sábado, 30 de julho de 2016

MENSAGEM


 


                                     

                            À Bertulino Campos


Por: Maria Sampaio

Eu mandei anunciar,
Meu vaqueiro é hora, é hora,
Eu tenho o meu canário preso
Quando ele canta todo mundo chora.

Quando eu fiz esta toada
Pensando no meu destino,
Oferecendo ao cantador,
Que se chama Bertulino.

Bertulino e o canário
Eita... Canário cantador!
Nesta Itapecuru,
 Já demonstrou o seu valor.

Juventude, vai em frente,
Que chegou a  tua vez,
Vamos então, valorizar
Fazer o que Bertulino fez.

Quando Bertulino cantava
Fezia o povo  chorar,
O canário que estava preso.
Agora vai se libertar.


Maria das Mercedes Sampaio de Menezes é folclorista,  poetisa popular,
compositora e membro da Academia Itapecuruense de Ciências Letras e Artes.

quinta-feira, 28 de julho de 2016

AML comemora os 146 anos da cidade de Itapecuru-Mirim





Com a presença de acadêmicos de diversos municípios   a Academia Maranhense Letras celebrou no dia 20 de julho  o aniversário de elevação da antiga Vila à categoria de cidade, em 1870, tornando-se um centro irradiador de cultura no Maranhão.

A Academia Maranhense de Letras (AML) acadêmicos de diversos municípios do estado na cidade de Itapecuru-Mirim, localizada a 108 quilômetros de São Luís, para celebrar o aniversário de 146 anos da elevação da vila em cidade. Durante a passagem pela cidade, os acadêmicos visitaram diversas entidades culturais e educacionais do município, conheceram projetos desenvolvidos e lançaram propostas de desenvolvimento da cultura itapecuruense. O aniversário de elevação de Itapecuru à categoria de cidade é celebrado hoje, 21 de julho.


O encontro de academias de letras de municípios maranhenses foi organizado pela AML, por meio do seu presidente, o jornalista e escritor Benedito Buzar, que é itapecuruense. Na cidade, os membros da AML e das academias de letras de São Luís, Brejo, Viana, São Bento, Anajatuba, Arari, Vitória do Mearim e membros da Academia Ludovicense de Letras foram recepcionados pela Academia Itapecuruense de Ciências, Letras e Artes (Aicla).


A visita dos acadêmicos começou pela Casa de Cultura Professor João Silveira, onde são desenvolvidos diversos projetos artísticos. Na entidade, foram visitadas a sala de pintura, a galeria de jornais e a galeria onde é contada a história da cidade. “Aqui temos alunos que passam meio período ou período integral participando das oficinas que acontecem na Casa de Cultura, evitando que eles ficam ociosos e possam desenvolver seus talentos artísticos”, explicou Jucey Santana, coordenadora da Casa de Cultura e presidente da Academia Itapecuruense de Ciências Letras e Artes. 


Na galeria onde é contada a história da cidade de Itapecuru-Mirim, o presidente da AML, Benedito Buzar, destacou que mais importante que a elevação para a categoria de cidade foi a fundação da Vila de Itapecuru-Mirim. “A cidade não movimentou tanto os moradores, mas a fundação da vila, sim. O rei [Dom João VI] recebeu diversas cartas da população pedindo que a Vila fosse criada”, afirmou. No local, há imagens de personalidades itapecuruenses, entre eles o fundador da Vila, uma réplica da lei provincial que elevou a Vila à categoria de cidade, a pedra fundamental doada por Luís Alves de Lima e Silva, o futuro Duque de Caxias, para a construção da igreja da cidade, que nunca ocorreu, entre outros itens que contam a história de Itapecuru-Mirim.


Benedito Buzar lamentou ainda a ausência do poder público nas celebrações dos 146 anos da cidade e frisou a importância cultural e histórica de Itapecuru-Mirim para o Maranhão. “A cidade é um centro irradiador de cultura no estado, sobretudo, nas artes plásticas e na música. Além disso, foi em Itapecuru-Mirim que começou todo o movimento de adesão do Maranhão à independência do país, quando dia 20 de julho de 1823 foi formada a primeira junta governativa do estado, com sete membros, sendo quatro da cidade e três de São Luís, quando em 28 de julho foi celebrada a solenidade que oficializou a adesão, mas o movimento começou de fato aqui”, informou.

Memória da cidade

Após a visita à Casa de Cultura Professor João Silveira, os acadêmicos seguiram para o Centro de Ensino Professor Newton Neves, onde conversaram com professores. O acadêmico da AML, Luiz Phelipe Andrès, falou da importância de valorizar a memória da cidade. “A perda do costume de comemorar o aniversário da cidade tem um efeito negativo para a juventude que acaba desconhecendo sua história”, declarou e sugeriu que se comece desde já a organização das celebrações dos 150 anos da cidade de Itapecuru-Mirim, em 2020.


Durante a visita à escola, o   membro da Academia de Letras de Brejo, Roque Macatrão, disse que comemorar o aniversário de Itapecuru-Mirim reunindo os membros das academias de outros municípios é uma forma de fortalecer a cultura maranhense. “Sobretudo quando são reunidas as academias mais antigas existentes no estado. Esta ação que precisa ser levada a outras cidades para fortalecer nossa história”, disse.

Da escola, a comitiva de acadêmicos visitou a sede do Jornal de Itapecuru e depois a Biblioteca Municipal Benedito Bogéa Buzar, onde foi inaugurada uma galeria com fotos de ilustres itapecuruenses, produzida por alunos do curso de desenho da Casa da Cultura. “Esse é um momento histórico para o Maranhão, pois estão reunidas diversas academias de letras e isto representa uma oportunidade de conhecermos as demais cidades do estado e trocarmos conhecimentos que aprimorem a pesquisa sobre a história do estado”, comentou durante a ocasião João Francisco Batalha, membro da Academia Arariense/Vitoriense de Letras. 



A visita terminou na Associação de Proteção e Assistência ao Condenado (Apac) da cidade. “Não fossem pelos crachás de identificação não teríamos como saber que vocês são internos e isso significa que somos todos iguais, todos seres humanos. Eu já fui promotora de Justiça aqui em Itapecuru e fico muito feliz em ver que este tipo de trabalho está sendo desenvolvido aqui”, afirmou Fátima Travassos, membro da Academia Vianense de Letras.



A unidade é destinada à ressocialização de apenados por meio de atividades educacionais, artísticas e culturais. Durante a visita à unidade os acadêmicos conversaram com os internos e conheceram o trabalho desenvolvido.


Fundação de Itapecuru-Mirim

Do ponto de vista cronológico, a primeira manifestação da Coroa de Portugal, com relação às povoações situadas na ribeira do rio Itapicuru, ocorreu, em 1630. O segundo passo dado pela Corte para dotar a povoação de uma estrutura mais organizada foi em 25 de setembro de 1801, quando foi criada a Freguesia de Itapecuru-Mirim. 

A terceira etapa, que representou a evolução administrativa da povoação, então conhecida como Arraial da Feira, para transformá-la em vila aconteceu em 20 de novembro de 1818. Enquanto vila, Itapecuru-Mirim teve papel importante em dois momentos relevantes da história do Maranhão: nas lutas pela Independência do Brasil e na Guerra da Balaiada. No dia 21 de julho de 1870 a vila foi elevada à categoria de cidade por meio da Lei Nº 919, votada e aprovada pela Assembleia Legislativa Provincial e sancionada pelo presidente da província, José da Silva Maya.
 
Casa de Cultura 

A Casa de Cultura Professor João Silveira funciona na antiga Cadeia Pública de Itapecuru-Mirim, após recuperação do imóvel durante a década de 1990. No local, ficou preso Cosme Bento das Chagas, o Negro Cosme, o líder da Balaiada, revolta ocorrida no Maranhão entre os anos de 1838 e 1841 contra a violência policial da época.