domingo, 26 de fevereiro de 2017

CARNAVAIS IDOS E VIVIDOS



Benedito Buzar 

Passaram-se os anos, mas da minha memória não saíram e nem da minha retina se apagaram as cenas, as personagens, os preparativos e as brincadeiras do carnaval de Itapecuru, marcado pela simplicidade e pela espontaneidade.

Sou um saudosista assumido, por isso sempre recordo o carnaval de minha infância e juventude, intensamente vivido na cidade onde tive a ventura nascer.

São lembranças e evocações que o tempo não consegue destruí-los. Tempos memoráveis aqueles em que o carnaval ainda não havia passado por radicais mudanças e sofrido significativos desvirtuamentos, que os modernos meios de comunicação social, principalmente a televisão, se encarregaram de difundir e de transportá-los das grandes cidades para as comunidades urbanas e rurais do país. Estas, pela sua vulnerabilidade diante da potência da mídia eletrônica, se viram compelidas a trocar as brincadeiras populares e tradicionais por manifestações culturais, que, invariavelmente, nada têm a ver com suas raízes e fontes inspiradoras.

Essa a realidade que hoje vejo, com os olhos de ontem e marejados de saudade. Na minha cidade, a população passou a brincar um carnaval longe de suas tradições, esquecendo e abandonando os bailes em casas residenciais, os blocos, as batucadas e os mascarados. No lugar deles, os abadás, as bandas, geralmente de outros estados, tocando músicas baianas e de forró, num palco iluminado e sustentado financeiramente pela prefeitura municipal.

Como os tempos idos e vividos não voltam mais, resta-me apenas registrar, através destas poucas e mal traçadas linhas, como era o carnaval brincado na minha terra, igual a todos que existiam no interior do Maranhão, mas sumidos do mapa por força da modernidade e dos meios de comunicação.

Até antes da fundação do Itapecuru Social Clube, ocorrida em 5 de novembro de 1961, todos os bailes promovidos na minha cidade, fossem carnavalescos ou não, se realizavam em casas residenciais, geralmente nas mais espaçosas, para que os foliões pudessem brincar mais livres e descontraídos. Três residências se enquadravam nesse quesito: a de Paulo Bogéa, meu avô, na Praça da Cruz, a de Wady Fiquene, na Rua do Egito, e a de Bento Nogueira da Cruz, na Rua do Sol. Havia um rodízio entre elas. Nessas espaçosas e confortáveis moradias, cedidas sem ônus pelos proprietários, com varandas amplas e salas arejadas, as famílias itpacuruenses encontravam o ambiente ornamentado e propício para brincar um carnaval à base de muito confete e serpentina.

A organização das festas de Momo cabia a uma comissão, que cuidava da programação e do levantamento das despesas, estas, bancadas pelas famílias mais influentes da cidade. Os bailes não passavam de três, sendo dois noturnos, no domingo e na terça-feira, dedicados aos adultos, e uma vesperal, na segunda-feira, oferecida aos jovens e às crianças. As noitadas começavam por volta das 20 horas e quando os relógios passavam da meia-noite, já se prenunciava o momento de acabar a festa.

Os brincantes geralmente compareciam fantasiados. As fantasias das mulheres, preferencialmente os dominós, não eram luxuosas e nem provocantes. Pontificavam pela sobriedade e singeleza, traços marcantes de uma sociedade conservadora.

O que fazia sucesso e seduzia os homens eram os lança-perfumes, comumente chamados de rodós, produtos importados e livremente permitidos pelas autoridades policiais e ainda não estigmatizados como drogas.

Abdala Buzar, meu pai, levava para os bailes dezenas de caixas de rodó, para prazerosamente lançá-los nos olhos das pessoas que ficavam dentro e fora dos bailes. Ele priorizava as mulheres que se acotovelavam no chamado “sereno” da festa, de onde e com os olhos atentos, espionavam os foliões que tentavam burlar as regras da moral itapecuruense, que, no dia seguinte, transformavam-se em futricas e ganhavam repercussão por causa do boca a boca.

