segunda-feira, 23 de março de 2015

Livro Marianna Luz: Vida e Obra e Coisas de Itapecuru-Mirim retrata a poeta

Escritora Jucey Santana
A imortal, membro da Academia Maranhense de Letras, Mariana Luz (10/12/1870 a 14/09/1960), cidadã itapecuruense, tem sua obra reconhecida por meio de outra, o livro Marianna Luz: Vida e Obra e Coisas de Itapecuru-Mirim, de autoria de Jucey Santos de Santana, bacharel em Direito, pesquisadora e membro da Academia Itapecuruense de Ciências, Letras e Artes, e principalmente, admiradora da obra da educadora, poeta, teatróloga, oradora e escritora Mariana Luz.

O livro de 450 páginas ficou pronto depois de quase cinco anos de pesquisa e foi lançado em dezembro do ano passado na Academia Itapecuruense de Ciências Letras e Artes.

Dividido em três partes, a autora aborda inicialmente a biografia da poeta, na segunda parte a obra de Mariana, além de crônicas escritas para ela ou sobre ela. A terceira parte é constituída de dezoito recortes da história de Itapecuru-Mirim como locais, festas, fatos e moradores. Poesias, recortes, fotos, e outros recursos são utilizados no livro, que tem prefácio de Inaldo Lisboa, escritor itapecuruense.

A obra foi toda baseada em pesquisas em jornais e outros documentos sobre a poeta, que teve grande projeção nas artes plásticas, cênicas e também na literatura em âmbito estadual e nacional, mas segundo a autora morreu pobre.
“A Mariana foi professora do meu pai, também do presidente da Academia Maranhense de Letras, Benedito Buzar, só para citar alguns, foi a segunda mulher a ingressar na AML nos idos de 1948 e me inquietava muito que as pessoas não a conhecessem Daí resolvi escrever sobre a importância dela e apresentá-la para as pessoas que não a conheceram”, conta Jucey Santana.

Jucey quis resgatar o quanto de humana e generosa existia na figura da poetisa, mesmo não a conhecendo. Em suas pesquisas debruçava-se sobre a história daquela mulher e descobriu uma Mariana diferente. “A pesquisa me revelou uma Mariana alegre, extrovertida, dinâmica, versátil, empreendedora, ousada, que transmitia a sua paixão pelas letras e pelas artes mesmo nas horas da maior adversidade”, revela Jucey.

A autora destaca que o diferencial de Mariana Luz para outros grandes expoentes do Maranhão, é o fato da poetisa sempre ter vivido em Itapecuru, auxiliando na educação de várias gerações de conterrâneos, tendo produzido toda sua obra literária na sua cidade natal, muitas vezes falando do cotidiano das pessoas amigas, vizinhos, alunos, autoridades, figuras ilustres.

A obra de Mariana Luz, ficou muito tempo na obscuridade, por falta de condições financeiras da autora, para sua publicação. Na década de 1940, com o apoio do Centro Acadêmico Clodomir Cardoso da Faculdade de Direito do Maranhão em conjunto com Orbis Clube de São Luis, foi publicado o seu livro “Murmúrios” com pequena tiragem e responsável pela sua indicação à AML. “Nessa época a Academia Brasileira de Letras não tinha nenhuma mulher, então ela foi precursora, era uma mulher à frente do seu tempo. Dentre os mais de 400 membros da Academia Maranhense de Letras havia só oito mulheres e ela foi uma delas”, lembra Jucey completando que Mariana era mulher de luta e que apenas aos 70 anos teve o primeiro emprego.

“Murmúrios é bem uma coletânea de versos de vários períodos da minha existência. Nele está bem clara a história da minha vida literária, se é que eu a tive realmente. E este prêmio, que os altos valores da intelectualidade maranhense me concederam eu agradeço de todo coração”. “Muito me sensibilizou a minha eleição para o mais ilustre sodalício ateniense”. Trecho retirado de uma entrevista concedia a O Imparcial em 10 de maio de 1949 e que está no livro.

“Faleceu sem ter sua obra publicada, apesar de ter sido uma mulher muito importante. Na área literária era uma unanimidade no final do século XIX e início do século XX, era correspondente de vários jornais, então o objetivo é oferecer uma contribuição para o estudo de Mariana Luz e da literatura maranhense”, diz Jucey Santana.

Sofrimento, solidão e tristeza

São os temas muito explorados pela autora. “Uma tristeza vaga, indefinida”, “Esta vida falaz e amargurada”. “A angústia, o mal a que ninguém se exime”. Em entrevista a poetisa confirma: “Prefiro Escola Antiga, porque me parece agradar mais ao coração. Está mais condizente com a minha alma sofredora”.

A sua poesia era geralmente cheia de mágoa, mas também escreveu contos, dramas e comédias. Em sua casa montou um Grupo Teatral. Ela atuava como autora e também encenava, participando do elenco. As peças eram bastante procuradas, em uma época que não tinha cinema, constituíam o maior entretenimento na cidade.


Por Patrícia Cunha 

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Ficha Técnica
Livro: Marianna Luz: Vida e Obra
Autor: Jucey Santana
Pág: 456

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