Por: Juvenal Nascimento
Dentro
do peito guardo a minha Terra,
Assim,
como se guarda avaramente,
Insondável
tesouro em que se encerra
A
mais bela das gemas encontradas
Em
meio às urzes – palmilhado ingente –
Nas
longas e difíceis caminhadas.
Na
história dessa gente abençoada,
Há
dramas, alegrias e comédias,
Como,
também, há lutas e tragédias,
A
comtemplar-se em grande revoada,
Quais
andorinhas, alto esvoaçando,
A
festejar o tempo perpassando.
No
ritmo de vidas esplendentes
Há
galardões imensos no arrebol
Dos
muitos que passaram; dessas gentes,
Cuja
honra tenaz ainda reboa,
Ora
como o luzir de uma coroa,
Ora
como o fulgir de um lindo sol.
Eis
que um jorro de Luz – Luz ofuscante –
Da
velha Europa as glórias eternais,
Ultrapassa
o fulgor tonitruante.
Foi,
com certeza, exuberante cousa,
O
gênio, a fama, o brilho, colossais,
Desse
Filho ideal – Gomes de Sousa!
Na
grandeza, de um astro, de primeira,
Que
o jornalismo máximo apregoa,
Existe
a voz impávida, altaneira,
Da
pena modelar de João Lisboa,
No
seu Tímon, que dardejando a luz,
A
nossa geração ainda conduz.
Quando
devo trazer à Luz rima,
Os
louros desse filho, também nato,
Da
Terra em que nasci tudo me anima,
A
cantar e exaltar talento e veia,
Das
Letras Brasileiras – Viriato –
Que
eternizou, em glórias, os Correia.
Ergo
sublime a taça deste encanto,
A
brindar com respeito e devoção,
O
talento invulgar de um beletrista;
De
um portento cultor – de um estilista –
Dessa
Terra: é José Sampaio Simão,
O
General, que me inspira este canto.
Todo
um sonho de amor e de beleza
Houve
sempre por bem enaltecer
O
valor deste filho um – Menestrel –
Um
doce sabiá do entardecer –
A
rimar dessa Gleba a natureza,
Em
versos magistrais – Hermes Rangel.
Tudo
encanta o viver de minha Terra
Através
desses grandes que deixaram
Policromia
réstia que conduz
Ao
mundo da poesia e ali descerra
Os
belos versos que imortalizaram
A
poetiza Mariana Luz.
Assim
se multiplicam muitos filhos,
A
honrar o fulgor de minha Terra.
É
aqui Tiago Ribeiro, o professor,
De
jovens; esperança que se encerra,
No
paladino esforço promissor,
Rompendo
a velha guarda dos empecilhos.
No
magistério, tantas gerações,
Fluíram
certo, um magno esplendor,
E
quantas almas, de nobreza e amor,
Tenho
a exaltar – e disto não me fujo
Na
competência e grandes gerações
Das
professoras Santos e Araujo.
Nos
pródomos dos grandes vicejaram
Muitas
e muitas frondes farfalheiras,
Quando
frutos ótimos sazonaram
No
sangue vigoroso dos Nogueiras.
E
assim cresceram filhos dedicados,
Aumentando
o valor dos já passados.
Dentre
os vultos e nomes do alicerce
Desse
Itapecuru-Mirim querido,
E
de notar-se outro que merece
Engrandecer
e honrar com mais um elo
A
esse povo jamais, nunca esquecido.
Ei-los
quem são: os Bandeira de Melo.
Recordo
bem, eu era ainda mocinho,
Quando,
em noites saudosas, a cismar,
Ouvia-se
um cantor – não eram raros,
Era
a voz tão bonita do Daminho,
Erguendo,
em honras lindas de luar,
A
simpatia e o nome dos Sitaros.
Os
derradeiros sons – quanto se ouvira,
Ainda
reboam longe, em soledade,
Do
mavioso canto!... E foi Zulmira
Fonseca,
alegre espirito de escol.
Recordo
sempre ... e sempre com saudades...
A
voz desse bondoso Rouxinol.
É-me
grato cantar a minha Terra,
Revendo
a história e a fama desses sóis
Que
tantos louros sua vida encerra.
Recordar
é viver, a recordar,
Sinto
na alma o esplendor dos arrebóis
De
tanta luz em lindo espadanar!
Perdoa,
ó minha Gleba, se este canto,
Não
corresponde ao tanto que devia;
Se
porventura omisso, assim, pequei!
Tudo
fiz, com certeza, entretanto,
Para
dar-te o melhor que possuía,
De
coração rimado o que rimei!
Há
de bastar-me como ingente gôzo,
Ver
tanta gente que te honrou profundo,
Eternizada
nestes versos meus;
Há
de ser minha voz, de alguém ditoso,
Ao
menos pela sorte, neste mundo,
De
ter sido menor dos filhos teus.
Do
livro Castália Iluminada do itapecuruense Juvenal Nascimento Araújo (1968). O autor é patrono da cadeira nº, 15 da
Academia Itapecuruense de Ciências Letras e Artes.
Um belo canto de amor à nossa Itapecuru-Mirim e seus imortais. Obrigada Jucey, por desvendar nossos autores conterrâneos para as novas gerações!
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