Com a
presença de acadêmicos de diversos municípios
a Academia Maranhense Letras
celebrou no dia 20 de julho o aniversário
de elevação da antiga Vila à categoria de cidade, em 1870, tornando-se um centro
irradiador de cultura no Maranhão.
A Academia Maranhense de Letras (AML) acadêmicos de
diversos municípios do estado na cidade de Itapecuru-Mirim, localizada a 108
quilômetros de São Luís, para celebrar o aniversário de 146 anos da elevação da
vila em cidade. Durante a passagem pela cidade, os acadêmicos visitaram
diversas entidades culturais e educacionais do município, conheceram projetos
desenvolvidos e lançaram propostas de desenvolvimento da cultura itapecuruense.
O aniversário de elevação de Itapecuru à categoria de cidade é celebrado hoje,
21 de julho.
O encontro de academias de letras de municípios
maranhenses foi organizado pela AML, por meio do seu presidente, o jornalista e
escritor Benedito Buzar, que é itapecuruense. Na cidade, os membros da AML e
das academias de letras de São Luís, Brejo, Viana, São Bento, Anajatuba, Arari,
Vitória do Mearim e membros da Academia Ludovicense de Letras foram
recepcionados pela Academia Itapecuruense de Ciências, Letras e Artes (Aicla).
A visita dos acadêmicos começou pela Casa de
Cultura Professor João Silveira, onde são desenvolvidos diversos projetos
artísticos. Na entidade, foram visitadas a sala de pintura, a galeria de
jornais e a galeria onde é contada a história da cidade. “Aqui temos alunos que
passam meio período ou período integral participando das oficinas que acontecem
na Casa de Cultura, evitando que eles ficam ociosos e possam desenvolver seus
talentos artísticos”, explicou Jucey Santana, coordenadora da Casa de Cultura e
presidente da Academia Itapecuruense de Ciências Letras e Artes.
Na galeria onde é contada a história da cidade de
Itapecuru-Mirim, o presidente da AML, Benedito Buzar, destacou que mais
importante que a elevação para a categoria de cidade foi a fundação da Vila de
Itapecuru-Mirim. “A cidade não movimentou tanto os moradores, mas a fundação da
vila, sim. O rei [Dom João VI] recebeu diversas cartas da população pedindo que
a Vila fosse criada”, afirmou. No local, há imagens de personalidades
itapecuruenses, entre eles o fundador da Vila, uma réplica da lei provincial
que elevou a Vila à categoria de cidade, a pedra fundamental doada por Luís
Alves de Lima e Silva, o futuro Duque de Caxias, para a construção da igreja da
cidade, que nunca ocorreu, entre outros itens que contam a história de
Itapecuru-Mirim.
Benedito Buzar lamentou ainda a ausência do poder
público nas celebrações dos 146 anos da cidade e frisou a importância cultural
e histórica de Itapecuru-Mirim para o Maranhão. “A cidade é um centro
irradiador de cultura no estado, sobretudo, nas artes plásticas e na música.
Além disso, foi em Itapecuru-Mirim que começou todo o movimento de adesão do
Maranhão à independência do país, quando dia 20 de julho de 1823 foi formada a
primeira junta governativa do estado, com sete membros, sendo quatro da cidade
e três de São Luís, quando em 28 de julho foi celebrada a solenidade que
oficializou a adesão, mas o movimento começou de fato aqui”, informou.
Memória da cidade
Após a visita à Casa de Cultura Professor João
Silveira, os acadêmicos seguiram para o Centro de Ensino Professor Newton
Neves, onde conversaram com professores. O acadêmico da AML, Luiz Phelipe
Andrès, falou da importância de valorizar a memória da cidade. “A perda do
costume de comemorar o aniversário da cidade tem um efeito negativo para a
juventude que acaba desconhecendo sua história”, declarou e sugeriu que se
comece desde já a organização das celebrações dos 150 anos da cidade de
Itapecuru-Mirim, em 2020.
Durante a visita à escola, o membro
da Academia de Letras de Brejo, Roque Macatrão, disse que comemorar o
aniversário de Itapecuru-Mirim reunindo os membros das academias de outros
municípios é uma forma de fortalecer a cultura maranhense. “Sobretudo quando
são reunidas as academias mais antigas existentes no estado. Esta ação que
precisa ser levada a outras cidades para fortalecer nossa história”, disse.
Da escola, a comitiva de acadêmicos visitou a sede
do Jornal de Itapecuru e depois a Biblioteca Municipal Benedito Bogéa Buzar,
onde foi inaugurada uma galeria com fotos de ilustres itapecuruenses, produzida
por alunos do curso de desenho da Casa da Cultura. “Esse é um momento histórico
para o Maranhão, pois estão reunidas diversas academias de letras e isto
representa uma oportunidade de conhecermos as demais cidades do estado e
trocarmos conhecimentos que aprimorem a pesquisa sobre a história do estado”,
comentou durante a ocasião João Francisco Batalha, membro da Academia
Arariense/Vitoriense de Letras.
A visita terminou na Associação de Proteção e
Assistência ao Condenado (Apac) da cidade. “Não fossem pelos crachás de
identificação não teríamos como saber que vocês são internos e isso significa
que somos todos iguais, todos seres humanos. Eu já fui promotora de Justiça
aqui em Itapecuru e fico muito feliz em ver que este tipo de trabalho está
sendo desenvolvido aqui”, afirmou Fátima Travassos, membro da Academia Vianense
de Letras.
A unidade é destinada à ressocialização de apenados
por meio de atividades educacionais, artísticas e culturais. Durante a visita à
unidade os acadêmicos conversaram com os internos e conheceram o trabalho
desenvolvido.
Fundação de Itapecuru-Mirim
Do ponto de vista cronológico, a primeira
manifestação da Coroa de Portugal, com relação às povoações situadas na ribeira
do rio Itapicuru, ocorreu, em 1630. O segundo passo dado pela Corte para dotar
a povoação de uma estrutura mais organizada foi em 25 de setembro de 1801,
quando foi criada a Freguesia de Itapecuru-Mirim.
A terceira etapa, que representou a evolução
administrativa da povoação, então conhecida como Arraial da Feira, para
transformá-la em vila aconteceu em 20 de novembro de 1818. Enquanto vila,
Itapecuru-Mirim teve papel importante em dois momentos relevantes da história
do Maranhão: nas lutas pela Independência do Brasil e na Guerra da Balaiada. No
dia 21 de julho de 1870 a vila foi elevada à categoria de cidade por meio da
Lei Nº 919, votada e aprovada pela Assembleia Legislativa Provincial e
sancionada pelo presidente da província, José da Silva Maya.
Casa de Cultura
A Casa de Cultura Professor João Silveira funciona
na antiga Cadeia Pública de Itapecuru-Mirim, após recuperação do imóvel durante
a década de 1990. No local, ficou preso Cosme Bento das Chagas, o Negro Cosme,
o líder da Balaiada, revolta ocorrida no Maranhão entre os anos de 1838 e 1841
contra a violência policial da época.
Fonte: O EstadoMA.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário