das mulheres que compõe o atual Parthenon da literatura Itapecuruense e na página 350 cita outras que estão compondo, mas a questão é: “O Ser é, o não-ser não é”, se temos muitas escritoras versadas nas letras temos também uma banalidade do ser, em um mundo líquido onde podemos ser o que quisemos, mas será que escrever em versos nos fazem poeta? É necessário que nós, rompemos também com a servidão do volúvel e busquemos uma elevação, é necessário também ser técnico ao menos dentro da técnica (como em Lisbon Revisited, de Pessoa). Eu finalizo essa analise simplória com uma grande frase de Confúcio: “Não importa o quanto você vá devagar desde que não pare”.
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