Benedito
Buzar
Poucos os prefeitos eleitos em outubro de 2016 e
empossados em janeiro de 2017, que não se queixam de haver recebido dos
antecessores uma carga pesada de dívidas e de descalabros administrativos.
Da herança maldita deixada nas prefeituras,
inobstante as advertências e as penalidades anunciadas pelos órgãos
fiscalizadores das contas públicas, os ex-prefeitos, entre tantas mazelas,
desponta o não recolhimento das contribuições previdenciárias e fiscais, fato
que resultou em bloqueio dos repasses do Fundo de Participação dos Municípios.
Na minha cidade, o ex-prefeito – considerado o mais
irresponsável que Itapecuru já teve em todos os tempos – deixou os cofres da
prefeitura literalmente vazios, desviou dolosamente os recursos destinados ao
município, não pagou o funcionalismo e os fornecedores e ainda entregou a urbe
em estado de deplorável sujeira.
As irregularidades e as ilegalidades praticadas
pelo ex-gestor, que se diz evangélico, foram tão gritantes e
estapafúrdias, que obrigaram o atual prefeito, Miguel Lauande, a fazer
uma “Carta Aberta à População de Itapecuru”, na qual expõe de forma clara e
direta a situação que recebeu do antecessor, toda ela permeada de distorções,
descalabros e desonestidades.
Vejam o que Miguel Lauand herdou: 1) débito de
vinte milhões de reais com o INSS, pelo recolhimento de informações erradas
quanto ao número de servidores municipais; 2) inadimplência que o impede de
tirar certidão negativa de débito junto à Receita Federal, INSS ou FGTS; 3)
firmar convênios ou parcerias com organismos públicos e privados;
4) dívidas com o Banco do Brasil e a Caixa Econômica , em torno de cinco
milhões de reais, referentes a empréstimos consignados de pagamentos dos
servidores, descontados e não repassados; 5) débitos volumosos com a Cemar e
Caema; 6) precatórios não cumpridos; 7) centenas de processos que
tramitam na Justiça Comum e na Justiça do Trabalho.
Além dessas irresponsabilidades, a situação de
terra arrasada nas áreas da Educação e da Saúde com o transporte
escolar sucateado, as escolas da zona urbana e rural destruídas, postos
de saúde sem remédio e material necessário para atender à população.
Com base nesse dantesco quadro, o prefeito pede a
compreensão do povo itapcuruense pelo fato de a prefeitura, este
ano, não bancar o tradicional e alegre carnaval, considerado um dos melhores do
interior maranhense, que “além de proporcionar diversão, dinamiza a economia e
aquece o comércio da cidade”.
O gesto do prefeito de Itapecuru, pela coragem de
denunciar o antecessor e de mostrar a triste realidade do município, só merece
elogios e deveria ser imitado por tantos outros que estão na mesma situação.
Quem sabe, assim, as coisas mudassem e os gestores municipais criassem mais
juízo e deixassem de ser corruptos e irresponsáveis.
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