A animação musical da festa era entregue ao maestro Joaquim Araújo, encarregado de recrutar e ensaiar os músicos da cidade para que nos bailes se mostrassem afinados e aptos à execução de sambas e marchas conhecidas, fáceis de cantar e sem duplo sentido, tais como Aurora, Chiquita Bacana, Jardineira, Lero lero, Nós os carecas, O teu cabelo não nega, Zé Pereira, Pirata da perna de pau, Tem gato na tuba, Taí, Tomara que chova, Daqui não saio, Cordão dos puxa-sacos, Linda morena e Touradas em Madri.

Nas noitadas carnavalescas, consumiam-se bebidas quentes- vermutes, martinis e conhaques, e frias- cervejas e refrigerantes. Bebidas refinadas, tipo whisky, nem pensar. Ninguém ficava de porre.

Além dos “bailes de primeira”, assim chamados por reunir a elite da cidade, não devem ser esquecidos os “bailes de segunda e de terceira”. Os “bailes de segunda”, freqüentados também por famílias, mas discriminadas por causa da cor da pele e da renda, realizavam-se na casa do marceneiro Bruno Guterres e animados pela banda musical do maestro Pedro Maranhão. Os “bailes de terceira” eram promovidos nas casas voltadas para a prostituição, sendo as mais famosas as pensões da Apolônia e de Maria de Taxoxa, animados pelos músicos Joca Aranha e Sinhô do Costa.

Quanto ao carnaval de rua, brilhava pela espontaneidade e participação popular. As brincadeiras concentravam-se na Praça da Cruz e giravam em torno de grupos que se organizavam em blocos ou formavam as batucadas. Havia os blocos de homens e de mulheres, que desfilavam com roupas simples e coloridas, e bailavam ao som dos instrumentos de percussão. Os blocos não deixavam de cumprir uma antiga tradição carnavalesca: entravam nas residências particulares, onde eram festivamente recebidos e aos seus integrantes serviam-se lanches e bebidas, de preferência, as alcoólicas.

Além dos blocos e das batucadas, outras figuras também chamavam as atenções da comunidade, que se acotovelava nas ruas e praças desde as primeiras da tarde: os mascarados, solitários ou agrupados. As crianças corriam atrás deles com o propósito de identificá-los.

Não posso terminar esse relato sem falar de uma figura humana que se constituía em atração no carnaval de Itapecuru : o comerciante e político Abdala Buzar. Chovesse ou fizesse sol, vestia-se de mulher e entrava nas casas dos amigos e correligionários para banhá-los de pó. Ninguém se zangava. A casa paroquial era parada obrigatória, para uma visita carinhosa ao padre José Albino Campos, que o recebia fraternalmente. Certa feita ali encontrou o arcebispo do Maranhão, dom José Delgado, seu dileto amigo. Não titubeou em cobri-lo literalmente de pó, fazendo a batina preta mudar de cor e ficar branca. O prelado reagiu a tudo aquilo com risos e alegria.



quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

NEWTON NEVES



         


Jucey Santana

       Newton de Carvalho Neves nasceu em Codó no dia 14 de fevereiro de 1896, e faleceu no dia 16 de março de 1975. Filho de Raimundo Coriolano Ferreira Neves, pecuarista, comerciante e político e de Amélia Dejanira de Carvalho Cantanhede Neves.

Seu pai determinou que ele fosse o padre da família. Quando ele completou  nove anos o encaminhou ao internato  Ateneu Piauiense, em Teresina; de lá foi para um Seminário em Fortaleza e  em  1917  para o Seminário Santo Antônio em São Luís (MA), onde se ordenou  em dezembro de 1918.
O Padre Newton Neves

Iniciou sua missão pastoral como capelão da Escola de Catequistas e Casa dos Expostos da Paróquia de São Pantaleão.  Foi vigário das paróquias de São João Batista; Itapecuru Mirim, Araioses e Tutoia. 

Em Itapecuru Mirim viveu o maior conflito pessoal de sua vida. Apaixonou-se pela jovem Guilhermina Nogueira da Cruz (Sinhá). E, para não trair seus votos sacerdotais, pediu ao seu confessor a transferência da paróquia, sendo encaminhado para Tutóia em 1923. Se se sentindo dividido entre o amor à sua igreja e à itapecuruense e pressionado pela família desta, retornou a Itapecuru Mirim em 1924, e em outubro de 1925 casou-se com jovem Gulhermina. Foi expulso da igreja, perseguido e excomungado.

Sofreu muito com o preconceito da população e a  rejeição por parte da Igreja tendo de suportar problemas de todas as ordens,  principalmente  financeiro. Graças a alguns comerciantes, especialmente os libaneses, com visão menos radical sobre a questão religiosa, os quais encaminharam seus filhos para estudar com o padre Newton. 

O Professor Newton Neves

Iniciou sua escola na casa do sogro Bento Nogueira da Cruz (no local onde atualmente é a residência do médico Miguel Lauande). Em 1925 fundou o teatro São José, e em 2 de abril  de 1926, fundou o  Instituto Rio Branco, (no local da Igreja Assembleia de Deus na Av. Gomes de Sousa). O Instituto  se tornou a maior referência educacional na região.   Em 1935 mudou-se para São Luís, transferindo a direção do  Instituto ao professor e jornalista João da Silva Rodrigues. Na Capital, fundou no mesmo ano o Instituto São José, internato e externato,  que dirigiu até 1942. 

Em São Luís, lecionou nos seguintes colégios: Arimatéa Cisne, Ateneu Teixeira Mendes, Instituto Rosa Castro, Centro Caixeiral, Academia do Comercio, Colégio de São Luís, Instituto Alves Cardoso e Liceu Maranhense. Foi professor das seguintes disciplinas: português, matemática, francês, literatura,  história, geografia, latim e filosofia. 

De 1942 a 1943 foi nomeado prefeito de São José dos Matões pelo interventor, Dr. Paulo Ramos.  Retornou a Capital para assumir a Diretoria do Serviço de Economia Agrícola onde ficou até 1945. E continuou lecionando em São Luís.

             Nomeado diretor de Educação do Estado, teve como   missão  a expansão da rede educacional em todo o Estado. Fundou e organizou muitas escolas da Campanha Nacional de Educandários Gratuitos. Na Capital fundou o Colégio Getúlio Vargas e o Colégio Rio Branco;  em  Colinas o Instituto Paulo Ramos;  em Coroatá o Colégio Viriato Correa, em Itapecuru Mirim o Ginásio João Lisboa; em  Imperatriz o Ginásio Bernardo Sayão, e outros estabelecimentos de ensino em Rosário, Viana  e Dom Pedro. 

 A professora Ariceya Moreira Lima da Silva, diretora da Campanha Nacional de Escolas da ComunidadeCNEC, em seu pronunciamento durante a inauguração do Colégio Getúlio Vargas, no bairro  Lira, citou:

O Professor Newton Neves é um idealista, planta escola movido pela bondade e pela educação, deixando por onde passa, a sombra da cultura para abrigar os jovens do  hoje e do amanhã. Possui uma rara, autêntica e extraordinária   vocação de mestre.      

De 1953 a 1954, a convite do prefeito de São Luís, Eduardo Viana Pereira, foi secretario de Educação do Município, sempre tendo por meta a expansão e melhoria do ensino para,  preparar os jovens para o futuro, dizia o mestre. 

No campo cultural e familiar

            Fez parte da equipe redacional dos jornais, O Globo, O Imparcial e O Combate, escrevendo inúmeras crônicas em defesa da educação, da família, da religião e crítica política. 

            No campo da cultura, além do teatro e literatura  dedicou-se também à música. Era exímio tocador de flauta,  deixando como legado   o livreto de cantos litúrgicos,  Lira Cristã, (1953),  e uma grande quantidade  de peças musicais resgatadas  durante o trabalho de pesquisa  do padre João Mohana que  teve como resultado a publicação do  livro A Grande Música do Maranhão, (1974).  Compôs músicas sacras e populares. Muitas das suas partituras se encontram tombadas no acervo do Arquivo Público do Estado do Maranhão. Deixou um livro inédito, Estudos de Português e Minhas Epístolas.

            Durante toda a sua vida escreveu a Roma, implorando que lhe fosse retirada a excomunhão e a liberação dos votos sacerdotais para enfim receber a bênção sacramental no seu matrimônio.  Somente em 1944 a igreja se manifestou, de forma radical, exigindo que o mesmo se separasse  da esposa, por estar “vivendo em pecado”.  Fiel à orientação dos dogmas eclesiásticos, separou-se da família que voltou para Itapecuru Mirim. Ele escreveu em seu diário: “Eu Newton de Carvalho Neves, em 6 de março de 1944, por motivo de ordem espiritual, me separei de Guilhermina Nogueira Neves”. Este episódio marcou a vida do grande mestre. Talvez por ser tão honesto e íntegro, entrou em grande conflito espiritual. Questionando seus valores morais, familiares e religiosos. 

            Viveu afastado dos familiares durante cinco anos, dedicado exclusivamente ao trabalho, exilado na Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos em São Luís, onde viveu duras penitências, adquirindo uma grave enfermidade, sendo resgatado pela esposa e filhos, a conselho médico. A igreja retirou-lhe a excomunhão, permitindo-lhe o casamento somente em 1965, depois de 40 anos de espera. O consórcio religioso ocorreu  em 21 de outubro de  1965, em São Paulo. 

Teve onze filhos: José Raimundo, José Bento, José Cândido, José Trajano, José Edgard, José Newton, Maria Amélia, Maria Raphinha, Maria Rita, Maria Judith e Maria do Carmo.  Faleceu em 16 de março de 1975.

         O professor Newton Neves fez do ensino e da cultura um sacerdócio, iluminador de mentes. A AICLA reconheceu-lhe os méritos e o imortalizou como patrono da cadeira nº 36.

 Do livro ITAPECURUENSES NOTÁVEIS (2016) pag. 145 de autoria de Jucey Santana

domingo, 19 de fevereiro de 2017

O DESAPARECIMENTO DO GOMES DE SOUSA


    

Benedito Buzar

O Governo do Estado e a Prefeitura Municipal de Itapecuru-Mirim assinaram um termo de cooperação técnica e financeira com vistas à municipalização do ensino fundamental.
Pelo convênio, o governo transferiu ao município a gestão de imóveis, matrículas de alunos e recursos financeiros para a manutenção das escolas que faziam parte de sua estrutura organizacional.

No bojo desse convênio, uma triste notícia para os itapecuruenses: o desaparecimento do Grupo Escolar Gomes de Sousa, que ao longo de oitenta anos, prestou inestimáveis e relevantes serviços à comunidade, educando numerosas gerações e possibilitando o ingresso de dezenas de alunos em estabelecimentos de nível médio e superior de onde saíram qualificados para o mercado de trabalho.

Para quem nasceu e viveu em Itapecuru, o triste fim dado àquela tradicional unidade escolar foi inesperado, brutal e injustificável, ainda que o Governo do Estado e a Prefeitura procurem explicá-lo como uma iniciativa benéfica para a gestão dos negócios educacionais.

Ao tomar conhecimento da decisão que culminaria na eutanásia do Grupo Escolar Gomes de Sousa um sentimento de revolta e de inconformismo apoderou-se de mim, a ponto de levar-me à Secretaria de Educação do Estado, onde além de registrar repúdio ao convênio, também, ofereci alternativas para salvar aquela importante unidade de ensino.

De nada adiantaram os meus argumentos como filho de uma cidade que se orgulhava de contar com um dos mais importantes estabelecimentos de ensino do interior do Estado do Maranhão, onde estudaram figuras humanas que se tornaram importantes em diversas atividades do setor público ou privado.

Para mim, o desaparecimento do Grupo Escolar Gomes de Sousa representa um terrível golpe, que não sei como superá-lo diante do significado que teve na minha formação educacional e de ser concluído e inaugurado pelo meu saudoso pai – Abdala Buzar Neto, quando exerceu o cargo de prefeito nos idos de 1946.

Registra o Diário Oficial do Estado do Maranhão que o Grupo Escolar Gomes de Sousa passou a ter vida legal em Itapecuru em junho de 1933, por iniciativa do coronel-comandante do 24º Batalhão de Caçadores, Álvaro Jansen Serra de Lima, que, na interinidade do cargo de interventor federal, assinou o decreto nº 457, transferindo-o da cidade de Carolina para a de Itapecuru, com base na proposta da diretoria-geral da Instrução Pública estadual.

Por falta de prédio próprio, o então prefeito de Itapecuru, José Paulo Pinheiro Bogéa (meu avô), conseguiu, como solução provisória, que o “coronel” Bento Nogueira da Cruz cedesse uma casa de sua propriedade, ampla e com muitas salas, localizada na antiga Rua da Passagem, mais tarde transformada na Avenida Gomes de Sousa, para ali instalar o Grupo Escolar.    
               
Com o passar dos anos, a casa onde funcionava o Grupo Escolar, em função do crescente número de matrículas, tornou-se inadequado, limitado e sem condições de atender à demanda do alunado.

As professoras, todas normalistas, e a comunidade começaram a pressionar e a reivindicar dos prefeitos ações junto ao governo do Estado, objetivando a construção na cidade de um prédio próprio e ajustado à nova realidade educacional do município.

Em 1943, na gestão de Bernardo de Matos, a prefeitura conseguiu do interventor Paulo Ramos recursos para a viabilização do projeto que dotaria a cidade de um prédio moderno onde o processo ensino-aprendizagem pudesse apresentar melhor rendimento.

Mas, em outubro de 1945,  por causa da implosão do Estado Novo, da renúncia do interventor Paulo Ramos e da demissão do prefeito Bernardo de Matos, a construção do Grupo Escolar foi interrompida.

A reativação da obra deu-se com a implantação do governo de transição, que conduziu o empresário Saturnino Belo à interventoria do Maranhão, e o comerciante Abdala Buzar à prefeitura de Itapecuru.

Para não frustrar a comunidade e não deixar que a obra caísse no esquecimento, o prefeito Abdala Buzar conseguiu do interventor a liberação de recursos suficientes para a conclusão do Grupo Escolar Gomes de Sousa, que, depois de sete meses de intenso e acelerado trabalho, nos meados de novembro de 1946, foi festivamente inaugurado.

Como se não bastasse esse fato, auspicioso e emblemático para este escriba, guardo na memória esta singela singularidade: nele fui alfabetizado e estudei os cinco anos do curso primário.

Com orgulho e honra, proclamo em alto e bom som, que fiz parte das primeiras turmas do novo colégio, onde pontificavam professoras competentes e dedicadas, que se entregavam de corpo e alma ao ofício sublime do magistério.

Mestras do quilate de Maria Celestina Nogueira da Cruz (Celé), Anozilda dos Santos Fonseca (Santinha), Teotônia Sanches Ewerton (Tusa), Maria das Dores Tavares (Sinhá) e outras marcaram não só a minha vida, mas também a de numerosos colegas de geração, que delas receberam lições e exemplos edificantes e serviram de balizamento para a nossa formação humana, ética e profissional.     
   
O ensino adotado e transmitido pelas professoras do Grupo Escolar Gomes de Sousa era de tal modo completo, fecundo e rico que dava ao alunado base suficiente para aprovação nos exames de admissão ao curso ginasial em qualquer colégio de São Luís.

Eu, por exemplo, em 1950, à falta de ensino secundário em Itapecuru, fui levado a São Luís para fazer o exame de admissão ao ginásio no Colégio dos Irmãos Maristas.

Passei direto e bem classificado em razão primordialmente do excelente curso primário ministrado no Grupo Escolar Gomes de Sousa, ao qual devo boa parte do meu sucesso profissional e intelectual, pois nele vivenciei atos e condutas exemplares e aprendi lições de vida que forjaram a minha personalidade.